Olhares sobre a psicologia clínica

Por Stella Rabelo Colares | 08/11/2016 | Psicologia

Resumo

            Neste trabalho, de Prática Integrativa I, supervisionado pela Ms. Maíra Maia de Moura, realizamos quatro entrevistas de modo qualitativo e semi-aberto, duas feitas com profissionais da área de psicologia clínica e as outras duas do senso comum.

            Observamos que algumas pessoas não possuem uma mínima ideia sobre a profissão do psicólogo e outras que já entendem mais e acham importante ter um acompanhamento. Com esse artigo nós deixamos de ter um olhar de senso comum e passamos a ter um olhar mais voltado para um lado profissional, percebendo que o psicólogo está voltado para se preocupar principalmente com a saúde do paciente.

            As entrevistas foram gravadas e transcritas, com o objetivo de desenvolver nossa capacidade de realizar entrevista durante o curso e nos dar possibilidade de ter um contato mais próximo da vida de um psicólogo, que será nossa profissão futuramente.Elas foram realizadas em dupla, de fevereiro a junho de 2016.

Introdução  

            Este artigo trata-se de um trabalho da disciplina de Prática Integrativa I do curso de psicologia, disponível pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Tem como objetivo geral desenvolver a habilidade de fazer levantamentos bibliográficos sobre entrevista, pesquisar e desenvolver a seleção e análise conceitual. Identificar o campo de atuação do psicólogo e as diversidades do seu trabalho, desenvolvendo o exercício de entrevistador. E tem como objetivo específico elaborar um roteiro de entrevista, desenvolver a habilidade de escutar, falar e de estabelecer um vínculo com o entrevistado (rapport) e de conduzir a entrevista para os fins planejados. Focando no planejamento e realização de entrevistas.

            A disciplina de Prática Integrativa I nos permite conhecer mais a realidade do trabalho de um psicólogo e como ele é visto pela sociedade. A psicologia tem várias áreas, como hospitalar, clínica, jurídica, organizacional, social, educacional, entre outras.A psicologia clínica foi a que mais chamou nossa atençãopelo método de trabalhar com os clientes, tem demandas mais diversificadas e é a que pretendemos atuar futuramente, e por isso, nos aprofundamos nessa área, entrevistando psicólogos clínicos e pessoas do senso comum. Esse trabalho nos ajudou a perceber a visão tanto de pessoas que trabalham nessa área, como de pessoas que possuem um mínimo conhecimento dessa profissão.

            Este trabalho foi realizado por uma pesquisa qualitativa e o instrumento de coleta de dados foi por meio de entrevistas semi-abertas. Foram entrevistadas quatro pessoas, divididas em dois grupos: dois psicólogos e dois do senso comum. Foi construído anteriormente um modelo de perguntas e o trabalho foi realizado em dupla, de fevereiro a junho de 2016.                            Como indicações de referenciais teóricos utilizados os textos de Jorge Duarte e Antonio Barros (2005), Martin Bauer e George Gaskell (2002),Antonio Carlos Gil (1994), Maria de Lourdes Trassi Teixeira,  Ana Bock e Odair Furtado (2002).

            Este artigo está dividido em cinco partes, sendo estas: Introdução, onde apresentaremos aspectos gerais do trabalho; Metodologia, onde falaremos dos métodos e técnicas; Resultados e discussões, onde discutiremos o tema e faremos nossa análise; Considerações finais, trazendo as conclusões do nosso trabalho; e por fim, as referências bibliográficas. 

Metodologia

            A natureza do estudo se dá pela pesquisa qualitativa, que tem questões semi-estruturadas e não-estruturadas, entrevistas abertas ou semi-abertas, seguindo um modelo de roteiro ou uma questão central, em abordagem na profundidade e respostas indeterminadas. "A entrevista qualitativa, pois, fornece os dados básicos para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os atores sociais e a sua situação."(GASKELL e BAUER, 2002, pág. 65). E essa pesquisa tem um objetivo muito importante pois vai ampliar o conhecimento. "O objetivo é uma compreensão detalhada das crenças, atitudes, valores e motivações, em relação aos comportamentos das pessoas em contextos sociais específicos."(GASKELL e BAUER, 2002, pág. 65).Qualitativa significa coletar dados, fazer uma descrição detalhada e desenvolver conceitos mais elaboradossobre um determinado assunto pesquisado. Segundo Gaskell e Bauer (2002), a finalidade real da pesquisa qualitativa não é contar opiniões ou pessoas, mas ao contrário, explorar o espectro de opiniões, as diferentes representações sobre o assunto em questão.

            Toda entrevista é uma forma de interação, onde tem troca de ideias a partir da fala. O instrumento de coleta de dados foi a entrevista semi-aberta, que faz parte da pesquisa qualitativa. Ela "parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante."(TRIVIÑOS, 1990, pág.146). A entrevista semi-aberta tem o propósito de deixar cada pergunta mais aberta para o possível entendimento do entrevistador, estimulando respostas mais completas.

