O USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE MUDANÇA NA ÁREA PEDAGÓGICA

Por Teófilo Cortizo Moreira Neto | 04/09/2011 | Educação

Com a revolução tecnológica os alunos se lançam à frente com uma infinidade de recursos de fontes de informações antes inimaginável. A área pedagógica se vê na necessidade de evoluir utilizando de forma inteligente estes novos recursos de modo a reformular os caminhos do aprendizado e repensar o seu planejamento. Apesar da tecnologia está alterando alguns conceitos ela, por si só, não mudará o homem em sua forma de pensar e agir senão pela própria vontade do ser humano de conseguir esta transição.



INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo expor a importância e reflexões das novas técnicas e tecnologias na educação e relatar as experiências adquiridas durante a aplicação do processo de implantação de novas sistemáticas de ensino embasadas nos conhecimentos adquiridos ao longo do curso de graduação de Formação Pedagógica ? UNISUL.

CORPO DO ARTIGO

Nos últimos anos, a tecnologia vem evoluindo e com ela também a sociedade e suas necessidades. A informação hoje é o principal produto de valor no mundo, um país poderoso, hoje, não é o mais industrializado ou que mais possua acúmulos de riquezas, é um país que detenha conhecimento, "know-how", desenvolvimento científico.
Diante deste novo quadro, o paradigma tecnologia x educação nos traz uma reflexão inevitável, como "criador" e "criatura", visto que os novos saberes provindos da educação foram que nos permitiu novas tecnologias. É inevitável que as mesmas possibilitem um novo passo para novos moldes pedagógicos, realimentando um novo ciclo emergente que fornece cada vez um horizonte mais distante. Deste modo, não se pode mais discutir se devemos aplicar novas tecnologias no desenvolvimento educacional, mas qual tecnologia aplicar e como aplicá-la.

Atualmente, professores de várias áreas reagem de maneira mais radical, reconhecendo que, se a educação e a escola não abrirem espaço para essas novas linguagens, elas poderão ter seus espaços definitivamente comprometidos (Kawamura, 1998).

Contudo, as novas tecnologias, por si só, não são capazes de modificar o processo educacional que se encontra nos dias atuais, assim como nenhuma ferramenta trabalharia sozinha sem a vontade do operador as novas tecnologias nada acrescentarão se o ser humano não usá-las racionalmente, com muita reflexão.

Mesmo aqueles que defendem a tecnologia, proclamando apenas seus benefícios, deveriam considerar que a tecnologia educacional deve adequar-se às necessidades de determinado projeto político-pedagógico, colocando-se a serviço de seus objetivos e nunca os determinando. (Rezende, 2002).

E como se trata de questões novas, não se sabe quanto este novo recurso poderá nos auxiliar ou até mudar nossos paradigmas, até porque as novas tecnologias podem propiciar novas concepções de ensino-aprendizagem.
As técnicas utilizando áudios, imagens e vídeos, apesar de distintas, possuem um mesmo fundamento para auxiliar na construção do conhecimento, eles sempre buscam fornecer um significado do assunto para o aluno.

Sabemos que "conhecer é um trabalho de compreender ou estabelecer relações", o aprendizado significativo se baseia no valor e importância que os acontecimentos vivenciados sócio-afetivos têm para cada um e que se constituem em uma rede de relações que se interiorizam logicamente, nos diferentes processos de mediação social.

Na exposição de uma imagem ou um som o aluno realiza uma operação de reconhecimento pessoal, ele inevitavelmente procura uma comunicação com a imagem ou o som, elas podem mostrar algo da sua personalidade ou de sua vivência. Este processo aciona uma reconstrução no conhecimento visto que dá significado ao espectador, ele estabelece relações, portanto desenvolve conhecimento.

Na apresentação de um vídeo os expectadores se entregam a momentos de apreensões emotivas, seduções imagéticas e auditivas prazerosas criando referencias comuns as de amigos, colegas e familiares. Estas referências podem resultar em discussões, conversas, opiniões ou debates trazendo, novamente, significado ao aluno.

Talvez a mais poderosa ferramenta tecnológica e também a mais recente a favor da educação é a internet. Ao contrario de imagens, sons e vídeos, a internet oferece interatividade, relação com softwares, pessoas, bibliografias e opiniões diversas de diferentes lugares e culturas, além das possibilidades áudios-visuais expostas anteriormente. Trata-se de uma ferramenta completa e madura, visto que oferece todos os caminhos possíveis para o aluno, não só o que o instrutor disponibiliza, podendo até o mesmo ser contestado com novos argumentos, visto que o conhecimento é mutante e novas descobertas podem estar sendo feitas e divulgadas. Entretanto, o aluno precisará de mais discernimento e análises reflexivas, analisando todos os documentos que encontrar e nas opiniões expostas nos chats ou fóruns.

