OS DESAFIOS DO ENFERMEIRO NO PARADIGMA...

Por Mauro Sérgio Soares Rabelo | 13/03/2017 | Educação

OS DESAFIOS DO ENFERMEIRO NO PARADIGMA: Cuidar e ensinar no ensino superior.

 

Audiária Fernandes Teixeira1

Orientador: Prof. Me. Mauro Sérgio Soares Rabelo2

 

 RESUMO: O docente em enfermagem atua como mediador nas situações problemas buscando aproveitamento e eficácia da aprendizagem dos discentes, surgiu interesse em investigar através de revisão bibliográfica qualitativa, seu contexto, no ensino superior e no cuidado, que gerou o questionamento: Quais os desafios do enfermeiro docente no paradigma cuidar e ensinar? Metodologias: foram analisados dados de bases acadêmicos da Biblioteca virtual da saúde e Base de Dados da enfermagem. Concluímos durante o curso superior o docente atua como o mediador onde o discente é confrontado com situações problema e deve intervir com ética e responsabilidade.

 Palavras-chave: enfermagem, ensino, educação, docente, ensino superior.

 

INTRODUÇÃO

Nesta reflexão observamos o paradigma cuidar e ensinar no ensino superior da enfermagem; analisando quais os desafios enfrentados na prática docente, para que os discentes alcancem a autonomia na sua atuação profissional, levando em conta o conhecimento empírico e cientifico adquiridos pelos alunos no decorrer da sua vida para contextualização através da interdisciplinaridade na construção do conhecimento em aula.

         A evolução histórica da enfermagem, era exercida da maneira empírica, sem conhecimento científico, por obras de caridade pelos religiosos, há relatos que os pajés das tribos indígenas já realizam os cuidados de seus doentes em suas aldeias, também foram percussoras as senhoras que sempre assistiam as mulheres em trabalho de parto. No Brasil o ensino em enfermagem evoluiu e modificou com o tempo, no início adotava - se o modelo de saúde-doença biologista hospitalar norte americano. Atualmente os cursos adotam o modelo ampliado do conceito de saúde, que foi fortalecido por mudanças sociais, e pelas mudanças nas diretrizes curriculares,preparando para compreender e atuar no Sistema Único de Saúde (SUS).

 Segundo SERRANO M. T. P et. Al. 2011 “o profissional desenvolve suas atividades baseadas em evidências científicas, por meio de referencial teórico, situação problema com a aplicação crítica, técnica e prática, atualmente o exercício profissional tornou-se dinâmico pelas inovações tecnológicas, mas o processo de cuidar continua indivisível único com o doente (paciente) sendo sujeito ativo”. Nesse sentido o cuidado humano considera os processos tecnológicos com suas inovações mas a raiz encontra-se no cuidar individualizado, considerando a especificidade de cada indivíduo.

Atualmente o ensino da enfermagem segue as diretrizes curriculares nacionais do ensino superior, também baseia-se em evidências cientificas e a sua pratica também circunda essa vertente, que constitui parâmetros reais para a assistência à saúde. Os cuidados no ensino da enfermagem envolvem saberes, valores, métodos e modelos que abrangem todo um contexto histórico, cultural e social da realidade da região.

A história do Brasil, mostrou mudanças sociais-culturais e a enfermagem acompanhou esse processo, no contexto educação e saúde, considerando sua interdependência intimamente ligados, com saúde, posso ter educação. De acordo com SILVEIRA C. A. e PAIVA S. M. A. 2011 a formação do enfermeiro está baseada em tendências políticas brasileiras de educação e saúde, tem adotado uma visão humanística e com propostas inovadoras, onde o profissional docente promove e incentiva as práticas interdisciplinares, com a transformação do pensamento, a partir da aquisição de conhecimento cientifico entrelaçando com a prática-técnica valores são transformados.

As inovações observadas no ensino acompanham o cotidiano contemporâneo de forma lenta, mas a impulsão para esse acontecimento está sendo a consolidação do SUS, em que surgiram necessidades de atender seus princípios e suas diretrizes, para atender a complexidade da proposta de saúde como um todo indivisível, universal, regionalizada e hierarquizada.

Segundo FERNANDES J. D et. Al. 2013 o ensino aprendizagem, teoria e prática-técnica com o cumprimento dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), onde vai atuar com a equipe, com o ensino inserido dentro dos serviços de saúde, tanto na esfera básica como na média e alta complexidade, está baseado no conceito ampliado de saúde, e deve atender a realidade local considerando as doenças epidêmicas da região. O Conhecimento cientifico trabalhado com os projetos de pesquisa, e a atividade de extensão que vai levar esse aprendizado para a comunidade fazendo haver transformação social a partir da atividade prática.

