OLHAR RETROSPECTIVO DA TRAJETÓRIA DOCENTE

Por Antonia Marta Martins de Sousa Damasceno | 12/09/2010 | Educação

UNIVERSIDADES DAS AMÉRICAS - UNIAMÉRICAS
CURSO DE PÓS - GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

FORTALEZA ? 2010
Antonia Marta Martins de Sousa Damasceno

"O aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente".
Nóvoa.

OLHAR RETROSPECTIVO DA TRAJETÓRIA DOCENTE

Antonia Marta Martins de Sousa Damasceno¹

? Resumo

O presente artigo objetiva de uma forma geral, mostrar o processo reflexivo da trajetória docente no contexto desde a formação inicial até a formação continuada visando uma educação de qualidade. Essa amostragem se dá pela necessidade de intensificar a prática da ação do professor não somente por meio da formação inicial, mas pela importância que deve ser atribuída a formação continuada dos profissionais da educação para pudermos proporcionar um ensino de qualidade que capacite o educando de enfrentar as dificuldades e os desafios do mundo em que vive. A escolha pelo tema se deu pelo conhecimento da relevância da questão, das dificuldades e desafios que permeiam esse contexto e da forma como é visto pela sociedade contemporânea. Assim, o tema encontra sentido pela sua aplicabilidade educativa, pela necessidade de uma reflexão constante. A pesquisa bibliográfica serviu para observar essa realidade partindo da ótica de alguns autores significativos dentro da Educação Brasileira, que, por sua vez, embasaram a consciência a respeito do assunto em foco.
Palavras-Chave: Trajetória docente, formação inicial e continuada, educação de qualidade,


? Resumen

Este artículo pretende, en general, muestran el proceso de reflexión en el contexto de la enseñanza de la trayectoria inicial a la educación permanente hacia una educación de calidad. Esta muestra es por la necesidad de intensificar la práctica de la acción del profesor no sólo a través de la formación inicial, pero la importancia que debe atribuirse a la formación continua de profesionales de la educación que puede proporcionar una educación de calidad que permite al estudiante frente a la dificultades y desafíos del mundo donde usted vive. La elección del tema se hizo consciente de la importancia de la cuestión, las dificultades y desafíos que atraviesan este contexto y cómo es visto por la sociedad contemporánea. Por lo tanto, la cuestión es sentida por su aplicabilidad en la educación, la necesidad de una reflexión constante. La literatura fue utilizado para observar este hecho desde el punto de vista de algunos autores significativos en la educación brasileña, que a su vez sirvió de base para la sensibilización sobre el tema en foco.
Palabras clave: enseñanza de la trayectoria, formación y educación continua, educación de calidad,

1 ? INTRODUÇÃO


O presente trabalho objetiva de uma forma suscita relatar a trajetória docente desde a formação inicial até a formação continuada, bem como a citação de alguns teóricos que foram a base para a pratica pedagógica.
A pesquisa bibliográfica serviu para observar essa realidade partindo da ótica de diversos autores significativos dentro da Educação Brasileira, que, por sua vez embasaram a consciência a respeito do assunto em foco.
Assim os posicionamentos tomados no decorrer do presente relatório, foram auxiliados pelas defesas dos autores consultados e que serviram de referencial para a formação do corpus do presente texto. Contudo, cada argumento e conceito encontram referência e sentido a partir da consulta e analise das discussões empreendidas e da prática docente durante todo o percurso.

