O VALOR DO PASSADO

Por Ciro Toaldo | 28/08/2024 | História

QUAL O VALOR DO PASSADO? 
Professor Me. Ciro José Toaldo 
    Seguidamente tenho sonhos com meus avós, pois em vida contavam histórias de minha Terra Natal. Entretanto, na atual sociedade não se valoriza as suas raízes. Nela, tudo relacionado ao ‘velho’ é descartável, sem valor e deve ser tirado de cenário! 
    Os leitores assíduos sabem dos vários artigos escritos a respeito de valorizar e preservar patrimônios históricos, sobretudo de Capinzal (SC)! Um dos últimos foi sobre a Caixa de Água que subsiste ao tempo junto da antiga e desativa estação ferroviária, ambas em completo abandono. O descaso pela ‘cultura em relação à preservação do passado’ e, pela alienação embriagadora e alucinógena pelo “novo/moderno” atrelado à alta tecnologia, torna-se assustador e varre a história de nossos heroicos desbravadores. 
    Desculpe as áreas da engenharia, mas não posso ficar calado frente à mentalidade que há no país quanto aos símbolos que remontam ao passado histórico! Não é ser contra progresso ou evolução, apenas busco defender equilíbrio, ou seja, passado e presente devem ter espaços. Como exemplo, há o fantástico centro de Curitiba (PR), nas construções de seus imponentes edifícios não derrubaram as centenárias araucárias. Essa perspicácia da engenharia moderna trouxe beleza e encantamento, pois a robustez do verde contracena entre os arranha-céus. 
    O escritor Vitor Almeida (in memoriam) escreveu um livro denominado ‘Rio Capinzal, a epopeia de um povo’, com o qual meu saudoso pai me presenteou e, nesta obra o autor destaca, com fotos, os primeiros casarios construídos no então Rio Capinzal, ainda não era um município.  
    Na semana que passou, acompanhando reportagens pela internet deste jornal, encontrei a notícia de um dos casarios histórico do centro de Capinzal que deverá ser demolido para construção de um prédio. Trata-se da bela casa de alvenaria da década de 40, situada na Rua XV de novembro, esquina com a Rua Dom Vicente Gramazio. Ela é conhecida atualmente como ‘Casa Amarela’. Vitor Almeida menciona essa casa em seu livro, na página 41, a imagem é 051, afirmando que sua construção se destinou para ser um misto de estabelecimento comercial e residencial, de propriedade do empresário Antônio Zortéa Primo, posteriormente transacionado com Sebastião Rodrigues de Almeida. 
    Essa casa fez parte de minha infância e adolescência, meu primo Laércio Toaldo lembrou-me que nela residia ‘Tio Basto’ e ‘Dona Leonilda’, além de ter sido um patrimônio do Doutor Hilário e de Dona Gracinha Zortéa, aliás, mais acima desta ‘Casa Amarela, encontra-se outra residência fascinante, era de propriedade de Doutor Hilário, cujos filhos Fernando e Betânia eram meus colegas de escola. 
    Nem tudo que é antigo em Capinzal está sendo demolido, cito o esforço e coragem feita para restaurar o Ateneu Clube. Destaco e parabenizo toda a diretoria desta entidade histórica deste munícipio, especialmente Marius Farina que fez a coordenação deste trabalho de reconstrução do Ateneu Clube. 
    Ações como a feita pelo Ateneu Clube deveriam ter maior valor, incentivo e receber as congratulações da comunidade, pois quando há resgate do passado da coletividade, não apenas será guardada a história, mas será preservada a energia e a vigorosidade de nossos ancestrais. Por isso, desde os tempos dos romanos, a mais de dois mil anos é atualíssima a citação: “Povo que não preserva a memória de seu passado e de seus ancestrais, torna-se um povo morto”.    
    Acordemos enquanto temos em nosso meio as raízes e os patrimônios culturais dos antepassados, sobretudo daqueles mais significativos! 
Enfim, responda: qual o valor do passado? 
    Até o próximo! 

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