Origem do Estudo da Personalidade

Por Giuliana Santoro | 19/05/2015 | Psicologia

Origem do Estudo da Personalidade

 

O estudo da personalidade não começou na Psicologia e sim com a Psicanálise de Freud. A onda positivista exigia que aquela seguisse padrões dignos das ciências naturais (como o método experimental) para ser reconhecida como ciência. A análise do comportamento foi introduzida pelo Behaviorismo de Watson, de abordagem mecanicista, preocupada com os aspectos palpáveis do ser. A consciência e a inconsciência não encontravam espaço nessa forma de pensamento. Somente com Gordon Allport foi possível formalizar o estudo da personalidade, que se concretizou e se desenvolveu por meio de testes – quer de cunho subjetivo, quer de cunho objetivo – . O valor dos testes dispõe de duas características: confiabilidade (consistência das respostas) e validade (grau de efetividade do proposto). Os mais famosos são: MMPI, o CPI (e suas atualizações), inventários de personalidade, os projetivos, o TAT, o borrão de Rorschach. Ademais, subsistem as entrevistas clínicas, das quais defende-se que os testes não podem se emancipar.

Com o desenvolvimento da Psicologia surgiram questões relativas à natureza humana. Dicotomias entre o livre-arbítrio e o determinismo, entre a natureza e a criação, otimismo e pessimismo, dentre outras. A partir da afinidade com cada uma delas emergiram autores e suas teses sobre a personalidade. Diante da variedade conceitual, é mister que não se busque apenas uma definição;  tendo em vista que, por “definição”, encontra-se uma limitação. Limitar a personalidade é negá-la. Seu conteúdo é plural por natureza; é a soma de contingentes internos – sejam hereditários, deterministas ou por casualidade – e externos – por influências do meio cultural, das experiências de vida, dos locais por onde se viveu e se visitou –.

Para entendê-la, é preciso ir à origem. Na palavra “personalidade” encontra-se o precedente “persona”, que corresponde à máscara utilizada durante os espetáculos teatrais gregos. Como indumentária fundamental, era responsável por desconstruir o “eu” do artista e investir o “eu” do personagem ( palavra com a mesma origem). Sendo assim, a relação interpessoal dá-se por intermédio da manifestação do atributo “personalidade”, que não é a verdadeira individualidade, essência, pois esta é inexpressível. É, pois, a exteriorização do ser na medida em que se demonstra e na medida em que pode ser vista.

Discordo do axioma das três imagens conferidas ao indivíduo: a que ele faz de si; a que é vista pelos outros e a que ele realmente tem. A discordância incide, justamente, na terceira imagem. O que se é de verdade nunca poderá ser visto. Não é compatível com a cognição nem tão pouco com juízo de valores. É puro; é o ser. “Imagem” é, por si só, reflexiva. Necessita de duas pontas (um diálogo, uma relação) para se formar. Isto posto, se o ser não se pronuncia na integralidade, não possui imagem. Que chamem de outra coisa, mas não de “imagem”. Tal é a prova que, toda vez que se manifesta, necessita de uma máscara (persona), responsável por retirar-lhe a pureza e lhe conferir a inteligibilidade. Não é possível, portanto, reduzir a existência à personalidade. Esta é apenas uma forma de torná-la possível em uma dimensão comum. 

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