O USO DE IMAGENS

Por Bárbara Araújo Elias | 23/09/2011 | Bíblia


"Não farás para ti Imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus ou embaixo da terra, ou nas águas que estão debaixo da terra."
(ÊXODO 20,4)



O SIGNIFICADO DAS IMAGENS NA VIDA DAS PESSOAS
As imagens sempre tiveram profunda influência na vida das pessoas, desde tempos imemoráveis da História. O Homem pré-histórico narrava toda a sua história através de desenhos nas cavernas (a arte rupestre), ainda que não tivessem a consciência do que estavam fazendo. A psicologia nos ensina que a imagem não só faz parte de nossa vida, como também, serve-nos de referência. E quando isso acontece, a imagem transforma-se em símbolo.

Quando uma imagem é apenas uma imagem, sem uma história que a contextualize, ela é apenas rememoração, lembrança. Nossa mente sempre procura trabalhar com imagens interligadas. A mente organiza as imagens mentais colocando-as dentro de uma história ou de um contexto. Essas histórias são compostas de um tema central, de personagens principais e secundários, e de acontecimentos que vão se desenrolando. O tema central é o eixo da história.
Quando analisamos o desenrolar das histórias notamos que algumas situações, personagens, objetos, etc., tornam-se tão importantes que o enredo (no todo ou em parte) se desenvolve ao redor deles ou quando eles aparecem mudam o curso da história. Esses são os símbolos. Todo símbolo é uma síntese da união de vários conteúdos Portanto, outra característica dos símbolos é que eles, apesar de estarem na consciência, possuem uma estreita relação com o inconsciente.
Esse é o motivo pelo qual, geralmente, os símbolos são tão difíceis de serem compreendidos.
Os símbolos são imagens poderosas e exercem grande influência sobre a consciência. Uma parte deste poder advém do fato deles serem uma síntese de diversos conteúdos. Outra fonte deste poder vem do fato dos símbolos serem energeticamente fortes.


O SIGNIFICADO DAS IMAGENS PARA OS HEBREUS: "O BEZERRO DE OURO"



Dentro deste contexto, não é difícil compreender como os hebreus sentiram-se logo após sua saída do Egito, e o porquê de precisarem de uma imagem concreta para chamar de "deus". Durante mais de quatro séculos, foram escravos no Egito, um povo politeísta e cercado de imagens de "deuses" para todo lado. Ao se verem no deserto, confiando apenas em um homem que dizia representar o Deus único e verdadeiro, mas sem, contudo, poderem ver este Deus, começaram a se rebelar contra Moisés. Este sobe ao Monte Sinai onde recebe do próprio Deus, o "Decálogo", que viria a ser a Aliança de Deus com seu povo. (Ex 20)
Enquanto Moisés esteve no Sinai, o povo pede a Aarão que lhe faça um "deus para que pudessem adorar". Aarão então lhes faz um bezerro de ouro (Ex 32,1-6), talvez em alusão ao "deus Ptha", um deus egípcio que era para eles, o pai dos deuses, criador das coisas e do mundo. O "Boi Ápis" era sua personificação.


Ao descer do Monte Sinai, Moisés encontra o povo cantando e dançando para um deus pagão. Irado, quebra as tábuas onde estava escrita a verdadeira lei do Senhor e pune violentamente os hebreus. (Ex 32,19-28). No dia seguinte, entretanto, temendo pelo povo que embora infiel, ainda era o povo de Deus, Moisés sobe novamente ao Sinai e implora, mais uma vez, o perdão de Deus (Ex, 33). O Senhor Deus perdoa o povo e ainda lhe dá novas tábuas da lei, renovando assim a Aliança feita com Moisés (Ex 34)


A ARCA DA ALIANÇA


Analisando a Sagrada Escritura percebemos que o abominável não são as imagens por si mesmas, mas a sua adoração como se fossem deuses. Prova disso, é que o próprio Deus ordena a Moisés que construa uma Arca, onde deveriam ser acondicionados os símbolos da Aliança de Deus com os homens. A própria Arca, em si, contem uma série de símbolos.