As ações dos profissionais de enfermagem são reguladas pela lei do exercício profissional 7.498, que também pontuam como características utilizadas no processo ensino aprendizagem no ensino superior em enfermagem, tanto nos cuidados clínicos como nas ações preventivas da Atenção Básica.

As diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em enfermagem define que a educação superior do enfermeiro generalista deve primar pelo desenvolvimento de competências e habilidades humanísticas, crítico-reflexivas nas dimensões biopsicossociais do ser humano denotando a sua práxis sendo de responsabilidade social, pela saúde do outro e de si mesmo (auto cuidado físico e mental), em busca da qualidade, eficiência e resolutividade com vidas humanas. BRASIL 2001

  1. PRÁTICAS DOCENTE DO ENFERMEIRO NO ENSINO SUPERIOR

 O ensino acompanhou a evolução da enfermagem com o decorrer dos anos, as práticas foram ampliadas em decorrência das mudanças do processo sócio-político, desde a criação da primeira escola de enfermagem no Brasil, foi adotado o modelo norte americano e com a constituição federal de 1988, onde foi consolidado o Sistema Único de Saúde (SUS), a educação em saúde voltou-se ao conceito ampliado de saúde com medidas de proteção, prevenção e recuperação da saúde.

A educação em enfermagem adota múltiplos processos para o cuidado, com o objetivo de ocorrerem transformações contínuas para tornar o discente crítico e reflexivo, acompanhando as mudanças no espaço histórico cultural da sociedade. De acordo com PEREIRA W.R. 2011,o cuidado em saúde na prática da enfermagem, leva ao pressuposto do fazer humano em sua essência, com interação, em cuidar compreendendo o outro, através da escuta, da percepção das angústias do paciente, a sensibilidade desenvolvida pelo profissional por suas atitudes, práticas, habilidades e valores.

Em referência ao papel do enfermeiro na educação, nos diz PEREIRA (2011) No contexto acadêmico, no qual se cruzam a saúde, educação e a enfermagem, o trabalho docente competente, crítico e sobretudo, reflexivo, pode se tornar uma práxis altamente instituinte”.

Nesse sentido a saúde compreende um estado de bem estar, em que para acontecer a educação, sendo necessário que se tenha saúde e a enfermagem, contribui para este fim estão intimamente ligadas proporcionando qualidade de vida.

O docente propõe ao estudante que compreenda a condição humana, pautando o ensino cientifico e o pensamento crítico, reflexivo, por métodos inovadores com a promoção da interdisciplinaridade tornando o conhecimento mais acessível para que possa realizar a assistência com ética e responsabilidade, o discente é o protagonista do seu aprendizado.

As dificuldades no ensino envolvem limites para docentes, discentes, trabalhadores e usuários por falta de equipamentos e estrutura estabelecida pela precariedade na rede pública de saúde. Esse entrave limita o ensino-aprendizado mas com comprometimento e ética o ensino transcorre na realidade prática de cada setor. De acordo com GUBERT E. e PRADO M. L, 2011

 Outra dificuldade no ensino permeia a formação técnica do docente, intimamente ligada ao cuidado, como atividade profissional. Também infere entre docência e assistência, nesse contexto o ensino relacionado com a prática de forma interdisciplinar voltando para a assistência, e a produção do conhecimento por disciplinas de maneira fragmentada, faz haver dificuldade na produção e modificação do conhecimento. Ou seja, essa produção dar-se a multidisciplinaridade onde há contextualização das disciplinas e das teorias intercalando o saber com a realidade prática da assistência. De acordo com GUBERT E. e PRADO M. L, 2011

            O Conselho Nacional da Educação (CNE) em 2001 instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de graduação em enfermagem, deve dotar conhecimentos para o exercício de competências e habilidades gerais e específicas a atenção à saúde, tomada de decisão, comunicação, liderança, educação permanente, educação em saúde, administração e gerenciamento. BRASIL 2001

O perfil profissional do formando enfermeiro generalista, humanista, crítica e reflexiva, preparado para o exercício da enfermagem com base no rigor cientifico e intelectual, pautado em princípios éticos, capaz de conhecer e intervir sobre os problemas de saúde-doença.BRASIL 2001

  1. METODOLOGIA PARA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO ENSINO SUPERIOR

Metodologias de ensino destacam-se duas linhas de pensamento que são a metodologia tradicional e a metodologia inovadora construtivista: Na metodologia tradicional incluía-se a tendência liberal tecnicista, onde o professor era o centro do conhecimento que apenas transmitia suas idéias e o aluno era apenas o objeto que recebia as informações sem direto de expressar a sua linha de pensamento.

