Os Contrastes entre a vida interior e a exterior no conto: The Lady in the Looking Glass: A Reflection
Por Andréia Costa Pereira | 04/11/2013 | LiteraturaOs Contrastes entre a vida interior e a exterior no conto: The Lady in the Looking Glass: A Reflection
Virgínia Woolf foi a escritora do modernismo mais influente da época, durante sua vida, teve vários momentos conturbados, e uma de suas preocupações desde quando começou a escrever era a de como uma mulher poderia inserir-se no meio literário do qual era dominado pelos homens, era uma sociedade machista, e Virgínia Woolf tinha sua perspectiva a partir da visão feminina, na qual os inscritos eram a partir de pequenos detalhes, que talvez não seriam tão importantes, mas que juntos poderia ser de grande significado.
O conto The Lady in the Looking Glass: a reflection, no leva a perceber a presença da perspectiva feminina, Virgínia consegue nos levar a um mundo onde dificilmente conseguiríamos prestar atenção, ela nos atenta a pequenos detalhes.
No inicio do conto a autora chama a atenção do leitor, que não se devem usar espelhos pendurados na sala, pois eles podem ser perigosos, eles podem revelar alguma verdade escondida sobre o individuo.
People should not leave looking-glasses hanging in their rooms any more than they should leave open cheque books or letters confessing some hideous crime. WOOLF (1993, p. 75).
Em seguida, temos a descrição de uma sala no qual os objetos daquela sala pareciam ter características semelhantes às humanas, os reflexos que se veem através do espelho parecem ser diferentes do que as vistas sem o reflexo do espelho, os objetos que refletem no espelho parecem ter vida, Virginia através de seu conto dá vida ao inanimado.
The quiet old country room with its rugs and stone chimney pieces, its sunken book-cases and red and gold lacquer cabinets, was full of such nocturnal creatures. They came pirouetting across the floor stepping delicately with hight- lifted feet and spread tails and pecking allusive beaks as if they had been cranes or flocks of elegant flamingoes whose pink was faded, or peacocks whose trains were veined with silver. WOOLF (1993, p. 75)
Podemos perceber que no conto há dois espaços, o lado interior da casa e o lado exterior. Há um contraste entre os dois espaços, o lado interior da casa é um mundo de movimentos, é um ambiente que está em constantes ações e o lado exterior, as coisas parecem estar sem vida, são reflexos do espelho, não há nenhum movimento. “It was a strange contrast – all changing here, all stilness there. One could not help looking from one to the other.” WOOLF (1993, p. 76).
A protagonista do conto chama-se Isabella Tyson, ela é uma mulher aparentemente tem tudo o que qualquer indivíduo gostaria de ter, ela é rica e tem muitos amigos. “As facts, it was a fact that she was a spinster that she was rich; that she had bought this house and collected with her own hands”. WOOLF (1993, p. 76). Assim como há um contraste no espaço da casa, podemos notar um contraste na vida de Isabella Tyson. Ela se constitui como uma mulher misteriosa, pois ninguém conhece o seu interior, temos uma visão bastante limitada de Isabella, apesar de ter muitos amigos, não se conhecia o bastante sobre ela. Virginia Woolf usa de muitas metáforas no seu texto, ela compara Isabella a uma planta.
Such comparisons are worse than idle and superficial – they are cruel even, for they come like the convoulvulus itself trembling between one´s eyes and the truth. There must be truth; there must be a wall. WOOLF (1993, p.76)
O narrador nos diz algo que pode revelar a verdade sobre Isabella, as cartas que são imaginadas dentro dos armários e gavetas do quarto, que juntos a mobília da casa parecem conhecer muito mais sobre Isabella do que o narrador.
Sometimes it seemed as if they knew more about her than we, who sat on them, wrote at tem ad trod on them so carefully, were allowed to know. In each almost certainly held letters- lied with bows of ribbon, sprinkled with sticks of lavender or rose leaves. WOOLF (1993, p. 76-77).
O narrador parece imaginar todos os detalhes da vida de Isabella, para ele as cartas parecem placas de mármore que estão gravadas a verdade sobre Isabella e que se abertas poderiam ser reveladoras, mas ao final, todas as imaginações que tinha sobre a Senhora Tyson foram se desfazendo, a partir, do momento em que sua imagem ficara mais lúcida no espelho. “One realised at last that they were merely letteres. The man had brought the post”. WOOLF (1993, p. 77).
A autora nos faz entender que não devemos deixar espelhos pendurados na sala de casa, pois eles podem ser perigosos, eles podem revelar a verdade sobre qualquer individuo, eles podem mostrar a verdadeira identidade do indivíduo que se atrever a antepor a um espelho. A imagem interior e a exterior se contrastam.
O conto termina com Isabella cheia de desilusões, pois embora fosse uma mulher rica de bens materiais, ela parece ter um vazio dentro de si mesmo, e o que as pessoas conhecem sobre ela, são apenas as aparências.
REFERÊNCIAS
WOOLF, Virginia. Selected Short Stories. Ed.: Sandra Kemp. Harmondsworth: Penguin, ²2000[1993]. (Penguin Classics).