O USO DIGITAL COMO ALTERNATIVA DINAMISADORA DE LEITURA E COMPLEMENTAÇÃO EXTRACLASSE NAS AULAS DE LINGUA ESTRANGEIRA

Por CLEBSON MORAIS DE ASSUNÇÃO | 18/02/2016 | Crescimento

 

1- Introdução         

            A educação ao longo dos anos tem sido motivo de preocupação “primária” no Brasil, a mesma, inserida no contexto de estudos científicos, filosóficos, social pelos quais, tem-se objetivado melhorias no campo educacional com auxílio nos estudos e em pesquisas para lograr um melhor aprimoramento didático no que se diz respeito contexto educacional público. Nesses estudos são debatidos projetos educacionais no que tange aos modelos de ensino, métodos, avaliações e procedimentos didáticos que de alguma forma, não tem sua melhor eficácia no contexto educacional público em particular.

            Nos anos 20, o país passava por transições políticas, econômicas e sociais e concomitantemente dando origem a vários segmentos como: a chegada dos imigrantes, a migração da população rural para a zona urbana com o intuito de trabalhar na indústria por uma melhor condição de vida. Entretanto, a  jornada de trabalho exaustivo gerou um movimento por parte dos operários com o apoio da escola e imprensa que deram inicio aos ideais de liberdade e melhores condições de existência.

            Desse período em diante, surgiram vários métodos de ensino em língua estrangeira com o ensino do inglês e francês em resposta ao sistema tradicional tais como: Método Direto, Método Audiolingual, Audiovisual, Método Situacional (estrutura-global), Método Nocional-Funcional,  Enfoque Comunicativo assim como também o chamado Método Sociointerativo que relaciona a sociedade ao meio educacional como importância de interação socioeducacional diferentemente do modelo tradicionalista. Esses métodos deram sua contribuição ao fator ensino/aprendizagem, porém ainda se busca outras abordagens para um melhor desempenho em sala de aula.

            Neste ínterim histórico da educação no Brasil, cabe ressaltar que a escola se preocupava também com seu fator interno, ou seja, a política do bom ensino atrelada as concepções didáticas pedagógicas apoiando-se em muitos pesquisadores como Paulo Freire e demais pesquisadores no ensino público brasileiro.

             Pós anos 80 surge a teoria de letramento com foco na leitura e escrita como subsidio teórico e prático nas aulas de língua Portuguesa. Hoje se busca incorporar o letramento nas aulas de língua estrangeira por as mesmas apresentarem semelhanças no aspecto de leitura e escrita.

             As práticas de leitura ainda seguiam formas linguísticas, regras estruturais que, no entanto, deve-se de ter o domínio  da forma correta de leitura e escrita em sua prática. Varias estratégias vem sendo debatidas sobre de que forma se dá o letramento no corpo discente.

            Percebe-se uma verdadeira gama de produções textuais nos mais diversos gêneros, assim como os tipos de avaliações na escola, o egresso nas universidades, os  parâmetros (PCNs) como parte conselheira desse conjunto.

            As mudanças no sistema educacional em curso, decorrentes de todo esse trabalho, criam uma situação de incerteza que desestabiliza o professor alfabetizador e o professor de língua materna (KLEIMAN, 2006).

            É sabido que as incertezas do docente face à aos câmbios paradigmáticos que não coincide com a realidade ditada e exigida nos documentos como os PCNS e a LDB, assim como os modelos de avaliação (ENEN, 1999), as inúmeras avaliações das escolas públicas (SAEB, 1997), o (ENAD, 2004), o Provão (1996-2003).

O desprestigio e exacerbação dos docentes, é o desconhecimento, por parte do alfabetizador e do professor de língua portuguesa, das teorias de linguagem que embasam os documentos oficiais, pois elas não fazem parte da maioria dos programas de cursos de Pedagogia e Letras que os formam.

