Os Desafios Da Educação E A Responsabilidade Do Professor
Por ELIETE FARIAS | 27/08/2008 | EducaçãoDurante séculos o Brasil vem trabalhando no sentido de fazer com que o país se torne de primeiro mundo, buscando de várias formas alcançar o seu objetivo, mas todas elas sempre serão ineficientes se não for trabalhada a educação da forma como deve ser, sem subterfúgios ou burlações, em que ser transparente e sincero por parte daqueles que se propõem a fazer parte desse grupo, de pessoas que buscam o verdadeiro sentido da realização em prol de um país melhor, é o principal caminho.
Tudo o que acontece na vida do ser humano depende de como ele foi educado, não se fala em educação apenas no sentido de aprender a ler e escrever, mas também e principalmente, eticamente e moralmente.
Não se questionando a ética apenas no sentido de ética profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, que estão frequentemente incorporados à lei pública, mas a ética vindo da mais forte consciência de comportamento moral de cada indivíduo.
Para se trabalhar a educação os educadores tem que ter a ética de entrar em uma sala de aula e trabalhar os seus educandos de forma adequada, sem reservas, com amor e carinho pelo ato de transmitir conhecimento, independentemente de que condições se encontre sua sala, suas carteiras, seu quadro, que os levem a questionar de forma negativa as falhas existentes no sistema como um todo. Que vejam o seu ato de ensinar como um dom pelo qual escolheu trilhar esse caminho, pois dele depende não só o futuro de um país, mas principalmente o futuro de um ser humano, pois é do que se ouve, questiona e se aprende em uma sala de aula que o educando constrói o seu futuro.
Segundo Demo (1994) é fundamental que a educação, além de humanizar o conhecimento, se dedique a aprimorar sua qualidade formal, em particular sob o desafio construtivo, onde essa capacidade pode ser motivação decisiva, dependendo do ambiente da escola, sobretudo da competência dos profissionais envolvidos.
Piaget (1996) e Vygotsky (1996) afirmam que a relação do ser humano com o meio sempre é uma relação ativa e transformadora, que funciona como estímulos por meio dos quais controla e regula sua conduta ligada a uma consciência que pulsiona o comportamento, como características qualitativas a fatores que permitem sua transformação em aquisições individuais.
O incentivo, as orientações, os questionamentos, os relacionamentos, vividos em um estágio escolar tem importância fundamental para o educando, ele busca a sua identidade a partir dessas vivencias, e se elas não forem bem orientadas, estruturas e edificadas, iram agir de forma negativa, levando ao desinteresse e evasão.
A sala de aula deve ser um ambiente de prazer, cultura e conhecimento, para tanto se az necessário que o educador esteja devidamente preparado para essa jornada de grandes realizações, pessoal por contribuir para o desenvolvimento de uma criança, jovem ou adulto tornando-o ser educado, socialmente e culturalmente, e profissional por ter desempenhado o seu papel de educador.
O que as escolas precisam buscar, de fato, é a qualidade cognitiva das experiências de aprendizagem dos alunos, ou seja, de pouca valia terão a gestão democrática, as eleições para diretor, a aquisição de novos equipamentos, a participação da comunidade etc. se os objetivos de aprendizagem não forem conseguidos, se os alunos continuam tendo baixo rendimento escolar, se não desenvolvem seu potencial cognitivo[1].
Vários são os pesquisadores na área de educação que ao longo dos anos vem editando livros e mais livros sobre o assunto, todos ricos de conhecimento e sabedoria, de experiências vividas, mas todas elas não terão valido a pena se o leitor ou educador não refletir sobre o principal objetivo da educação, dos desafios que ela enfrenta para chegar a um determinado ser.
O seu desafio maior não está em transformar um cidadão pobre de conhecimento em sabedor das tantas filosofias que regem a nossa vida, a ignorância das pessoas são refletidas nas suas atitudes, mas pior do que educar um pobre de conhecimento é educar um conhecedor de todos os caminhos necessários ao desenvolvimento educacional, que sabe como deve, o que deve, e para que deva fazer, para que tudo isso possa se tornar uma realidade e não utiliza esse saber de forma a transformar a atual situação em que se encontra a educação de nosso país, repleta de indivíduos se formando sem ter muitas vezes noção do que, e para que será utilizado aquele diploma.
É lamentável se ter conhecimento de tantos profissionais que estão no mercado de trabalho frustrado, amargurado, desiludido por algo que não aconteceu da forma como esperava que fosse, e que por isso descarrega toda a sua angustia naqueles que precisam tanto do seu conhecimento.