2 ? OLHAR RETROSPECTIVO

Relatar sua trajetória profissional engloba as lembranças mais profundas da história que a construiu, dos desafios enfrentados, das oportunidades agarradas e das perdidas, dos lugares que foram habitados e acima de tudo das relações vívidas. E é com esse olhar retrospectivo profundo e transparente que identifico o percurso que é representado por minha formação acadêmica, inicial e continuado que foram associadas à primeira experiência como professora.
Tudo começou em agasto de 1985 estava cursando a 8ª série no sistema tele ensino na Escola Municipal Alice Moreira de Oliveira no distrito de Sítios Novos município de Caucaia quando recebi da Diretora Dona Noeme um convite para ensinar na 2ª série do antigo 1º grau, hoje Ensino Fundamental, pois a professora da referida sala havia casado e iria morar em outro lugar, fiquei perplexa com inesperado convite, confesso que na hora da decisão o que pesou mais para o sim, foi o fato que eu iria ser remunerada pelo serviço prestado. O que parecia ser apenas o primeiro emprego de uma jovem de apenas quatorze anos passou a ser o inicio de uma carreira no magistério. No ano seguinte iniciei o Curso Profissionalizante no Colégio da CNEC Luzardo Viana, no final de 1989 estava concluindo o 2º grau na Modalidade Normal, hoje Ensino Médio, de agora em diante era professora de prática e formação. No ano seguinte comecei a trabalhar na escola Antonio Albuquerque Lima no Parque Potirá um dos bairros de Caucaia com maior índice de vulnerabilidade social. Inicio dos anos noventas e lá estava eu recém formada com apenas 18 anos. A Diretora da escola colocou ? me pra ensinar matemática de 5ª a 8ª séries, visto que eu tinha o 4º normal e na área de ciências, o desafio era grande, porém encontrei bastante afinidade com as turmas embora a maioria dos alunos fossem mais velhos do que eu, havia uma cumplicidade saudável na relação professora e alunos.
Em 1993 prestei concurso para professora no município de Paraipaba ? CE, fui aprovada e assumi em fevereiro de 1994 de 5ª a 8ª séries nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, mas só permaneci esse ano, pois na época morava em Fortaleza e esse município ficava a 110 km da capital.
Somente no ano 1997 já morando no interior do estado numa cidade praiana de nome Paracuru (terra do famoso escritor Antonio Sales) fiz novamente concurso para professora e no dia 04/02/1998 foi nomeada do quadro efetivo da rede pública do município de Paracuru no cargo de professora de educação básica II, fui lotada na Escola Municipal Rufino como professora de português e matemática de 7ª e 8ª séries, somente no ano 2000 resolvi prestar vestibular para pedagogia fui aprovada e comecei meu curso de nível superior e à medida que eu cursava paralelamente com certeza minha prática pedagógica melhorava e era notório e visível pelos resultados dos alunos é tanto que no inicio de 2001 quando meus alunos do TAF(Telecurso do Ensino Fundamental) foram submetido as avaliações externas todos obtiveram resultados acima da média e fui contemplada com um prêmio em dinheiro.
Daí a importância de uma qualificação contínua por parte do professor, de onde recai, cada vez mais, a responsabilidade pela formação do espírito critico do aluno. E um aluno proveniente de um meio carente ao qual pertence grande parte da população brasileira, chega à escola necessitando cada vez mais de maior atenção, exigindo do professor novas técnicas, entusiasmo e dedicação.
Esses procedimentos assumidos pelo professor para garantir ao aluno um bom acolhimento na escola levam-no a adotar métodos que facilitem o domínio diante do conhecimento ministrado em sala de aula e esses métodos incluem as formas variadas de avaliar o nosso alunado, sempre de maneira que facilite compreender o nível de apreensão por parte do aluno. Compreender o nível do aluno é uma questão relevante para o processo ensino-aprendizagem.
Com isso, Gramsci (1979, p. 93) diz que:

A metodologia do ensino, queiramos ou não, está inserida na relação educativa e tem também sob sua responsabilidade, ao lado das demais disciplinas que compõem o Currículo dos cursos de formação de educadores, o compromisso de suscitar a Capacidade critica ? criadora do educando.