                                                                                                       (Cf. SOARES, 1997)

 

            O objetivo desse trabalho é buscar formas que venham a estimular e desenvolver no aluno o hábito de leitura em língua estrangeira e trabalhar com uma variedade de linguagens para o enriquecimento lingüístico e cultural  do discente, sendo a língua espanhola como disciplina do processo na sua melhor forma do conhecimento, através do ensino do mundo da informatização pelo qual os alunos estão inseridos. Sendo assim, aproveitando-se dessa ferramenta (internet e sítios de relacionamentos) para dinamizar o processo de letramento em LE, focando o alunado acoplado a política de inclusão nas TICS (Tecnologias de Informação e Comunicação).

          Serão  analisados problemas enfrentados por alunos em relação às práticas de leitura no contexto educacional e, por conseguinte, se apresentou possíveis soluções para tais dificuldades com o objetivo do aprimoramento do letramento em especial nas séries do ensino fundamental II.

         A primeira dificuldade encontrada é o tempo das aulas compostas por 45 minutos, sendo uma apenas durante a semana de aulas; outra é a escassez de ferramentas didáticas para o uso em sala de aula, a grande demanda de alunos para um tempo mínimo de aula, também dificulta o desenvolvimento da leitura.

        Uma solução para melhorar tais problemáticas se dará em usar o letramento digital como abordagem extraclasse e como tema fomentador da proposta. Criar um “blog” com charges para se trabalhar a leitura em um “sitio” de relacionamentos (Face book), pelo qual, a maioria tem acesso como complementação das aulas de espanhol.

 

2-         Sentindo-se a necessidade de mudança no aspecto didático-pedagógico, pensou-se numa proposta que culminasse no momento de ócio fora do contexto escolar como o uso da internet e os sítios de relacionamentos pelo discente, onde o mesmo pudesse situar-se em um contexto educacional de maneira que estivesse mais livre para estudar e fazer uso das leituras de língua espanhola.

          Utilizar o letramento digital como proposta didática poderia trazer benefícios educativos para o alunado de língua espanhola, pois a ideia será justamente inserir o discente no meio digital referente à sua educação inserindo no contexto da informática que, de certa forma, o conhecimento do mundo virtual é uma necessidade no mundo globalizado.

Uma das razões para as incertezas do professor face à mudança paradigmática profissional, que coincide com um ambiente de desprestigio e exacerbação dos docentes, é o desconhecimento, por parte do alfabetizador e do professor de língua portuguesa, das teorias de linguagem que embasam os documentos oficiais e práticas pedagógicas, pois elas não fazem parte da maioria do curso de pedagogia e letras que os formam (cf. SOARES, 1997).

            Kleiman (1995), com base em Scribner e Cole (1981), define letramento como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita como sistema simbólico e como tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos. A autora destaca o modelo ideológico de letramento, concebido por Street (1984), ao lado do modelo autônomo de letramento, enfatizando que todas as práticas de letramento são aspectos não apenas da cultura, mas também das estruturas de poder em uma sociedade.

             Será dada a relevância aos trabalhos de Bakhtin para a compreensão da noção de letramento investigados por Cecília Goulart. Estes trabalhos de Bakhtin objetivam mostrar como o grupo, o meio social, abordam a forma de como se dar o letramento, ou seja, de que forma as pessoas inseridas nesses contextos se letram.

A teoria de letramento aqui abordada está acoplada a linguagem, tecnologia, gêneros textuais e ensino levando-se em conta a importância da tecnologia na educação atual. O letramento digital com fomentações teóricas de Luiz Antônio Marcuschi para subsidiar o tema atrelado às relações das novas tecnologias, gêneros textuais, linguagem e ensino citados anteriormente, também será objeto de estudo.

O mouse na mão do leitor-navegador não traz novidades tão prodigiosas como os arautos da primeira hora imaginaram. Todos podem ficar tranquilos quanto a isso e ninguém deve perder seu sono por causa de alguma arapuca hipertextual na esquina do primeiro link.

                                       (MARCUSCHI, 2004:2006)

 

Estas mesmas teorias fomentam uma tendência de praticas pedagógicas que não se pode descartar pelo fato do contexto educacional situar-se no meio tecnológico não só por estratégias didáticas, mas por uma adaptação, que talvez, sem a qual, com  passar dos anos, será mais complexo estimular o alunado para à  leitura.

Outra base teórica inserida neste projeto é a Alfabetização Digital da pesquisadora Emilia Ferreiro(2011), que investiga, como os demais teóricos citados, a importância das tecnologias de ensino no meio educacional, o uso da informática como ferramenta de uso contínuo nos sistemas educacionais.