Temos que refletir sobre a missão real do educador, de transformar um ser não pensante em pensante, que possa se desenvolver ao ponto de ter equilíbrio emocional e estrutural, que tenha consciência de que o saber deve fazer parte de nossa vida em todos os momentos de nosso dia, ao subir em um ônibus e dar um bom dia, ao atravessar uma rua e ajudar um idoso, ao comer uma bala e não jogar o papel no chão, esses pequenos detalhes que são esquecidos diante de tanta grandiosidade de conhecimentos, mas que o mínimo é que nos leva ao máximo, se começarmos dos pequenos detalhes iremos chegar a grandes realizações.
Mas o que vemos muitas vezes são escolas entregue a profissionais incapacitados do ato de administrar adequadamente uma instituição do governo, e isso por quê? Ele não tem a sabedoria suficiente de ver que ali está o futuro de varias pessoas, que depende dele para que possa se desenvolver como ser humano. Deixa rolar solto, por que? Não é o dinheiro dele que é investido na pintura, no pagamento dos professores, da merenda que vem para os alunos. Diferentemente do que acontece em escolas particulares. Voltamos ao ponto inicial, isso é questão de ética, e o que ética senão educação.
Concluído que devemos transformar primeiramente os educadores em profissionais eticamente educados ao ponto de realizarem as suas atividades de forma consciente de que dele depende não só o desenvolvimento de uma nação, mas o crescimento individual de seus educandos. Que ser professor é o mesmo que ser médico, a vida de um ser humano também está em suas mãos, o desenvolvimento dessa pessoa, positiva ou negativamente depende de como ele vai ser educado, vai depender dos estímulos que vai receber para se preparar para competir e não ficar dependendo ou sobrevivendo dos recursos da proteção social pública.
Não bastam apenas investimentos na formação de profissionais por parte dos órgãos competentes, cabe ao profissional ter ética moral e respeito à vida, pois para que haja uma sociedade justa, todos têm que passar pela escola e pelo trabalho do professor, por uma escola de qualidade, que não pode limitar-se apenas a passar informação sobre as matérias, a transmitir o conhecimento do livro didático. A escola precisa torná-lo capaz de interferir criticamente na realidade para transformá-la e não apenas para integrar-se ao mercado de trabalho.
O governo, a escola, a sociedade e principalmente os pais, esperam que o professor tenha a dedicação e encare os desafios de transformar cada aluno em um individuo culturalmente educado, consciente de sua responsabilidade para com a sociedade, eticamente e moralmente, na forma mais transparente do conhecimento pleno.
Demo (1994) também nos expõe que é central desfazer o mito da aula como contato pedagógico, porque se for apenas ensino, não acontece educação. A busca de valorização da aula como ambiente educativo está ficando cada vez mais contraditória, à medida que as novas gerações exigem educação, não ensino. A simples transmissão de conhecimento não carece de professor, até porque a eletrônica o faz de modo mais socializador e atraente.
Ainda na mesma reflexão Demo (1994) afirma que para que exista educação é preciso que haja construção e participação. Assim, o contato entre professora e aluno será pedagógico se for construtivo e participativo. Não pode haver mero ensino e mera aprendizagem. O aluno não pode reduzir-se a simples objeto de treinamento. Precisa ser sujeito. Somente educação de qualidade é capa de promover o sujeito histórico critico e criativo.
Temos que mudar essa metodologia de quadro e giz, os alunos estão exigentes, devendo-se inovar na prática, levando-os a mudar sua proposta onde o essencial não é apenas aprender, decorar, copiar, mais aprender a aprender, saber pensar. Para tanto se devem sentir estimulados, motivados, mobilizados a participar.
Não se deixando de lado o principal personagem nesse processo modificador que é o professor, onde a valorização deste profissional representa a estratégia principal de uma educação qualitativa, onde o professor competente e socialmente satisfeito é a melhor motivação para a qualidade.
REFERÊNCIA
DEMO, Pedro. Educação e qualidade. Capinas/SP: Papirus, 1994.
PIAGET, Jean. Biologia e Conhecimento. 2ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
[1] O professor Celestino da Silva Júnior (1986) escreve que as escolas não existem para serem administradas ou inspecionadas, elas existem para que os alunos aprendam, ou seja, a escola se organiza paraque ela readquira em plenitude sua função original de ensinar.