O VÍRUS COMPETITIVO

Por Marcelo Diniz | 09/12/2010 | Filosofia

O VÍRUS COMPETITIVO
Por Marcelo C. P. Diniz
Nos últimos anos, quem viajou e visitou uma livraria de aeroporto deu de cara com centenas de livros sobre competitividade: você contra os outros, sua empresa contra as outras, o Brasil contra os outros. "Espírito competitivo" é o nome do jogo que, teoricamente, nos impulsiona ao progresso, ou melhor, que leva os mais aptos a tirar de cena os menos aptos, que constrói o sucesso. "Espírito competitivo" é a expressão máxima do egoísmo.

Para justificar o comportamento que estressa os competidores, destrói negócios e outras possibilidades de sucesso, a teoria evolucionista de Darwin é muito usada: as espécies evoluem pela sobrevivência dos mais aptos, em constante competição com todos os outros. Mas será que é assim mesmo? Fritjof Capra ensina que "quanto mais estudamos o mundo vivo, mais nos apercebemos que a tendência para a associação, para o estabelecimento de vínculos, para viver uns dentro dos outros e cooperar, é uma característica essencial dos seres vivos". E completa: "a agressão excessiva, a competição e o comportamento destrutivo são aspectos predominantes apenas dentro da espécie humana."

Esse tal "espírito competitivo" que encontramos comumente nas empresas e na política é, na realidade, um vírus. Um vírus que despreza a busca do bem comum nas relações políticas, econômicas e sociais, supremo objetivo da ética. E que relega a segundo plano o jogo "ganha ganha", esquecendo-se de que inovação e progresso podem perfeitamente ser alcançados em espírito de cooperação. E que se a cooperação fosse extensiva a todas as relações humanas, poderíamos ser, aí sim, absolutamente sustentáveis.