Para a didática percebemos como primordial uma construção coletiva quebrando paradigmas no ensino tradicional. Segundo GUBERT et. Al 2011 Já na metodologia construtivista inovadora o docente utiliza métodos para que o conhecimento seja construído em conjunto. Os discentes tem o direito de expressar suas idéias, opiniões e seus conhecimentos prévios, adquirindo assim uma construção inovadora, elaborada por todos os atores.

O ensinamento provoca o despertar para o desejo de descobrir, inovar, aprimorar, para atuação profissional. De acordo com PEREIRA W. R. 2011 Os docentes atuam como sujeitos políticos onde formam a ligação entre o conhecimento teórico, técnico-prático em sala de aula, no estágio supervisionado, nos atendimentos aos pacientes, surgindo às competências formais, são responsáveis em provocar processos de mudanças, criando incentivos que possibilitam esse desenvolvimento, a sensibilização, juntamente com a empatia e comprometimento.

 O docente contemporâneo media o conhecimento através práxis e didáticas, onde considera o conhecimento prévio do aluno e constrói a sistematização metodológica considerando todos os atores, inclusive o paciente.

O enfermeiro educador traz inovações transformadoras que possibilitam uma aprendizagem eficiente.Através do seu conhecimento pedagógico,o docente deve proporcionar métodos de qualidade em sua prática educacional, dando ênfase no processo de ensino-aprendizagem através da interação professor-aluno, aluno-professor, aluno-aluno-professor, formando o elo de conhecimento teórico prático cientifico.(LINHARES, 2014, p17.)

 

 Com o objetivo de formar profissionais qualificados e aptos para exercer a enfermagem com eficiência diante das transformações sociais da realidade local dos alunos, através da educação em saúde, os discentes orientam os pacientes na prevenção de doenças e promoção da saúde.

A ação pedagógica busca transformar o aluno observando as necessidades sociais da região por meio de dados epidemiológicos, utilizando diversos recursos didáticos: metodologia expositiva, discussão de casos, aula prática em laboratório, aula prática clínica, visita técnica, seminário, debate com a classe, trabalho em grupo, aula prática de campo, exposição de vídeos e filmes educativos.(LINHARES, 2014, p24)

Analisando essas proposições o educador constitui grande relevância no ensino superior pois através da sua didática metodológica problematizada principalmente na prática inovadora,constrói o conhecimento cientifico a partir do empoderamento coletivo, na formação do enfermeiro, par alcançar a autonomia, no contexto crítico e reflexivo, para a prática generalista com as características humanísticas.

  1. A INTRODUÇÃO DO NOVO NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DO ENFERMEIRO NO ENSINO SUPERIOR

 Segundo ALMEIDA e SOARES, percebemos que para ter um novo olhar no exercício da profissão de enfermeiro, nos comenta:

A transmissão das informações de forma objetiva, integrada pela interdisciplinaridade,através do planejamento, execução e a avaliação de atividades e de ensino-aprendizagem, atingindo os saberes e competências exigidas, com a intenção de melhorar a qualidade da atenção individual e coletiva.(SOARES, 2011, p.2)

 A inovação concentra-se no pensamento reflexivo e na criatividade da tomada de decisão, preparar o enfermeiro generalista com o enfoque para saúde-doença com a aplicação dos princípios e diretrizes do SUS. Onde descreve seus princípios na lei 8.080, de setembro de 1990, lei orgânica saúde; Regula as ações e serviços de saúde executados isoladamente ou conjuntamente em caráter permanente ou eventual.

No contexto educacional observamos a busca do fazer cientifico no tripé da educação superior, contextualizando o ensino, extensão e pesquisa, onde as instituições tem inserido tanto nas iniciativas das produções de pesquisas, quanto nas práticas de extensão nas comunidades levando os acadêmicos para as práticas educativas sociais. Essas práticas necessitam serem ampliadas, devido proporcionarem subsídios para o crescimento profissional, e para a produção de conhecimento de utilidade pública.

Dentre os objetivos e atribuições do (SUS) estão: Assistência às pessoas por intermédio de ações de prevenção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais das atividades de serviços preventivos e curativos individuais e coletivos.

