OS CRIMES QUE ENVOLVEM A SAÚDE PÚBLICA
Por Beatriz Lopes | 09/01/2016 | DireitoArtigo de opinião
OS CRIMES QUE ENVOLVEM A SAÚDE PÚBLICA
A Revista Exame publicou este artigo em 08/01/12, de ANDRÉ SOLLITTO, “O mosquito Aedes aegypti”, citando que o Rio de Janeiro pode ter a pior epidemia da doença no ano de 2012. Pois bem, lamento informar que a epidemia em andamento, 2015/2016 será de grande magnitude...
“Números analisados por especialistas apontam situação semelhante a 2002 e 2008, quando casos chegaram a 130 mil em cada ano
A cidade do Rio de Janeiro está em alerta máximo contra uma possível epidemia de dengue. Segundo dados analisados por especialistas, foram registrados 76 mil casos em 2011, e a previsão é de que a epidemia de 2012 será pior que as de 2002 e 2008, quando o número de casos ficou em torno de 130 mil em cada ano.
O que torna esse surto tão grave é a predominância da dengue tipo 1, que não circulava no Estado há mais de 20 anos. Como boa parte da população não teve contato com esse sorotipo específico, os riscos de contaminação aumentam. Como agravante, existe o perigo de um surto do tipo 4, nunca registrado no município”. ANDRÉ SOLLITTO
Lamentável! A desinformação e o desconhecimento que o Coordenador de Saúde demonstra... Acredita ele que. visitas nas casas sejam a solução!
Ora, morei no Rio de Janeiro durante minha especialização em Entomologia Médica na FIOCRUZ, que trata do estudo de Insetos Vetores de Patologias, e segundo o professor e pesquisador Nicolau Maués Serra Freire temos que ter “olhos para ver” eu vi muito Aedes aegipty soltos e se reproduzindo na própria FIOCRUZ! Também em hospitais, consultórios em todos os locais...
A FALTA DE METODOLOGIA
Tem horário adequado para aplicação do UBV, tem intervalos corretos, velocidade e PRINCIPALMENTE o insumo correto!
Só o fumacê com o uso da Metodologia e insumos, intervalos e aplicações corretas poderão funcionar!
Venho escrevendo em meus artigos, tentando esclarecer as diferenças entre uma DENGUE e outras DENGUES sofridas pelo mesmo indivíduo... Neste parágrafo está claramente evidenciado o que tenho declarado, como especialista em DENGUE, ao longo dos anos!
Não sei mais o que fazer ou dizer pra que ENTENDAM definitivamente que, a cada 04 anos a pessoa poderá (e é o que vem ocorrendo) ter DENGUE NOVAMENTE!
O Rio passou por epidemias nos anos de 1997/98, 2001/02,2005/06, observe a progressão que apresenta as epidemias: de quatro em quatro anos, isto é, o individuo fica temporariamente imune durante 04 anos e volta a ter a patologia novamente passado este tempo, POIS O VETOR É PRESENÇA CONSTANTE, não é eliminado!
Você irá ponderar, ao ler este artigo: “Ah, mas houve nova epidemia em 2008”... Já explico, para facilitar o entendimento! São novas pessoas sendo infectadas, e o mais grave: Estas epidemias estão se intercalando!
Esta outra frase que destaco aponta um grave erro de avaliação: “O que torna esse surto tão grave é a predominância da dengue tipo 1, que não circulava no Estado há mais de 20 anos”... Não se trata de ‘um tipo diferente de DENGUE’, e sim pessoas sofrendo a primeira Dengue de suas vidas! São crianças (em sua maioria) ou pessoas que estão sendo expostas ao vírus pela primeira vez!
Afirmo que se trata do mesmo mosquito e do mesmo vírus! Não existe vírus diferente! Acho interessante que alguns especialistas não conseguem ‘perceber’ o fato... É preciso ‘acordar e ver’!
Outra questão gravíssima que já denunciei e questionei foi o retorno da doença, das epidemias cada vez maiores DEPOIS DA EXTINÇÃO DA SUCAN!
