O USO DO SIGNWRITING – LÍNGUA DE SINAIS ESCRITA

Por ROSALBA DIAS LEMOS | 24/11/2016 | Educação

Resumo

Levando em consideração a aplicação do direito de todo aluno conforme as leis da inclusão, e o diferencial lingüístico do aluno surdo, o objetivo deste artigo é mostrar o uso do sistema Signwriting,  como uma modalidade de comunicação lingüística possível ao aluno  surdo. Este artigo é baseado em estudos feitos com alunos surdos, que pela falta da segunda língua no  caso a língua portuguesa, estes usam o desenho para ter acesso ao conteúdo desejado e para fazerem-se entendidos também. Visto as altercações atuais abre-se oportunidade para se pensar no uso deste sistema pouco conhecido no dia a dia e a necessidade de se aprender  o mesmo para o crescimento da cultura surda em geral .

 

 

INTRODUÇÃO

O sistema Signwriting é caracterizado pela escrita da Língua de Sinais – LIBRAS – uma outra forma de comunicação pela Língua de Sinais.  Também é considerada uma codificação gráfica da Libras sem passar pela tradução da língua falada (STUMPF, 2002) sobre a qual foi-se levantada uma curiosidade sobre a prática do Signwriting e  a sua aplicabilidade no cotidiano do indivíduo surdo.

Este artigo é baseado na investigação quanto ao uso ou aplicabilidade do sistema Signwriting na vida do aluno surdo e um breve conhecimento sobre este assunto pouco conhecido por muitos.

 Para tanto o objetivo deste estudo foi analisar a importância do uso do Signwriting na instituição de ensino denominada Emef Nice de Paula Agostine Sobrinho, que voltada à educação de alunos com surdez pertencentes a quatro ciclos distintos (2º. ano ao 5º. ano e 6º. ano ao 9º. ano do Ensino Fundamental). A proposta pedagógica, curricular e organizacional é baseada na proposta de educação bilíngue, em que todo processo curricular é realizado por meio da Língua Brasileira de Sinais, Libras, objetivando o aprendizado do português modalidade escrita.             

O sistema signwriting

O Signwriting é um sistema de escrita da língua de sinais. Este sistema é constituído de um conjunto de símbolos e regras de escrita definidos para representar os diversos aspectos fonéticos, fonológicos e morfológicos da língua de sinais. O sistema comporta aproximadamente 900 símbolos que é utilizado para escrever movimentos de qualquer língua de sinais no mundo, sem passar pela tradução da língua falada.

 Segundo STUMPF (2005)  que no ano de 1974, Valerie Sutton, coreógrafa americana teve a iniciativa de desenhar movimentos de uma dança e pesquisadores dinamarqueses da línguas de sinais, ao ver essas escritas despertou interesse para adaptá-las a línguas de sinais.

Sutton começa a trabalhar com os surdos, e suas notações gráficas evoluem para um sistema, o Signwriting, que pode registrar qualquer Língua de Sinais sem passar pela tradução da língua falada. O fato do sistema representar unidades gestuais faz com que ele possa ser aplicado a qualquer Língua de Sinais. Cada Língua de Sinais vai adaptá-lo à sua própria ortografia. (STUMPF 2005 p. 62).

Da mesma forma que acontece com as línguas orais, o Signwriting também sofreu ao longo de sua existência, evoluções na forma e nas adaptações dos elementos estruturais da escrita, este fato ocorreu com a ajuda de pessoas surdas e ouvintes nativos da língua de sinais e no ano de 1986 ao de 1996, foi o período em que teve  maior transformação.

Segundo CAPOVILLA (2002), atualmente, o signwriting se encontra em uso em vários países como: Dinamarca, Irlanda, Itália, México, Nicarágua, Holanda, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil.  No Brasil, a escrita da língua de sinais começou a receber uma atenção especial desde 1996, onde os surdos e profissionais começaram a despertar o interesse pelo sistema. Hoje esta disciplina esta introduzida no curso Letras Libras, oferecido pela Universidade Federal Santa Catarina-UFSC, que são distribuídos em pólos de Ensino a Distancia em vários Estados e Capitais, e aqui no Espírito Santo  um desses pólos esta localizado na Universidade Federal do Espírito - UFES. 

Segundo STUMPF (2002), o Signwriting não se desvincula da LIBRAS, pois sabe-se que a maioria dos alunos que dominam a Língua de Sinais brasileira tem também facilidade para usar o sinais escritos e este oferece uma oportunidade de um novo patamar para esta língua que se torna evidente nas trocas entre professores e alunos.