Deste modo, para dar uma maior contribuição na proposta de letramento da língua espanhola, em especial, as Tecnologias de informação e comunicação (TICs) servirão como o suporte didático nas aulas de língua espanhola. As TICs estão presentes em diversos âmbitos da sociedade, algo que tem provocado uma profunda transformação em muitos aspectos. Como poderia ser de outro modo, esse efeito também tem sido produzido no meio educativo aparecendo o que se chama de e-learning, isto é, o emprego da tecnologia através dos modernos meios tecnológicos no processo de ensino aprendizagem (Narciso M. Contreras Izquierdo, 2008).

Esse apanhado teórico subsidia e faz parte da relevância temática, tendo em vista, as mais variadas fomentações de pensamentos, os quais, busca nas suas especificidades em relação às praticas de leitura investigadas nas teorias de letramento uma diretriz que suplante o estimulo eficaz de leitura, especificamente ao alunado de língua estrangeira, sendo a língua espanhola como foco.

          A realização desta pesquisa será de cunho etnográfico, ou seja, se dará diretamente com o alunado. Também serão analisadas as teorias de letramento como suporte teórico e fomentador da investigação e ainda buscando informações no referencial teórico no que se diz respeito ao mundo digital.

          O trabalho de pesquisa se dará em uma série do ensino do 9° ano do ensino fundamental II público regular. A metodologia se efetuará de forma virtual asincrônica que trata da  interação intermitente, diferida no tempo, ou seja, o alunado terá acesso aos textos de forma não simultânea, poderão fazer uso das leituras que   serão variadas, depois trazer estas leituras comentadas para o contexto de sala de aula. O aluno poderá ter acesso em qualquer tempo  no blog. O uso das TICs será um dos pontos de apoio na pesquisa.

          No decorrer do trabalho, caso necessário, poderão ser feitas revisões quanto à proposta pedagógica. Os alunos apresentaram suas dúvidas, poderão opinar, e principalmente fomentar o debate como também despertar o senso crítico dos mesmos como forma de trabalho em conjunto. A partir daí, levar os conhecimentos de leitura na sua base sócio-econômico-político-cultural e linguística.   

           Deverá levar-se em conta o fator cronológico, que será de um ano para que os resultados da pesquisa sejam analisados, discutidos e passíveis de mudanças. A utilização do computador será de usá-lo não apenas como um viés dinâmico, mas impregnar nos alunos que o mesmo pode ser usado como ferramenta educativa.

 

REFERENCAIS BIBLIOGRÁFICAS

 

KLEIMAN, A. B. Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola. In: KLEIMAN, A. B (org).  Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, SP: Mercado  de Letras, 1995. P. 223-243.

_____ Letramento e formação do professor; quais as práticas e exigências no local de trabalho? In: KLEIMAN, A. B(ORG). A formação do professor: pespectivas da Lingüística Aplicada. Campinas: Mercado de Letras, 2001. P. 23-36.

 

RIBEIRO, Ana Elisa, ROCHA, Jorge, COSCARELLI, Carla Viana. Linguagen, teconologia e Gêneros textuais e ensino: dez anos de diálogo com Luiz Antônio Marchuchi, Revista da NAPOLL, Niteroi- RJ, v.1, n. 21, p. 169 - 189, jan/ juh. 2010.

 

FERREIRO, Emilia. Alfabetización digital: De qué estamos hablando? Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 2, p. 423- 438. Maio/ ago. 2011.

 

Narciso M. Contreras Izquierdo.Área de Lengua Española. Departamento de Filología Española. Facultad de

Humanidades y CC.EE. Universidad de Jaén. Campus Las Lagunillas s/n, 23071,Jaén, España.

 

SILVA, A. P. D, ALMEIDA, Maria de Lourdes, ARANHA, Simone Dália de Gusmão, CAMPINA, Tereza Neuma de Farias.

 

RAMAL, Andrea Cecilia: Educação na cibercultura: hipertextualiadade, leitura, escrita e aprendizagem/ Andre Cecilia Ramal. – Porto Alegre : Aermed, 2002.