Ocupação Indígena do Cerrado
Por Thamyres Sabrina Gonçalves | 21/06/2011 | GeografiaINTRODUÇÃO.
A área do cerrado e os chapadões do Brasil Central concentra um grande contingente populacional indígena. População que se encontra distribuída continuamente pelo bioma. Essa população engloba aproximadamente 26 povos (BARBOSA E SCHMITZ,2008;P.49) de características culturais distintas, cuja situação atual e fragmentação demográfica não refletem a importância que esse espaço Geográfico teve na sua fixação populacional nem mesmo a verdadeira história da ocupação do cerrado por esta população.
As movimentações populacionais relacionam-se com movimentações de ordem ambiental, ainda que elas sejam mediadas pela cultura.Esses sitemas culturais foram sendo, de certa forma, desestruturados, e as populações impulsionadas a buscar novas formas de planejamento ambiental e social como alternativa de sobrevivência. Nesse contexto, essas áreas abertas representadas pelo cerrado existentes em "manchas" significativas em torno do bioma, devem ter favorecido fundamentalmente novas expectativas de sobrevivência e novos arranjos culturais também. Desencadeando certamente os processos iniciais de colonização das áreas inteioranas do continente latino americano. Sendo possível posteriormente constatar-se a formação de um horizonte cultural fortemente adaptado ás novas condições ambientais desta região.
A procedência desses primeiros povoadores não é ainda muito clara; entretanto, há indicadores de que algumas áreas do oeste brasileiro poderiam atuar como centros dispersores de população. O estudo comparativo de diferentes variáveis bem definidas poderá certamente conduzir á algumas respostas á respeito da população.
DESENVOLVIMENTO.
Emvirtude dessas questões duas hióteses forma levantadas:
Se a ocupação dessas áreas foi realmente anterior á das áreas do cerrado dos chapadões do Brasil Central, é possivel que as populações que alcançaram São Raimundo Nonato e Lagoa Santa não tenham migrado por esses chapadões centrais, pois seus vestígios não foram ali encontrados. Ou, se migraram, os vestígios estão mascarados pela indústria que constitui a Tradição Itaparica.
Se a ocupação de São Raimundo Nonato e Lagoa Santa foi anterior á do cerrado, e se a migração não ocorreu nesse ambiente, é possível que as populações atingissem essa áreas pela caatinga, migrando ao longo das depressões do Rio Amazonas, pelas duas margens, e assentand-se de forma mais duradoura em São Raimundo Nonato e, posteriormente, em Lagoa Santa, cujo êxodo se efetuou pela caatinga da depressão sanfranciscana.
Assim, de acordo com os dados disponíveis que envolvem significativas amostragens em Mato Grosso do Sul, na quase totalidade de Goiás, em grande parte do Tocantins, no oeste da Bahia e em grande parte de Minas Gerais, a ocupação efetiva do interior do continente sul-americano iniciou-se com a implantação do Horizonte do Cerrado, á partir de 11.000 anos (AP).
As populações que dominaram a tecnologia estabeleceram a indústria que veio a constituir a Tradição Itaparica, colonizando uma área de grandeza espacial com cerca de dois milhões de quilometros quadrados, que se trata de Mato Grosso a Goiás e Tocantins, além de áreas de Cerrado em ambientes cobertos pela caatinga do Nordeste brasileiro, notadamente Pernambuco e Piauí. Essas localidades, em conjunto, revelaram o alcance dessas tradição e a maneira homogênea como foi organizado o espaço.
Demonstram também a importância que o sistema biogeográfico
do Cerrado exerceu nesses processos de ocupação por essas populações. A existência de uma fauna que faz do cerrado um ambiente prioritário, associada a grande variedade de frutos, a ocorrência de abrigos naturais com a existência de muitas grutas e cavernas e a um clima sem muitos excessos de variação, exerceram papéis importantes na fixação de populações humanas, bem como no desenvolvimento de processos culturais específicos. Pela estrutura demográfica a que esteve associada seu estabelecimento na área converteu-se em marco referencial de grande importância para que fossem estudados os processos culturais que caracterizaram o alvorecer do povoamento humano nas áreas centrais da America do Sul. Resta portanto esclarecer a seguinte questão: o que teve essa paisagem de tão especial para atrair populações que faziam uso de um sistema especial de caça e coleta, favorecendo ocupações duradouras e homogêneas?