Extinguiram, criaram a FUNASA, retiraram os funcionários e desviaram para outras áreas, outros foram aposentados.
Excelentes servidores hoje estão realizando trabalho como motorista nas secretarias municipais de saúde quando poderiam (e deveriam) estar ministrando cursos e orientando para o trabalho correto de eliminação dos vetores. Em detrimento a isso, alguns maus funcionários, incompetentes (aliás, a única competência: são bajuladores e se mantém, bajulando políticos), pois assumiram a posição de chefia, se aboletaram no cargo, e bitolados, aparentemente sem cursos de atualização (ou apenas cursos aleatórios, sem maior profundidade) não percebem o equívoco das ações que realizam, ineficientes e sem metodologia adequada, mantém os vetores ‘sempre em alta’...
Para justificar a incompetência culpam a população, dizendo que ‘o povo cria mosquitos DENTRO de suas residências’!
Desculpem mas não posso usar um termo diferente: Burrice de quem declara uma coisa destas!
Ninguém ‘cria’ mosquitos dentro de casa! Eles nascem por todos os lugares e ENTRAM nas casas em busca de sangue para se alimentar!
A falta de metodologia, uso de produtos errados, horário inadequado, o ‘sumiço dos carros UBV (ultra baixo volume) ou ‘fumacê’, como queiram, são coisas inexplicáveis! E quando o povo ‘grita’ então passa o “fumacê” com o produto incorreto, que apenas faz o povo passar mal, uma verdadeira “cortina de fumaça”!!!
A única esperança seria o MINISTÉRIO PÚBLICO despertar para os equívocos (ou erros) e agir. Não aceitar reuniões e blábláblá explicativo, como os que costumam ocorrer ano após ano, epidemia por epidemia!
Mas o MINISTÉRIO PÚBLICO poderia agir e fazer pelos que estão vivos e com medo destas patologias!
Alguns anos atrás um promotor demonstrou interesse, realizando algumas reuniões até que um belo dia não quis mais discutir o assunto... Sequer me recebeu. Na semana seguinte o irmão do promotor assumiu um cargo na prefeitura, segundo os colegas ele “caiu de para quedas”, virou chefe! Você está entendendo o alcance dos fatos? É importante ou não? Você já teve DENGUE? E sua família? Então... Abra a boca, questione! As verbas são grandes, todas servindo OUTROS interesses...
Se cada um que perdeu alguém da família não aceitasse calado a acusação que “a culpa é da população” e questionasse tudo poderia mudar, melhorar!
Lembre-se: Os “Amigos do Poder” são donos de Laboratórios, fabricam repelentes e sprays de inseticidas (muitos totalmente ineficazes), custam caros e VOCÊ gasta seu dinheirinho enriquecendo os amigos dos governantes!
Pessoas que morreram, sejam elas infectadas pelo vírus da DENGUE ou pelo protozoário da LEISHMANIOSE, estas não voltam mais... Embora uma das patologias tenha um vírus evolvido (a dengue) a outra TAMBÉM tem um inseto como vetor e um protozoário.
“A cidade do Rio de Janeiro está em alerta máximo contra uma possível epidemia de dengue”. Que alerta máximo é este? Dispuseram 10 carros-fumacê borrifando a cidade toda, bairro por bairro, com o inseticida Malathion, usando metodologia correta? Ou pensam que o mosquito irá sumir ‘num passe de mágica’?
Por que não eliminaram sistematicamente o mosquito? Durante anos venho alertando sobre as epidemias, que são sucessivas, que ocorrem a cada 04 anos! Isto não quer dizer que não ocorram NOVOS CASOS a cada ano. Sempre tem. Agora anunciar como um fato novo uma “possível epidemia” é brincar com a vida do cidadão!
Dentro da FIOCRUZ existem grupos contrários à eliminação do vetor... Quais os interesses que se escondem por trás disto? Para quem é importante a manutenção do vetor? Representa mais e mais verbas para a instituição de pesquisa? Mas pesquisa o quê? Não descobriram ainda que ACABAR com o mosquito é a única solução viável?
