OS DEPENDENTES
Por GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA | 30/06/2011 | PoesiasOS DEPENDENTES
Nazaré, 03-01-1995
O povo dá vivas
Aos traidores da pátria,
Aos assassinos de seus filhos.
Às vezes converso com pessoas
Que manifestam o desejo
De viver em harmonia
Com seus semelhantes.
Mais eis que vem
Carnavais e futebol,
A TV e seus duendes
E tudo vai por água abaixo.
Se não for tomada
Uma seria providencia,
Nos próximos quinze anos
Estaremos atrasados
Mais cento e cinqüenta anos.
O povo assiste a tudo
Com uma perplexidade doméstica,
Com uma mansidão alienante.
Assistem à imagem deformada,
Que lhes permitem os proprietários
De suas vidas perdidas.
Quem pensa e é honesto
Sofre pelos ignorantes.
Imagine a sua (?) cidade
Governada por espertos,
Alunos de seu (?) país.
Um morador é prejudicado
Pela ignorância de seu vizinho,
Mas não tem a quem recorrer,
Porque seu vizinho é amigo
De um amigo do Prefeito
Que você elegeu
Com seu pobre voto.
O Prefeito é amigo do Juiz,
O Juiz é amigo do Delegado
E o Delegado é controlado
Pelo seu Prefeito.
Como seu Prefeito
Não quer perder os votos
Do seu terrível vizinho,
Ele nada faz.
E seu vizinho sorri vitorioso
Por ninguém poder fazer nada.
Se temos um Presidente corrupto,
Temos um Governador corrupto
E temos um Prefeito corrupto.
Solução: derrubar o Presidente.
Só assim, o próximo Presidente
Será bem melhor
Que o seu antecessor.
Isso, quando o povo impõe respeito
E grita o que é preciso.
Mas, enquanto o povo
Aceitar ser joguete
Entre as esquerdas (?) e os corruptos,
Nada mudará.
O povo, bobos da corte,
Ficam desorientados com as promessas
Hipnóticas e comerciais,
Que falam os políticos
Do alto de seus palanques.
O povo fica assim... sei lá.
Stalin não é tão ruim,
Che não tem parte com o diabo,
Fidel não é ditador.
Eles apenas conseguiram
Viver fora do que ditam
O capitalismo selvagem.
Fidel deu certo
Fora do capitalismo,
Fora da corrupção.
Também sua cidade pode dar certo,
Se você fizer um esforço
E eleger um verdadeiro líder.
Olhem em volta,
Existem tantos seres humanos
Que podem comandar
Sua infeliz cidade.
Foi você quem (ven) ou deu seu voto
A um corrupto qualquer,
Em sua própria cidade.
Embaixo do teto de seus próprios filhos.
Você cometeu um crime
Contra a geração que saiu
De suas próprias entranhas.
Você atrasou a juventude
De sua atrasada cidade.
No futuro, seus filhos
Ignorantes por sua culpa,
Abandonarão a sua cidade
Na mão de um picareta qualquer,
E não mais lembrarão
Que tiveram um pai.
Não mais lembrarão
Que tiveram uma cidade.
Jovens!
Seus pais não existem.
Todos vocês
São filhos de chocadeiras.
Todos vocês
Estão sendo criados
Para um futuro abate,
Provocado por seus pais
Que só pensaram neles
Na hora do voto.
Levantem a cabeça e digam:
Eu sou eu,
Nós somos nós.
Construam um mundo
Sem dinheiro e sem revolta.
Façam uma guerra
Para conquistar a paz.
O país está parado,
Esperando as decisões
De uma ditadura fria
Neoliberal e entreguista.
De quando em vez
Cai uma bomba na cabeça do povo.
Com que direito
Essa corja de desalmados,
Esses velhos conservadores
Decidem nossos destinos?
Que direito tem
Esses testas de ferro
De banqueiros e latifundiários,
De destruir o patrimônio
De um povo miserável
Inculto e conformado?
Jovens! Sejam guerrilheiros
De nossa dignidade.
O mundo não termina
Onde os velhos picaretas
Conseguiram galgar.
Temos energia e lutaremos,
E faremos nosso mundo
Às custas de vidas e de sangue,
E ideais socialistas.
Jesus dividiu o pão,
E Marx explicou ao povo
O que isso significa.
Só que a maioria
Não teve essa informação,
Ou não entendeu direito.
Será Jesus, muito raso
Ou será Marx, muito profundo?