CONSIDERAÇÕES

Concluímos que os desafios do docente em enfermagem estão ligados a inserção do novo, ou seja, considerar a trajetória da enfermagem no ensino que modificou-se no hospital a ação preventiva da atenção básica, portanto deve-se aplicar metodologias que englobam pouca ênfase no modelo tradicional de ensino, pois ainda é necessário para não perder o foco. Mas é primordial que seja preferencialmente adotadas metodologias inovadoras, que contextualizem o ensino teórico, prático e a aplicação da realidade social da região no processo ensino-aprendizagem.

Os desafios do docente nos estágios curriculares supervisionado são impostos pelos limites do sistema público de saúde, por suas dificuldades em estrutura física, de material médico-hospitalar e equipamentos diversos; em subsidiar os caminhos para o desenvolvimento do aprendizado contextualizado têm como principal finalidade educar estabelecendo práxis e competências para que seus discentes tenham autonomia na construção laboral tanto na assistência clinica fundamentando-se no processo de cuidar como nas práticas preventivas na saúde pública, fazendo com que este paciente tenha autonomia para manutenção de sua saúde. Outro desafio que o docente enfrenta na sua prática, pela realidade do ensino básico deficiente dos discentes que entram nas faculdades despreparados para o ensino superior.Muitos dos alunos já trabalham, tendo pouco tempo para os estudos, também constitui dificuldade para ambos. Na prática das aulas teóricas constitui dificuldade a divisão da grade curricular fragmentada.

Referendamos a importância deste estudo em estabelecer metodologias diferenciadas no ensino, dos docentes para as aulas, trazendo aos discentes um embate interdisciplinar que proporcione a contextualização da problemática com a prática profissional, desempenhando a profissão com autonomia, ética e responsabilidade social, sejam críticos e reflexivos para compreender e mudar a realidade da comunidade que atuem em seu trabalho.

 REFERÊNCIAS

 ALMEIDA A.H. e SOARES C.B Educação em saúde: Análise do ensino na graduação em enfermagem. Revista. Latino-Americana.Enfermagem, Maio-jun 2011 [acesso: 17/02/2017];19(3):[08 telas]. Disponível em: <www.eerp.usp.br/rlae>

 BRASIL. Parecer CNE/CES 1133/2001 Ministério da educação Diretrizes curriculares Nacionais dos cursos de Graduação em enfermagem, medicina e nutrição. Diário Oficial da União, 03 out. 2001.Brasilia DF

 FERNANDES J. D, Aderência de cursos de enfermagem às diretrizes curriculares nacionais na perspectiva do sistema único de saúde. Disponível em <www.scielo.br/pdf/ean/v17n1/12.pdf> acesso: 18/02/2017

 GUBERT E. Desafios na prática pedagógica na educação profissional em enfermagem. Revista Eletrônica de Enfermagem. abr/jun 2011 Acesso:  12/02/2017 Disponível em http://www.fen.ufq.br/revista/v13/n2/v13n2a15htm

 LINHARES V. F.Metodologias utilizadas atualmente para o ensino da enfermagem.36 f.(Especialização) – Pós graduação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014

PEREIRA, W. R.Entre a dominação simbólica e a emancipação política no ensino Superior Em Enfermagem. Disponível em: <www.ee.usp.br/reeusp/>acesso em 15/01/2017

 SERRANO M. P. et. Al. Cuidar em enfermagem: como desenvolver a(s) competência(s) Revista de Enfermagem Referência mar. 2011 Acesso:  20/02/2017 Disponível em www.scielo.mec.pt/scielo.pdf/ref/vser|||n3/ser|||n3a02.pdf

 SILVEIRA et. Al. A Evolução do ensino da enfermagem no Brasil: uma revisão histórica. Revista Ciência, Cuidado e Saúde jan/mar 2011. Acesso: 09/02/2017 Disponível em <eduem.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/dowload/6967/pdf>

 [1]ENFERMEIRA Graduada pela Faculdade Estácio Macapá, discente do curso de especialização em gestão e docência no ensino superior da Faculdade de Teologia e Ciências Humanas (FATECH)Email audiariafernandes@gmail.com.

2 Mestre em Ciências da Educação pela Faculdade Integrada de Goiás (FIG) e Mestre em Teologia .Especialista em Metodologia do Ensino Superior em EAD pela Faculdade  Educacional da Lapa (FAEL,PR) em Educação Profissional pelo Instituto de Ensino Superior do Amapá (IESAP.AP) e Gestão Estratégica  de Pessoas pela FAEL. Graduado em Pedagogia e Gestão de Comércio Exterior. Email: maurorabelo2008@hotmail.com