Segundo BARROS (2006),  a escrita cotidiana de uma Língua de Sinais,  trará para os surdos benefícios semelhantes aos proporcionados aos ouvintes pela escrita de uma Língua oral. Ao pensar na variedade de situações em que se utiliza a escrita, podemos vislumbrar a grande lacuna existente na realidade lingüística dos surdos. Se apenas se considerar que qualquer decisão com valor legal  deve ser feita por escrito, já se tem  motivos para difundir a escrita dos Sinais, para que o surdo, se quiser, possa ler e escrever em sua língua nativa e para que não necessite de tradução. 

 QUADROS (2000) diz:

O sistema escrito de sinais expressa as configurações   de mãos,

 os movimentos, as direções, a orientação das mãos, as expressões faciais associadas aos sinais, bem como relações gramaticais que são impossíveis de serem captadas através de sistemas de escrita  alfabéticos. (p.58). 

De acordo com GIRAFFA, SANTAROSA E CAMPOS (2000), o Signwriting é definido por três estruturas básicas: a posição de mão, através dos movimentos e pelo contato. As posições básicas das mãos são: fechada, circular e aberta,

conforme a figura 1. A mão pode estar paralela ou perpendicular ao chão.

Segundo BARROS (2006),  da mesma forma como o abade de L’Epée percebeu o valor lingüístico dos gestos e elaborou 386 estudos,  por perceber a diferença entre surdos e ouvintes, hoje também eminente a necessidade de se pensar nos sinais escritos. Este episódio histórico passou por várias etapas, incluindo  o oralismo que era o que  queria eliminar a diferença entre surdos e ouvintes. Desenvolve-se então a comunicação total que tentava um meio termo para que os surdos se fizessem entendidos.

O mesmo desafio agora é para a escrita de sinais, que chama-se de Signwriting. Da mesma forma como os ouvintes são beneficiados quanto a escrita da língua oral, seriam também os surdos com a Língua de Sinais Escrita. Os ouvintes tem o domínio da escrita da língua oral, com seus fonemas, morfemas e  classificações escritas. Não é uma competição. Pensa-se em questão de direitos iguais, então, os surdos saem perdendo em termos linguísticos se compararmos as demasiadas situações em que se pode utilizar a escrita, do bilhete pessoal ao contrato empresarial é representado com o registro da escrita. Considerando que todo documento com valor legal é feito por escrito, nada mais digno  que se perceba também por estes fins, a Língua de sinais escrita, ou seja, o signwriting.

Para BARROS (2006), ao passo que a Libras já foi reconhecida como língua nacional desde 2002 é então a partir deste momento relevante difundir a escrita da Língua de Sinais, para que o indivíduo surdo leia, e escreva sem necessitar de intérprete.

Ele faz uma comparação quanto a Língua de Sinais e a necessidade do sinal escrito, comparado a escrita:

Atualmente, não se pode mais negar ao surdo a possibilidade de ser alfabetizado em sua LN. Isto praticamente equivaleria à ação de proibir a utilização de LS ocorrida em Milão, em 1880, quando da decisão a favor exclusivamente do oralismo como proposta educacional. A grande diferença entre as duas situações é que a utilização de LS já era corrente, o que tornou a atitude um tanto mais agressiva. Quanto à escrita, esta ainda está em fase de estudo e experimentação, mas vale dizer que, em geral, não encontra resistência ao ser apresentada aos surdos, pelo contrário, desperta bastante interesse e parece ir ao encontro de anseios profundos. (BARROS, 2006 pg 388) 

Percebe-se nesta fase de estudo e experimentação o que ROSA (2007) mostra em seu projeto várias pesquisas em tecnologia pra o uso do Signwriting, por exemplo:  o chat Signwriting, edição de texto para Signwriting e vários outros.

ROSA, 2007  apresenta  um  software desenvolvido para a produção de textos e exercício da escrita da língua de sinais.

O Sign Writer

ROSA(2007),  diz que o  Sign Writer é um editor de textos em sinais desenvolvido por Richard Gleaves e difundido pelo Deaf Action Committe (EUA). Este programa é baseado no sistema de escrita Signwriting. Existem versões do Sign Writer para outras línguas. A versão apresentada a seguir é 4.3 para MS-DOS em português desenvolvida em 1995.

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