 

O roteiro exige poucas questões, mas suficientemente amplas para serem discutidas em profundidade sem que haja interferências entre elas ou redundâncias. A entrevista é conduzida, em grande medida, pelo entrevistado, valorizando seu conhecimento, mais ajustada ao roteiro do pesquisador.

(DUARTE e BARROS, 2005, pág.66). 

            Tivemos supervisão da Ms. Maíra Maia de Moura, professora de Prática Integrativa I, no qual elaboramos um roteiro com perguntas destinadas á quatro pessoas divididas em dois tipos de grupos, dois psicólogos e duas pessoas do senso comum. O trabalho foi realizado de Fevereiro a Junho de 2016. Foram feitas quatro entrevistas, gravadas e transcritas, para análise. Por fins éticos de pesquisa, os nomes dos entrevistados serão resguardados.  

Resultados e Discussão

            Estas entrevistas, tanto com os psicólogos clínicos quanto as pessoas do senso comum, nos proporcionaram um conhecimento mais abrangente sobre a área da Psicologia.

            Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2002), o psicólogo não adivinha nada: 

Ele dispõe, apenas, de um conjunto de técnicas e de conhecimentos que lhe possibilitam compreender o que o outro diz, compreender as expressões e gestos que o outro faz, integrando tudo isso em um quadro de análise que busca descobrir as razões dos atos, dos pensamentos, dos desejos, das emoções.(BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2002, pág.151). 

            Quando perguntamos quais instrumentos e técnicas eram utilizados nessa área, a psicanalista comentou: 

Na minha aérea, eu não utilizo instrumentos de avaliação né, eu não utilizo testes... eu não faço nada disso. Meu único instrumento é o acesso ao inconsciente. Então o que eu uso de instrumento é o divã né, levo as pessoas pro divã, e a associação livre. Esses seriam os meus instrumentos. Então as pessoas que pretendem de fato se analisar, precisam deitar no divã e fazer uma coisa que parece ser muito mais difícil do que se imagina, que é falar o que está na sua cabeça naquele momento né, que é a associação livre, que parece que é quase impossível de se conseguir (risos). Então é isso os meus instrumentos de trabalho.(PSICÓLOGA 1). 

            Em relação à motivação profissional, podemos observar que é variada, sendo algo bem pessoal. Uma se motivou porque sempre teve interesse em ajudar o ser humano e a outra psicóloga porque teve um membro de sua família que era desta área e isso chamou sempre sua atenção: 

Bem, desde a minha adolescência que assim, que eu tenho uma afinidade muito grande pelo... Pelo trabalho da psicologia de uma forma geral, então é... A vontade de ajudar... A, a... Interação, a riqueza do ser humano, descobrir... A, a... Estudar um pouco o funcionamento da, das pessoas. Como as pessoas reagem, como as pessoas vivem... Isso sempre pra mim foi um objeto de curiosidade e a psicologia vem contemplar isso, no sentido da gente compreender melhor, é, o ser humano. (PSICÓLOGA 2). 

Essa é uma pergunta que eu nunca soube responder muito bem né. Eu acho que a base disso tá no fato do meu pai ser psicanalista, então eu acho que eu acabei é... seguindo esse mesmo caminho. Eu achava engraçado quando eu era pequena né, ele adivinhava meus pensamentos, e isso me dava muita raiva na época. Aí só mais tarde eu fui entender que é porque ele estudava (risos). Ele não chegava a adivinhar por completo, mas ele sempre tava sempre certo, e aí eu acho que foi isso que me intrigou a vida inteira.(PSICÓLOGA 1). 

            O psicólogo tem como função principal ajudar no desenvolvimento do homem, tem a finalidade de deixá-lo mais saudável, investigando o funcionamento psicológico. De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2002), o psicólogo pode, junto com o paciente, desvendar razões e compreender dificuldades, caracterizando-se, assim, sua intervenção.

            Entretanto, assim como toda profissão, existem dificuldades enfrentadas na prática profissional. As psicólogas destacaram que: 

Além da quantidade de esforço que a gente tem que fazer a nível de estudo, porque não acaba nunca gente, a psicologia é infinita, assim... você não para de estudar nunca. Tem a formação pessoal no sentido dos estudos e tem que tá inserido em grupos com outras pessoas, porque é uma profissão muito solitária. Análise em uma terapia é fundamental, se não a gente não consegue trabalhar que preste, a gente tem que se analisar. A maior dificuldade que eu encontro, acho que foi por isso que eu aceitei esse convite pra participar dessa equipe, é o isolamento, porque a gente trabalha com pessoas mas não é um contato social normal. Você tá ali trabalhando de uma forma muito específica com aquelas pessoas, não é uma conversa normal, e isso é bastante cansativo. (PSICÓLOGA 1).

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