Orixá meta-meta e Ogum Xoroquê

Por Pablo Araujo de Carvalho | 01/07/2016 | Religião

Orixá "meta-meta", Ogum Xoroquê e as lendas que ocultam de forma alegórica as qualidades,atributos, atribuições e os princípios Divinos dos Sagrados Orixás as divindades de Deus.

Há algumas lendas de matriz africana que refere-se a alguns Orixás com qualidades denominadas "meta-meta" hora se referindo ao gênero sendo seis meses masculinos e seis meses femininos, ou seja metade do ano feminino e metade do ano masculino.

Outra forma de atributo do adjetivo "meta-meta" se dá também com relação à seis meses um Orixá ser por exemplo Oxum e seis meses esse mesmo Orixá ser Inhasã, esse no caso da sagrada mãe "Oxum Opara"

E Outra forma de atributo do adjetivo "meta-meta" se dá com relação a divindade Ogum Xoroquê, que é em sí mesmo um Orixá que metade do seu corpo na parte da direita esta com a aparência de Ogum e a outra metade na parte da esquerda tem a aparência de Exu.

Vamos as lendas e depois teceremos comentários, sobre o que de forma alegorica as lendas ocultam, ou qual é o real sentido por trás dessas lendas. Vamos as lendas:

Oxumarê, tem uma lenda que o descreve como seis meses masculino e seis meses feminino. Por de traz dessa lenda que o descreve assim se encontra um princípio divino que é gerado e regido pelo Sagrado Pai Oxumarê que é o princípio fertilizador e por este princípio estar tanto nas criaturas (macho e fêmea) como nos seres (masculino e feminino), os nossos Pais ancestrais o descreveram em sua lenda como um Orixá masculino e feminino em sí.
A outra lenda que o descreve como filho de Nanã Buroque e irmão de Omolu.
É muito interessante essa ligação familiar nas lendas sagradas dos Orixás, que revela essa família como mistérios complementares e por isso ora são descritos como irmãos e ora como um par de casais e ora como uma família. Nanã Buroque rege e é em sí mesma o princípio das Eras onde tudo se realiza, pois uma era tem seu inicio, meio e fim. O Sagrado Pai Oxumarê tem como princípio o axé ou o fator renovador e por isso é descrito como a serpente que se renova e muda de pele. E Pai Omulu tem como princípio a energia ou fator finalizador que dá fim aquilo que já se estagnou. Pai Oxumarê simboliza o fator fertilizador, Pai Omolu o fator ou princípio esterilizador. Ou seja são descritos como irmãos nas lendas, pois por de trás de uma lenda que o descreve como irmãos, está a dizer que eles são mistérios divinos e divindade opostas complementares, pois enquanto um fertiliza a vida, o outro esteriliza tudo que atenta contra a vida. Se um (Omolu) paraliza tudo que já se estagnou, o outro (Oxumarê) renova tudo que se estabilizou e precisa ser renovado para que continue seu ciclo de evolução. E onde entra Nanã Buroque? Na própria (Era) onde tudo acontece, sendo ela em algumas lendas esposa de Oxala, que é o espaço onde tudo se realiza, e sendo em algumas lendas o Divino Pai Oxalá esposo de Logunan que é o tempo onde tudo acontece, sendo em algumas lendas Obaluaê marido de Nanã Buroque, pois Ele é a própria evolução onde tudo se transmuta, sendo em algumas lendas Iemanjá filha de Obaluaê, pois ela é a geração da vida que só é gerada com o proposito de evoluir. Vemo em algumas lendas o Divino Pai Omulu formando par com a sagrada Mãe Logunan, pois ela é o tempo que segue adiante e onde se nasce, amadurece, envelhece e morre, e Pai Omolu é a morte ou o fim de um estágio para outro, ou seja, o tempo que passa e com ele consome a vida, tempo que conduz ao fim ou a "morte", por isso há algumas lendas que Iemanjá (vida) brigou com Logunan (tempo), pois o tempo consome a vida e a aproxima da morte. As lendas são maravilhosas se soubermos interpretarmos a real informação que se encontra por trás de uma lenda.