Novas tecnologias não se traduzem, por si só, novos conceitos e práticas pedagógicas, pois podemos com ela apenas vestir o velho com roupa nova, como seria o caso dos livros eletrônicos, tutoriais multimídia e cursos a distância disponíveis na Internet, que não acrescentam nada de novo no que se refere à concepção do processo de ensino-aprendizagem.

Dessa forma, conforme Nelson Pretto, as novas tecnologias são usadas apenas como instrumento (Pretto, 1996), que subtiliza seu potencial real se não repensamos os demais elementos envolvidos nesse processo. Nesses termos, cita Regina Kawamura, "sua utilização acaba por resultar quase sempre em aulas em vídeo iguais às da escola de hoje, ou a textos em microcomputadores, interativos e auto-instrutivos, mais limitados que os livros existentes nas estantes escolares" (Kawamura, 1998).

Entretanto, não podemos, simplesmente, confiar à tecnologia educacional uma renovação na área do fazer pedagógico. Para Dillon (1996), acreditar que qualquer nova tecnologia nos oferece os meios de resolver nossos problemas educacionais é fazer parte da nova tecnocracia. Segundo ele, essa nova tecnocracia não é muito diferente da velha tecnocracia das máquinas de ensinar de Skinner, mesmo que admitamos avanços teóricos de lá para cá.

Para que novas tecnologias resultem em novas práticas pedagógicas ou vice-versa devemos considerar o seu uso baseado em novas concepções de conhecimento, de aluno, de professor, transformando uma serie de elementos que compõem o processo de ensino-aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O homem por sua característica histórica é um ser mutante, a própria história natural e humana só existe por causa das modificações ocorridas durante os séculos, sem as mudanças, a vida não existiria, não seria contada e tudo perderia o sentido.

A tecnologia permitiu uma aceleração neste processo, e por isso houve re-direcionamento de valores, costumes, paradigmas e conceitos. As pessoas não se adaptam rapidamente, contudo a velocidade do mundo multiplicou e novas concepções precisam ser revistas, não podemos apenas apreciar a estética e revestir o velho com o novo, precisamos redesenhar o novo sob uma forma mais profunda.

Diante deste quadro a abordagem do assunto "planejamento" ganha novas facetas. Planejar nos remete a projetar e idealizar, o que necessariamente parte de prever as conseqüências de atos antes que elas ocorram. Todavia, as mudanças rápidas que o mundo nos oferece dificulta a sua aplicação de modo fácil, de forma que planos alternativos precisam ser considerados e mesmo esses podem vir a se modificar.

Estas conclusões modificaram nossa visão pessoal na área de ensino. O conceito tradicional foi contestado, maior importância ao planejamento foi dada assim como o cumprimento de suas metas e o uso inteligente de novos recursos pedagógicos aliados às novas tecnologias nos permitiu acompanhar as mudanças exigidas pela sociedade moderna.

Vale ressaltar, no entanto, que o assunto não se esgota, assim como as concepções se transformam ganhando nova forma de ponto de vista. Cabe a nós desenvolvermos mais trabalhos de pesquisas ligados aos temas aqui abordados.

REFERÊNCIAS

REZENDE, Flávia. 2002. ENSAIO ? Pesquisa em Educação em Ciências - As Novas Tecnologias na Prática Pedagógica sob a Perspectiva Construtivista. UFRJ.

KAWAMURA, Regina. 1998. Linguagem e Novas Tecnologias. In: ALMEIDA, Maria José P.M. de, SILVA, Henrique César da. (Orgs.). Linguagens, Leituras e Ensino da Ciência. Campinas: Mercado das Letras.

PRETTO, Nelson. 1996.Uma escola sem/com futuro ? educação e multimídia. Campinas: Papirus.

DILLON, Andrew. 1996. Myths, Misconceptions and an Alternative Perspective on Information Usage and the Electronic Medium. In: ROUET, J.F., LEVONEN, J.J.

MARA CRUZ, Tânia; PIRES, Veruska; MARINHO COSTA, Ramiro. 2006. Programa Especial de Formação Pedagógica para Formadores de Educação Profissional, Módulo II, Palhoça Unisul Virtual.

COSTA, André; MARÇAL FOLRES, Angelita; ROESLER, Jucimara. 2006. Programa Especial de Formação Pedagógica para Formadores de Educação Profissional, Módulo III, Palhoça Unisul Virtual.