Encontramos no autor acima, o seu posicionamento de que, um professor bem capacitado, de acordo com sua experiência, com o projeto da escola em que está inserido, com as especificidades de seu grupo-classe, encontrará os caminhos, possíveis e mais adequados para desenvolver um trabalho em que o objetivo seja o compromisso com todos os alunos, permaneçam na escola, aprendam e progridam em seu processo de conhecer o mundo.
A formação docente se faz necessária, principalmente para não se repetirem equívocos pedagógicos de alguns períodos da história da educação em que se ignorou a importância de formação continua dos educados e da aplicação dos métodos de ensino.
Logo em seguida veio o convite por parte do Gestor Municipal para ser Diretora Geral da referida escola. Assumir a gestão de uma escola era um grande desafio para mim, mas com certeza maior desafio foi assumir uma sala de aula com apenas quatorze anos. Iniciei meu trabalho com a certeza que muito tinha a ser feito, mas que tudo que se fosse fazer deveria ser de forma democrática e participativa por todos os segmentos com o objetivo de atender a todos os alunos. Foram quatro anos de muitas conquistas e vitórias de toda equipe. Com o coração partido, mas na certeza do dever cumprido disse um adeus a escola Rufino Vieira, pois havia feito concurso para supervisão pedagógica do município e coordenação do estado e foi aprovado nos dois. No inicio de 2005 iniciei na função de supervisora pedagógica da Escola Municipal Riacho Doce e como coordenadora escolar de gestão da Escola Estadual Maria Luiza Sabóia Ribeiro.
Uma experiência que merece destaque é o Cargo assumido em 25/02/2005 Coordenadora Escolar de Gestão da Escola Estadual de Ensino Médio Maria Luiza Sabóia Ribeiro, cargo assumido através de seleção com provas de conhecimentos técnicos, provas de títulos e entrevista. Para uma gestão de quatro anos com as seguintes atribuições: Articular escola, família e comunidade buscando a permanência e o sucesso do aluno. Responsável pela elaboração e coordenação de Projetos Sociais e o Projeto Escola Aberta aos Finais de Semana por uma Cultura de Paz e coordenação dos projetos da esfera municipal, estadual e federal. Quero enfatizar que em 2007 fomos escolas destaques ficamos em 3º lugar em desempenho ficando atrás apenas do Colégio da Policia Militar e do Colégio do Corpo de Bombeiros. Fiquei até fevereiro de 2009, fiz novamente seleção para o novo mandato de 2009 a 2012, estou no banco de reservas, por opção própria não assumi, porém fui contemplada com uma bolsa de estudo para fazer o Curso em Especialização Gestão e Avaliação da Educação Pública - Tecnologias e Gestão de Educação pela Universidade Federal Juiz de Fora ? UFJF.
Nada em minha vida profissional foi tão tocante e tão significativo o quanto ter vivido quatro anos e meio na Escola Riacho Doce, nessa escola amei e fui muito amada, ensinei, no entanto aprendi muito, disse muito não, mas ouvi muito sim, sou adulta, porém voltei a ser criança, não sei dançar, mas um dia me tornei uma bailarina clássica ,voltei a ser adolescente no Projeto Adolescer, comecei a entender o meio ambiente no Projeto Mangue Vivo. Fomos todos vitoriosos quando saiu o resultado do SPAECE - ALFA 2007 e 2008 e lá estávamos selo verde escuro escola nota 10. Enfim foi nessa tão simples e significativa escola que senti o sabor da Didática da Afetividade. Infelizmente por questões políticas não suportei a pressão e tirei licença sem remuneração por três anos de agosto/2009 a agosto de 2012. Para justificar o real sabor do prazer do aprendizado significativo e do dever cumprido na Escola Riacho Doce relato abaixo alguns dos teóricos que estiveram conosco ao longo dessa caminhada.
Etimologicamente, Educação é um termo de origem latina. Broccoline (1990) apresenta o significado de "fazer sair, lançar, trazer à luz" ? educar ? educavi ? educatum ? educare, referindo-se a criar, sustentar, elevar, instruir e ensinar.
Nesse âmbito, a criação possui um movimento que é realmente de sua própria essência do conhecimento. Para que esse conhecimento se efetive, a liberdade constitui a principal estratégia do educador para que a imaginação criativa se construa no pensamento original e inovador, verdadeiro e autêntico.
Assmann (1997, p.32) em seu livro "Reencantar a Educação" expressa que "educar é fazer emergir vivências do processo do conhecimento. O produto da educação deve levar o nome de experiência se aprendizagem".
Assim, atualmente, almeja ? se por uma escola viva, com uma pedagogia que cultive o inovar, a curiosidade, a criatividade, onde o professor seja o protagonista e o mediador da promoção autônoma e intelectual do aluno.
Alves (1998, p.34) costuma dizer que: "educar tem tudo a ver com a sedução, seduzir para um saber-sabor". Portanto, para o conhecimento como fruição, pedagogia é encontra-se e seduzir-se reciprocamente com experiências de aprendizagem.
A educação se confronta com essa apaixonante tarefa: formar seres humanos impares, e ao mesmo tempo introduzindo-os através da estruturação de sujeitos coletivos naqueles âmbitos da vida social que extrapolam o lar e a escola: a comunidade local, os problemas nacionais, as grandes questões contemporânea.
Como explica Saviani (1984, p.19) a educação deve levar o estudante a compreender a sociedade onde vive no conhecimento de seus condicionantes. O autor diz a respeito dos estudantes: "uma vez que postula não ser possível compreender a educação senão a partir dos conhecimentos dos seus condicionantes sociais".
Não se pode esquecer esta dimensão no campo da didática da afetividade, compreendendo o que acontece no tão fértil solo da sala de aula.
Dando sequência a minha formação cotinada em 2006 iniciei o Curso de Pós-Graduação em Metodologia do Ensino Funadamental e Médio e no dia 15/09/2009 apresentei e defendi a Monografia com o tema "O PROCESSO AVALIATIVO NO CONTEXTO DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE" . E atualmente ingressei no Mestrado em Ciências da Educação, confesso que estou um tanto receosa, não sei se consiguirei fazer a dissertação,não é bem a dissertação em se e sim todo o percurso até a sua conclusão, envolvendo o trablho de pesquisa, o momento de sintetisar, enfim o processo.
Nóvoa (1995) diz que: "O aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente". Para esse teórico a formação continuada se dá de maneira coletiva e depende da experiência e da reflexão como instrumentos contínuos de análise.
Atualmente estou Gestora Social de uma entidade filantrópica que é financiada pelo FCC ? Fundo Cristão para Criança, com certeza há diferenças, visto que na escola trabalhamos projetos educacionais e nas ONGS trabalhamos projetos sociais, contudo sei que estou contribuindo muito para que tenhamos um mundo mais justo e igualitário.