Vamos a lenda de Oxum Apara:

Oxum era deusa do ouro e da prata e tinha poderes sobre o ocultismo, Iansã por sua vez era deusa dos raios, tendo assim poderes sobre eles. Oxum carregava consigo o espelho que mostrava toda verdade oculta. Um belo dia Iansã muito curiosa, pegou o espelho e olhou, viu que era mais bonita que Oxum. Toda aldeia ficou sabendo disso e Oxum ficou muito brava.
Resolveu dar uma lição em sua irmã, colocou em seu quarto outro espelho, esse mostrava o lado ruim das coisas. Iansã percebendo a troca foi novamente olhar, ficou chocada com o que viu, em vez de ver sua imagem viu um monstro horrível. Entrou numa tristeza profunda e acabou morrendo.
Os deuses mais velhos descobriram a vingança de Oxum, decidiram castigá-la.
Oxum carregaria Iansã em seu corpo eternamente, seis meses seria Oxum com todas suas características e os outros seis meses seria Iansã. Oxum apará tem em uma das mãos o espelho e na outra a espada que representa Iansã, dizem que ela é uma deusa guerreira e anda ao lado de Ogum, o deus do ferro e da estrada.


Nessa lenda de Oxum Apara que descrita como "meta-meta" por ser seis meses Oxum e seis meses Inhasã. Nessa lenda que a descreve assim, está oculto a hierarquia dos Orixás intermediários. Sabemos que existe somente uma Oxum e essa sagrada Mãe rege sobre a energia e função concebedora ou da concepção sobre o princípio do amor divino que a tudo une é a tudo agrega, Ela rege esse mistério de Deus, porém para esse mistério atuar em outros campos dos outros Orixás, temos os Orixás intermediários ou uma Oxum cujo campo de atuação é os princípios da lei que regula as uniões e concepções da vida, por isso essa mãe Oxum tem uma qualidade original, porem com atribuições nos campos de outras divindades no caso da sagrada Mãe Inhasã, e. Os campos das sagrada Mãe Inhasã a Mãe oxum intermediária para os mistérios da lei e doa campos de Inhasã e a Mãe Oxum Apara, por isso se apresenta como uma Oxum espadada que tem como atributos regular e ordenar as uniões e concepções no campo da vida. E se Oxum com seu abebé (espelho) revela o encanto da vida, a sagrada Mãe Inhasã com seu axé refletor revela a monstruosidade daqueles que atentam contra a vida, revelando suas ausências em Deus, pois diante dos olhos da Lei Maior nada se oculta ou nada fica encoberto.

Temos que entender as lendas como um recurso e a melhor forma na época de popularizar as divindades de Deus, pois toda tradição era passada oralmente sem recurso da escrita. Então a melhor forma de fixar uma divindade no coração e na mente daqueles que viviam sob seu amparo, era as lendas e alegorias que de forma encantadora e lúdica ocultavam seus princípios divinos.

A lenda de Ogum Xoroquê, o descreve
com qualidades ligadas a ira, a fúria, a tirania, a guerra, a loucura e a morte. Temos que entender que Ogum é a paz e o diálogo e que a guerra e a violência é a ausência de Ogum que é em sí um princípio virtuoso de Deus, ou seja, Ele é a paz e o diálogo. Deus somente gerou princípios Virtuosos e amparadores da vida e a guerra e a violência que significa ausência, é gerada por nós quando em desequilíbrio, pois quem gera ausência em Deus somos nós seres humanos e não as divindades de Deus os Sagrados Orixás. Sendo assim não devemos atribuir os nossos vícios e ausências, às divindades como se fossem qualidades delas tais sentimentos. Não! Nessa lenda está descrita que Ogum Xoroquê, é um Ogum intermediário e representante da Lei Maior nas faixas vibratórias negativas, ordenando ali o caos aparente, pois Ogum Xoroquê não é furia, irá, loucura, guerra e morte. Porém através da Lei imutável da ação e reação e da Lei das afinidades, Ele o Sagrado Ogum Xoroquê lida e conduz os furiosos, os irados, os odiosos, os loucos e os mortíferos para suas faixas vibratórias de merecimento, e lá cuida dos procedimentos para que esses espíritos ausentes de Deus possam ser esgotados de seus negativismo esgotando seus karmas coletivos e individuais. O Divino e Sagrado Ogum Xoroquê é os próprios olhos vigilantes da lei, para que lá nas faixas vibratórias negativas ou trevas, não seja cometido nenhum excesso com relação a punição estabelecida pela Lei Maior, para que pague o que se deve e depois arrependidos retome sua caminhada já amparado pelo senhor dos caminhos e dos destinos, já amparado pela luz, pela Lei e pela vida.
Ogum Xoroquê é os olhos atentos da lei que vigia a todos nas faixas vibratórias negativas, tanto a esquerda quanto no embaixo, para que não seja cometido excessos com aqueles que nessas faixas vibratórias negativas estão purgando seus sentimentos negativos, para que esvaziados desses sentimentos possam retomar suas evoluções. É por isso que em algumas lendas o Orixá Exu e o Orixá Ogum são descritos como irmãos inseparáveis, pois Ogum é a própria Lei Maior que conduz a cada um a sua faixa vibratória de merecimento e Exu é o mistério guardião e executor responsável nessas faixas por esgotar e esvaziar todos os espíritos negativados que para lá foram enviados para pagar os seus karmas e posteriormente arrependidos voltarem a evoluir.
Tanto Exu e Ogum são irmãos inseparáveis que onde um está o outro la está também, pois a Lei está em todos os campos regulando a criação, vigiando para que excessos não seja cometido na luz, no meio (faixa vibratória material humana) e nas trevas.
Excessos na luz existem sim! E se dá quando alguém acha que pode descer nas esferas negativas e resgatar seus afins sem que ainda esse espírito que se encontra nas trevas tenha esgotado seu negativismo e pago seu karma.
Então entendemos que Ogum Xoroquê é os olhos vigilantes da lei voltado para as faixas vibratórias negativas para que não permita que excessos sejam cometidos e que nem a lei deixe de ser cumprida. Que o inocente não pague pelo crime que não foi culpado, que o culpado não saia das faixas vibratórias negativas enquanto não pagar o que deve e enquanto não for esgotado dos seus negativismos, e quando vibrar em seu íntimo o arrependimento, então que ele seja devolvido as faixas vibratórias luminosas e retome sua caminhada amparado pelo seu regente divino e passe a servir Deus servindo seu semelhante através do amor e da luz.

