'Operação empurrão' traz risco a carteiras de fundos
Por Agência Goodae | 02/09/2009 | Economia
Valor Econômico - Capa
8/7/2008
A aplicação de fundos em Cédulas de Crédito Bancário (CCBs), uma espécie de nota promissória emitida por empresários e empresas em troca de empréstimos de bancos, está em crescimento e já preocupa analistas do setor. O receio não é com o CCB em si, mas com possíveis conflitos de interesse na operação. Segundo a consultoria RiskOffice, aumentou o número de fundos com CCBs originados por seus bancos para financiar a abertura de capital de empresas. Apenas neste ano o estoque total de CCBs no mercado passou de R$ 12,9 bilhões em dezembro para R$ 17, 489 bilhões em julho, de acordo com os números da Andima.
A operação, chamada de "equity kicker" ("empurrão nas ações") tornou-se muito comum entre os bancos de investimento para "embelezar a noiva" antes da abertura de capital. O dono da empresa recebe um empréstimo do banco que contratou para fazer a abertura de capital e emite a CCB em seu nome ou da companhia. O título fica com o banco como garantia e é pago quando a empresa vende as ações.
O problema, segundo Marcelo Rabbat, da RiskOffice, é que as ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) minguaram este ano com a turbulência da bolsa. Sobrou CCB nas carteiras dos bancos e alguns foram parar nos fundos geridos por esses mesmos bancos. Em alguns casos, o fundo não compra a CCB definitivamente, mas faz operações compromissadas com a tesouraria do banco, que vende o papel por um dia para o fundo.
A CCB é até um papel de crédito interessante e que pode ter uma rentabilidade maior, diz Rabbat. "A questão é o risco de possível conflito de interesses: o banco prestador de serviços ao mesmo tempo atua como financiador da empresa que vai ajudar a vender ao mercado e ainda por cima é dono de uma gestora de recursos que vai comprar esse mesmo papel", diz ele.
Preocupada com a negociação das CCBs, a Andima definiu na semana passada regras que buscam evitar conflitos de interesse. A UBS Pactual Asset Management admitiu ter CCBs
originados pelo próprio banco, mas disse ter vendido todos esta semana.
Marcelo Rabbat atualmente é também diretor da PR&A, empresa especializada em Risco de Crédito, Risco de Mercado e Consultoria de Investimento.
Fonte: Caderno de Economia
8/7/2008
A aplicação de fundos em Cédulas de Crédito Bancário (CCBs), uma espécie de nota promissória emitida por empresários e empresas em troca de empréstimos de bancos, está em crescimento e já preocupa analistas do setor. O receio não é com o CCB em si, mas com possíveis conflitos de interesse na operação. Segundo a consultoria RiskOffice, aumentou o número de fundos com CCBs originados por seus bancos para financiar a abertura de capital de empresas. Apenas neste ano o estoque total de CCBs no mercado passou de R$ 12,9 bilhões em dezembro para R$ 17, 489 bilhões em julho, de acordo com os números da Andima.
A operação, chamada de "equity kicker" ("empurrão nas ações") tornou-se muito comum entre os bancos de investimento para "embelezar a noiva" antes da abertura de capital. O dono da empresa recebe um empréstimo do banco que contratou para fazer a abertura de capital e emite a CCB em seu nome ou da companhia. O título fica com o banco como garantia e é pago quando a empresa vende as ações.
O problema, segundo Marcelo Rabbat, da RiskOffice, é que as ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) minguaram este ano com a turbulência da bolsa. Sobrou CCB nas carteiras dos bancos e alguns foram parar nos fundos geridos por esses mesmos bancos. Em alguns casos, o fundo não compra a CCB definitivamente, mas faz operações compromissadas com a tesouraria do banco, que vende o papel por um dia para o fundo.
A CCB é até um papel de crédito interessante e que pode ter uma rentabilidade maior, diz Rabbat. "A questão é o risco de possível conflito de interesses: o banco prestador de serviços ao mesmo tempo atua como financiador da empresa que vai ajudar a vender ao mercado e ainda por cima é dono de uma gestora de recursos que vai comprar esse mesmo papel", diz ele.
Preocupada com a negociação das CCBs, a Andima definiu na semana passada regras que buscam evitar conflitos de interesse. A UBS Pactual Asset Management admitiu ter CCBs
originados pelo próprio banco, mas disse ter vendido todos esta semana.
Marcelo Rabbat atualmente é também diretor da PR&A, empresa especializada em Risco de Crédito, Risco de Mercado e Consultoria de Investimento.
Fonte: Caderno de Economia