3 ? CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finaliza na defesa que o professor é um protagonista de geração cada vez cada vez mais voltado para uma educação de qualidade. Refletir sobre este aspecto educacional é compreender que um simples gesto docente apresente uma repercussão social mais abrangente. Talvez o próprio educador não perceba que sua vivência com o aluno possibilite a formação social de forma significativa e transformadora.
Portanto, educar hoje é inserir o estudante na vida social, em toda amplitude, em toda a sua extensão. É favorecer o engajamento social, fazendo com que o ser humano busque meios de, a cada dia, encontrar mais sentido entre aquilo que vê na escola, com o que aplica em sua vida prática. Essa reflexão se dá pela própria funcionalidade do professor, pelo sentido da escola e pela efetividade dos conteúdos escolares.
Educar para desenvolver o espírito crítico é, portanto ponto marcante dos novos parâmetros da educação nacional, e isso vão sendo realizado de forma lenta, pois muito ainda temos que fazer para que nós educadores se voltem para conhecer a realidade do educando e de e seus limites e acompanhar o potencial do aluno, de entender seu talento e suas perspectivas de sucesso na vida.

4 ? BIBLIOGRAFIA

ALVES, Vera Teixeira de. Literatura: A Formação do Leitor: Alternativas Metodológicas.
2.ed. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1998.
ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
BRANDÃO, José Carlos. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1986 (Coleção Primeiros Passos).
GRAMSCI, Antonio. A alternativa pedagógica. Barcelona. Nova Terra, 1979.
NÓVOA, Antonio. Os professores e sua formação. Lisboa/Portugal, Dom Quixote, 1995
SAVIANI, N. Educação Brasileira em Tempos Neoliberais. Texto apresentado no Congresso de Pedagogia. Havana/Cuba, 1984