Por isso não existe Oxala Xoroquê , Oxum Xoroquê, Oxossi Xoroquê, etc. E só existe OGUM Xoroquê, por que nas faixas vibratórias negativas não existe a fé nem a esperança = (Oxalá) e sim somente a descrença.
Nas faixas vibratórias negativas não existe o saber = (Oxossi) e sim somente a ignorância.
Nas faixas vibratórias negativas não existe o amor = (Oxum) e sim somente o ódio. E é por isso que só existe OGUM Xoroquê, por que Ogum é a lei Maior e a lei está em todos os campos regulando os nossos sentimentos íntimos (Orixás Positivos) e regulando a exteriorização desses sentimentos e os efeitos que ele produz quando gerado na criação e nos outros. Por isso que nas lendas dos Orixás, Exu e Ogum são irmãos, porque um é a Lei Maior em execução e o outro é o executor final daqueles que não respeitou os ditames da lei e da vida. Um (Ogum) é a própria Lei da ação e reação que conduz cada um ao seu lugar de merecimento, o outro (Exu) é o próprio lugar ou campo em que o ser será esvaziado e esgotado do seu negativismo.

Sendo assim esperamos ter fundamentado na Umbanda, um pouco da qualidade, atributo e atribuições desse Divino e Sagrado Pai Ogum Xoroquê, que é um divino mistério de Deus que é luz pura e é pura luz a vigiar e evitar que excessos e injustiças sejam cometidas até para aqueles que infringiram a Lei e atentaram contra vida de seu semelhante, pois Ogum é a Lei Divina em ação e a Lei Divina é perfeita e cuida para que aqueles que se negativaram e se desviaram do caminho do amor sejam esgotados e cuida também para que assim que arrependidos sejam direcionados para suas faixas vibratórias positivas e voltem a eviluir. Ogum Xoroquê é justa lei que permite que o culpado pague pelo seus crimes sem que haja excessos de espíritos trevosos que queiram saciar seus ódios em cima daqueles que já estão pagando o que devem, pois já estão no lugar que merecem e foram designados a esses lugares pela Lei das afinidades que é a Lei de Ogum que conduz a cada um a suas faixas vibratorias de merecimento, para que ali sejam amparados se virtuosos ou esgotados se viciados, porém não deixa de amparar ninguém, pois até para o espírito que se negativou a Lei se mostra positiva, pois recolhendo-os nas faixas-prisões, paralisa suas quedas, evitando assim que dê cada vez mais vazão aos seus instintos e inclinações negativas.

Obrigado meu Divino e Sagrado Pai Ogum Xoroquê, que mesmo achando que estamos sendo punidos, na verdade estamos sendo salvos de nós mesmos, dos nossos desejos, paixões e inclinações que aguça nossos instintos e nos levam a quedas intermináveis.

Que seja os olhos divinos de Ogum nas faixas vibratórias onde Exu atua, nos protegendo e nos livrando do ódio daqueles que se alimentam do ódio, colocando ordem no aparente caos das faixas vibratórias negativas.