"Farás uma arca de madeira de acácia; seu comprimento será de dois côvados e meio, sua largura de um côvado e meio. Tu a recobrirás de ouro puro por dentro, e farás por fora, em volta dela, uma bordadura de ouro." (ÊXODO 25,10-11)
"Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto, e protegerão com eles a tampa, sobre a qual terão a face inclinada." (ÊXODO 25, 18-20)


A arca era um baú que Deus mandou fazer de madeira. Ninguém poderia tocá-la, seria morte certa. Dentro da arca havia os objetos símbolos da intervenção direta de Deus no trato do seu povo.
A tampa da arca chama-se propiciatório, segundo 1Jo 2:2 e 4:10 diz "...ele é a propiciação pelos nossos pecados". Isto significa que a tampa da arca simboliza Cristo. A verdadeira arca do concerto encontra-se no céu (ver Ap 11:19)

PROPICIATÓRIO: O vocábulo assim traduzido se deriva de uma raiz que significa "cobrir", "perdoar" o pecado. Representava a misericórdia divina. Em forma significativa, o propiciatório era feito de ouro puro, o que implicava que a misericórdia é o mais precioso dos atributos divinos. Estava localizado por cima da lei, assim como a misericórdia sobrepuja à injustiça (Sl 85:10; 89:14).
A arca e o propiciatório eram o coração do santuário. Por cima do propiciatório repousava a Shekinah, (luz misteriosa que pairava sob o propiciatório e era a manifestação da presença divina). As pranchas da lei dentro da arca atestavam que o reino de Deus está baseado sobre normas imutáveis (Sl 97:2), a qual deve ser respeitada até pela graça divina.
A arca foi chamada por muitos nomes. Era conhecida como "a arca do testemunho" (Ex 25:22) por ser o local que guardava as duas tábuas da lei; "a arca da aliança" (Nm 10:33), falando da relação do concerto de Deus com o seu povo; "a arca de Deus" (1 Sm 3:3) e tantos outros.

CONTEÚDO DA ARCA

Em Hb 9,4 fala-nos que na arca continham três objetos: "... um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Aarão, que tinha brotado, e as tábuas da aliança." Alguns pensam haver uma contradição bíblica, pois em 1Rs 8:9 apresenta apenas as tábuas da lei como estando na arca, mas esta não é uma contradição. Hb 9,4 descreve o conteúdo original da arca, enquanto 1Rs 8,9 registra o conteúdo da arca na hora do Templo de Solomão.


VARA DE ARÃO: O cajado de Aarão floresceu como uma confirmação que Deus havia escolhido a Tribo de Levi para o sacerdócio e a Arão, representante dessa tribo, como líder religioso da nação. Foi colocado na arca como um símbolo da Liderança Divina. (Nm 17:8). Símbolo também do evangelho que deve ser anunciado a todas as pessoas (evangelho eterno), ele usa a vara para ir adiante, a videira verdadeira. Os cristãos têm a responsabilidade de conduzir a mensagem da salvação a todos os povos. Cristo é a videira Jo 15:1, nós somos os ramos Jo 15:5. Arão leva a vara para anunciar a vontade de Deus
O MANÁ: O maná foi o alimento enviado por Deus para alimentar o povo de Israel quando estavam viajando pelo deserto a caminho da terra prometida. Era uma massa alimentícia que pela manhã estava ao alcance das pessoas enquanto o sol não o derretesse. Esse milagre aconteceu durante 40 anos, até quando eles entraram em Canaã. Havia uma porção no maná na arca como símbolo da Proteção e Cuidado Divinos. (Ex 16:4). Outra lição que podemos tirar é que Deus não alimenta preguiçosos. O Senhor enviava o maná ao deserto, ele caia no deserto, quem quisesse, então, deveria ir lá buscar, se não fossem ficariam com fome, ninguém poderia trazer o do outro, mas cada um devia buscar o seu. Assim, a "ração" que você precisa para se alimentar espiritualmente, é você quem deve ir buscar. Todos os dias precisamos nos alimentar da palavra de Deus.

O QUE A IGREJA DIZ A RESPEITO DAS IMAGENS?


Qualificar de superstição e hipocrisia os ornamentos de Igrejas ou quadros e imagens de santos podem ser classificados como ignorância. O culto das imagens sempre teve inimigos na história, fato que ainda persiste em nossos dias. Não percebem (ou não querem perceber que não se trata da adoração ou culto da imagem pela imagem, ou que estas possuam poder sobrenatural ou maravilhoso, o que ai sim, seria superstição e idolatria. Veneramos a imagem sacra mostrando nosso afeto à pessoa por ela representada, assim como temos amor ao retrato de pessoas queridas, onde o papel em que é feito não diz absolutamente nada, mas sim o que ele representa: a imagem dos pais, irmãos, amigos, um ente querido que já se foi, etc.

