Orfã de pai vivo
Por Elizabeth Araújo | 21/08/2010 | FamíliaVocês podem estranhar o título, mas está certo. Encontrei meu pai quando já estava com 32 anos e foram 28 anos de boa convivência.
Infelizmente, o tempo não para, não perdoa. Ele envelheceu e chegou o momento da separação, ainda está vivo, mas é como se não estivesse.
Vive a base de medicamentos para dormir, totalmente alienado, esquece pessoas, fatos e está perdendo a dignidade.
Fico triste quando lembro do homem que ele era até pouco tempo, tudo mudou de repente e não sei se estou preparada para lidar com isso.
Me doi muito quando consigo, em alguns raros momentos, conversar com ele e ver o quanto está debilitado, esquecido, triste e o pior de tudo, sem vontade de viver.
Meu velho está entregando os pontos, resolveu deixar acontecer e não lutar para ter mais um tempo aqui comigo, com meus irmãos.
Como eu gostaria de ter apenas mais um Natal, só mais um!
Vai pai, faz um esforço, sei que é egoismo meu te querer mais um tempo por perto, quando tua vontade é partir. É que 28 anos não é nada, comparado ao tempo que meus outros irmãos tiveram com você.
Fica só mais um pouquinho... não vai agora, é cêdo demais.