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
A tentativa de uma projeção rumo a épocas mais recentes, evidenciam que a vegetação do Cerrado constituiu-se um elemento fundamental para a mobilidade populacional dessas sociedades. Com base no ciclo de abastecimento populacional do ecossistema do Cerrado, é possível construir um modelo que possa representar a organização espacial e o comportamento cultural das populações indígenas residentes dentro do Território equivalente ao Cerrado.
No Cerrado, as populações indígenas desenvolveram culturas diferentes, em decorrência de suas origens, seu tempo histórico e suas possibilidades, sobretudo tecnológicas. As condições ambientais encontradas pelos horticultores indígenas não parecem ter sido muito diferentes daquelas conhecidas pelos primeiros colonizadores de origem européia, entretanto foram utilizadas de maneira absolutamente diferenciada com diferentes associações de valores.
Atualmente, os povos indígenas cujas populações sobrevivem na região do cerrado podem ser reunidos nos seguintes grupos:
Guajajara ? de língua teneteara, família tupi-guarani, tronco tupi. Habita o centro-sul do Maranhão.População: estima-se 6.776 indivíduos.(Dados de 1982/1983)
Urubu ? Kaapor ? de língua urubu, pertencente á família tupi-guarani, do tronco tupi.Habita o noroeste do Maranhão em áreas de transição entre o Domínio do Cerrado e o Domínio Equatorial Amazônico.População: 494 indivíduos (dados de 1982)
Guajá ? Não existem informação precisa sobre a língua falada por este grupo.Habita desde o centro-sul do Maranhão até o norte do Tocantins. População:Possui uma população aproximada de 240 indivíduos, dos quais 150 estão sem contato com a civilização. (dados de 1982)
Tembé ? como os guajajaras, também falam a língua teneteara. Habitam áreas do noroeste do Maranhão, na localidade indígena de Turiaçu, na transição para o Domínio Equatorial Amazônico. População: aproximadamente 130 indivíduos.
Gavião (Pukobié) ? fala a língua timbira, pertence a família jê, do tronco macro-jê. Habita o MA. População: aprox.306 indivíduos.(dados de 1983)
Krikati ? de língua timibira, habita o MA, população: aprox.325 indivíduos (dados de 1983)
Canela Apaniekra ? de língua timibira, habita o MA, população: aprox.274 indivíduos (dados de 1983)
Canela Rankokamekra - de língua timibira, habita o MA, população: 718 índios (dados de 1983)
Bakairi ? fala a língua dos bakairi, da família karib, qua ainda não está devidamente classificada em tronco. Habita o leste do Mato Grosso, População: aprox.448 índios (dados de 1983)
Bororó ? língua dos bororos, família bororó, tronco macro jê. Suas
aldeias estão distribuídas pelo Mato Grosso. População: 752 índios.
Xavante ? língua dos acuéns, família jê, tronco macro jê,habitam o MT, população:4413 índios
Javaé/Karajá ? Língua dos carajás,que ainda não tem classficação em família,tronco macro Jê, Habitam o TO, população:338 índios
Karajá ? Língua dos carajás, Habitam o Tocantins e o Mato Grosso, população:1194 índios
Tapirapé ? Língua dos tapirapés, família tupi-guarani, Habitam MT e TO, população: 180 índios
Avá ? Canoeiro ? Língua ainda não precisamente definida, família tupi-guarani,tronco tupi, população: 101 índios
Xerente ? Língua dos acuéns, família jê, tronco tupi, Habitam o Tocantins, população: 850 índios
Krahô ? Língua dos timbiras, família jê,tronco macro jê, Habitam o TO, população:894 índios
Apinayê - Língua dos timbiras, família jê,tronco macro jê, Habitam o TO, população:508 índios
Guarani ? Língua dos guaranis, família tupi-guarani,tronco tupi, Habitam Tocantins e Mato Grosso do Sul, população: 12445 índios
Kadiwèu ? Língua kadiwéu, família guaikuru,ainda não classifcada em tronco, Habitam o MS, população:850 índios
Terena ? Língua dos terena, família aruak, tronco aruak, Habitam o MS, população: 9711 índios
Camba - grupo sobre o qual não se tem informações linguíticas, Habitam o Mato Grosso do Sul,e possuem um população: de aproximadamente 2 mil indígenas.
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