ode a alegria

Por Renata souza | 25/02/2019 | Crônicas

    Na cadeira de balanço os pensamentos iam e voltavam no mesmo ritmo. Ela colocou as mãos no ventre e respirou profundamente. Junto ao som da cadeira de balanço escutávamos a nona sinfonia de Beethoven. A alegria se desenvolvia dentro dela,  para ela , com ela e o que mais o futuro ditasse, nada mais seria simples. O composto tomava conta do seu corpo e seu viver.

   Inesperadamente a musica para, o que a fez votar ao compasso da cadeira e interrompe-lo num fechar de olhos.

         Ao abri-los viu um homem totalmente estranho que a fitava profundamente. Seu semblante era de preocupação .Ela não via nada além daquele rosto. Tentou falar  mas não teve forças.

     O balanço retomou e a música também. Pela tonalidade da luz percebia que a tarde trazia a noite e um escuro tranqüilo se fazia presente. Teve vontade de andar pela casa, olhar o quarto preparado com tanto carinho, afofar o travesseiro. “organizar as roupas organizadas”. Mas a escuridão a convidou a ficar.

  Imaginou ter descansado o suficiente para passar a noite na cadeira e acordar pela manhã, mas ao tentar levantar o corpo não conseguiu e seus olhos limitavam seu  olhar .

  O cheiro e o barulho lhe indicavam que era um  hospital .Imediatamente levou as mãos à barriga. Quanto mais apalpava mais certeza tinha de que naquele espaço não havia mais nada.

  As lágrimas  escorriam , muitas lágrimas. O silêncio perpetuava. Um lenço macio e perfumado lhe percorria todo o rosto de forma cuidadosa, como se tivesse secando seu coração. Olhou para aquelas mãos, seguiu o braço e seus olhos encontraram o mesmo homem, agora não mais estranho. Ela tentou falar , mas num gesto com as mãos ele lhe mostrou que o silêncio deveria continuar.

   Enquanto o homem a examinava, ela o observava com um olhar de receio.Tudo esteve e estava em suas mãos.

    Agora está tudo bem. Seu filho é saudável!

 Aquela  torrente de emoções sintetizaram numa indescritível vontade de rir.

  Sorriu, acolheu seu filho em seus braços e ouviu  mais uma vez: “O canto de quem espera um novo dia” na certeza que a alegria iria lhes acompanhar para sempre.

                                               Renata /01/2019

Artigo completo: