O Uso de Materiais Geossintéticos em Aterros Sanitários

Por Nathália do Prado Maia | 18/09/2016 | Engenharia

RESUMO

     Diante do atual panorama de disposição de resíduos sólidos em nosso país e frente às exigências legais em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada em 2010, que exige a extinção dos lixões e substituição destes pelo aterro sanitário, o Brasil atual se encontra em uma situação de necessidade de métodos de engenharia capazes de viabilizar a implantação de aterros sanitários em escala nacional. O aumento nas taxas de produção de resíduos sólidos é outro fator que contribui para esta situação de busca por soluções vantajosas e viáveis do ponto de vista econômico e ambiental. Este estudo apresenta o emprego de geossintéticos em obras de aterros sanitários de modo a otimizar a construção deste tipo de estrutura. As propriedades destes materiais apresentam uma série de vantagens em relação a outros métodos devido à capacidade de implementação dos geossintéticos em sistemas de drenagem, filtração, impermeabilização, auxílio na revegetação de coberturas de taludes, aumento da resistência, entre outras aplicações. Diante deste contexto, os materiais apresentados neste trabalho atuam de forma a viabilizar a execução dos aterros sanitários sob o ponto de vista técnico, de produtividade, estabilidade, economia e facilidade de execução. O estudo apresenta os principais processos normativos voltados aos geossintéticos com aplicação em aterros sanitários e os diversos tipos de geossintéticos que podem ser encontrados no mercado, com suas respectivas funções em um sistema de aterro sanitário.

Palavras-Chave: GEOSSINTÉTICOS, ATERRO SANITÁRIO, ESTABILIDADE, IMPERMEABILIZAÇÃO, DRENAGEM.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil atual, mais de 250 mil toneladas de resíduos sólidos são produzidas todos os dias. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), só em 2014 foram geradas aproximadamente 78,6 milhões de toneladas de lixo, o que representa um aumento de 2,9% em relação à geração feita em 2013, índice superior à taxa de crescimento populacional no país no período, que foi de 0,9%.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada em 2010, todos os lixões do país deveriam ter sido fechados até 2 de agosto de 2014, e o rejeito (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado) encaminhado para aterros sanitários. Há, contudo, um novo projeto de lei (2289/2015) em tramitação na Câmara dos Deputados para adiamento deste prazo, devido à dificuldade encontrada pelos gestores municipais e falta de atitude política para execução desta determinação.

Tal problemática na legislação evidencia a importância da implementação de um método viável para o destino final de resíduos, de forma a não impactar o meio ambiente e nem trazer riscos à saúde da população.

Araújo (2014) considera que o aterro sanitário é o único método tecnicamente adequado para disposição final de rejeitos e que deve ser aliado a determinadas ações e políticas – como incentivo à reciclagem e reuso de materiais – de forma a otimizar o correto destino do lixo gerado.

As principais vantagens do uso de geossintéticos em aterros sanitários estão relacionadas à economia, à facilidade de instalação, à alta produtividade e à sua grande versatilidade de uso - uma vez que possui características drenantes, impermeabilizantes, de separação, contenção, proteção, entre outras aplicações.

A autora do referido estudo, ciente da importância de implementar o uso de materiais que apresentem vantagens capazes de otimizar a execução de aterros sanitários, e, considerando que há, no cenário atual, a necessidade de execução de sistemas que viabilizem a instalação em escala nacional de obras para destino final de resíduos sólidos, interessou-se em pesquisar sobre o assunto.

2           OBJETIVOS

A proposta do trabalho consiste no estudo do uso e aplicação de materiais geossintéticos em obras de aterro sanitário. Desta forma, o estudo tem como objetivos:

  1. Expor as formas existentes de disposição de resíduos sólidos atuais, apontando as desvantagens da disposição inadequada destes resíduos;
  2. Comparar o comportamento de outros métodos construtivos convencionais com as estruturas executadas com geossintéticos, evidenciando as vantagens e desvantagens de cada um;
  3. Apresentar as propriedades intrínsecas aos geossintéticos de acordo com as Normas regulamentadoras vigentes;
  4. Orientar quanto à seleção do geossintético mais adequado para cada aplicação.

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