A Igreja Católica, nos Concílios de Nicéia e Trento, aprovou e recomendou o uso de imagens, fundamentando-se nos seguintes princípios:
1. As imagens não são ídolos, a que os fiéis devam render homenagem.
2. É proibido fazer petições às imagens e nelas depositar uma confiança como se fossem doadores de graças e benefícios. A imagem deve ser para o católico um meio, um instrumento que lhe facilite elevar os pensamentos acima desta terra, às coisas sobrenaturais e divinas.
3. A veneração, o respeito que se tem às imagens, tem por objeto, não a imagem como tal, mas a quem ela se remete.


DIFERENÇA ENTRE ÍDOLO E IMAGEM


Ídolo JAMAIS FOI SINÔNIMO de Imagem.
ÍDOLO é aquilo que substitui o único e verdadeiro Deus. Ex: o bezerro de ouro (ÊXODO 32)
IMAGEM é a representação gráfica, plástica ou fotográfica de pessoa ou objeto. Segundo do CIC 2132, "quem venera uma imagem se remonta ao modelo original".
A Igreja JAMAIS AFIRMOU que devemos adorar as imagens, tampouco lhes atribuir poderes salvadores. A imagem é algo que lembra algo fora dela; o ídolo é o ser em si mesmo.
Uma imagem religiosa é um meio para colocar-nos em contato com Deus, enquanto que o ídolo rouba o lugar de Deus em nossa vida.


DISTINÇÃO ENTRE LATRIA E DULIA

LATRIA ? significa adoração e é o culto devido exclusivamente ao único e verdadeiro Deus. "Adorar a Deus é reconhecê-lo como Deus, como o Criador e o Salvador, o Senhor e o Dono de tudo o que existe, o Amor infinito e misericordioso." (CIC 2096).
DULIA ? significa homenagem, veneração. No campo religioso, são dignos de veneração os santos e todas as criaturas que, neste mundo, fizeram a vontade do Pai, por se tornarem nossos modelos de fé e caridade. "A honra prestada às santas imagens é uma" veneração respeitosa", e não uma adoração, que só compete a Deus". (CIC 2132).

MARIA, A ARCA DA ALIANÇA



Sabemos da importância da ARCA DA ALIANÇA no Antigo Testamento. Era a expressão visível de que Javé estava no meio do povo. Não era um Deus distante e solitário, mas um Deus próximo e solidário.
No Novo Testamento, a ARCA DA ALIANÇA aparece no testemunho final de Estevão, o primeiro mártir cristão: "O Altíssimo, porém, não habita em casas construídas por mãos humanas." (ATOS, 7)
Portanto, já para os primeiros cristãos, as Tábuas de Pedra eram insuficientes, pois eles haviam conhecido, em JESUS, uma NOVA ALIANÇA DE AMOR, feita de um coração manso e humilde.
Assim, a verdadeira ARCA DA ALIANÇA não estava mais no Templo de Jerusalém, pois todo batizado se tornara um templo onde habita Deus.
MARIA foi a primeira cristã; a ARCA DA ALIANÇA DE CARNE!


CONCLUSÃO

Os católicos não devem se deixar levar por conceitos errôneos a respeito das imagens, que nada mais são do que meras representações elaboradas por hábeis artistas. Devemos, entretanto, saber discernir o abismo que separa IMAGEM de ÍDOLO e o espaço que elas ocupam em nossa vida. Recorrendo às Escrituras, constatamos que nós mesmos, os seres humanos, fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, portanto, foi o próprio Criador quem criou a primeira imagem de si próprio. Isto para nos lembrar que, por pior que seja o nosso semelhantes, devemos ver nele a imagem do próprio Deus. (SIC: Página Oriente Site Católico Apostólico Romano).
O homem em sua vida sensitiva, muito depende das coisas que o rodeiam. Como o cristão prudente e sincero procura afastar de si todas as más influências, com prazer se inclinará a tudo que em sua alma for capaz de produzir boas impressões e elevá-las a Deus e às coisas santas. É este o motivo porque a Igreja orna o interior dos templos com belos quadros e imagens de santos. O aspecto destas coisas desperta na alma pensamentos salutares, o desejo de imitar o exemplo da virtude daqueles que se santificaram na lei de Deus.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



 Bíblia Sagrada
 Apostilas e livros de História Antiga
 CIC (Catecismo da Igreja Católica)
 www.paginaoriente.com/catecismo/imagens
 www.gesp.xpg.com.br/biografias/biomoises
 www.youtube.com.br/vídeotravessiadomarvermelho
 www.vivos.com.br
 www.veritatis.com.br/apologética/imagens-santos