FATOS OBSCUROS ENVOLVEM A PROLIFERAÇÃO E OS RISCOS
Os fatos obscuros que ocorrem e nada é feito para proteger o cidadão: Já caiu no esquecimento o funcionário da FUNASA, Alan Kardec, envolvido num fato obscuro, onde ‘pagava’ R$ 20,00 por dia a um grupo de ribeirinhos do Estado do Amapá/ Macapá, em 03 lugarejos (Santana, São Raimundo do Pirativa e São João do Matapi) es tas pessoas foram “contratadas para alimentar os mosquitos com o próprio sangue. E pasmem! O contrato tinha várias cláusulas em INGLÊS! Ora, para alguns que sequer sabem ler....imagine! A informação que receberam era a de que não havia nenhum risco, nenhum perigo! Quem consegue avaliar a dimensão disto? E não só o funcionário da FUNASA estava envolvido!
OS ENVOLVIDOS NO FAMIGERADO “PROJETO”:
Universidade da Flórida ( University of Florida)
Instituto Nacional de Saúde Pública- Brasil
Review Board (ONG internacional)
Instituto Norte-Americano e
Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães- Fundação Oswaldo Cruz- FIOCRUZ
A Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo-USP
Secretaria de Saúde do Amapá.
O tal projeto, denominado “Heterogeneidade de vetores e malária no Brasil”, segundo as declarações dos envolvidos, houve omissão na tradução do projeto, justamente onde falava sobre cobaias humanas. Absurdo total!
Ora, para ingressar numa pesquisa na Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ uma das exigências do pesquisador foi que eu fizesse a tradução NA INTEGRA do capítulo do livro em Inglês “DENGUE e Febre Hemorrágica da Dengue: SUA HISTÓRIA E RESSURGIMENTO COMO UM PROBLEMA GLOBAL DE SAÚDE PÚBLICA. Dediquei-me, fiz e enviei. O lamentável foi que o prefeito seguiu as sugestões das “Otôridades de Saúde de Rondonópolis-MT” e NÃO ME LIBEROU para o estudo na UFRJ- Laboratório de Estudos das Estruturas de Superfície do Vírus da Dengue... PERDI O CURSO! MAS, AINDA NÃO DESISTI...Esou incomodando? Que bom! Sinal que estou no caminho correto!
AS EPIDEMIAS, SUCESSIVAS E MORTAIS...
Voltando a epidemia: “existe o perigo de um surto do tipo 4, nunca registrado no município”... Como assim? Este tipo de notícia é devido à mídia, despreparada e ignorante dos fatos reais, que divulga de modo errôneo os fatos? Ou recebe pronto ‘o pacote de informações erradas’?
Já houve casos de pessoas com exame (sorologia com Isolamento viral) onde o resultado encontrado foi DEN-4, o que NÃO QUER DIZER um novo vírus e sim quantas vezes teve dengue este indivíduo, ao longo dos últimos 25 anos!
Então caros pesquisadores: Estou sugerindo mais leituras, mais traduções, temos excelentes autores (Gubler, Halstead, Giraudet).
Giraudet é um dos autores do livro “La reáction inflamatoire e exploration clinique”, que não apresenta grande dificuldade na tradução do Francês para o português e facilita imensamente o entendimento do que ocorre durante a infecção pelo vírus da DENGUE nos capilares sangüíneos, facilitando a compreensão dos eventos que acontecem no organismo da pessoa e a evolução do processo hemorrágico.
Então, para melhor entendimento dos fatos não basta assistirem a mídia televisiva ou ler publicações onde muitos que falam/escrevem sobre o assunto são desprovidos totalmente da menor parcela de veracidade ou de fundamentação científica!
Beatriz Antonieta Lopes
Bióloga- UFMT
Especialização em Entomologia Médica- FIOCRUZ RJ
Acadêmica em Direito- TCC O Direito e a Saúde Pública
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