O USO DAS TICS NO CONTEXTO ESCOLAR: O PAPEL DO PROFESSOR

Por Carlos Roberto Santos Ferreira | 09/02/2017 | Educação

UNIVERSIDAD INTERAMERICANA

PÓS – GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

 

O USO DAS TICS NO CONTEXTO ESCOLAR: O PAPEL DO PROFESSOR

Carlos Roberto Santos Ferreira¹

RESUMO

Atualmente são inegáveis as imensas transformações em todo o mundo devido às novas formas de produção e inovações das tecnologias da informação e comunicação – TIC´s. Estas transformações influenciam diretamente nos modos de organização de toda a sociedade, inclusive no campo educacional. Refletir a educação exige um olhar crítico sobre alguns fatores determinantes no processo de ensinar e aprender. O docente precisa aperfeiçoar continuamente sua prática pedagógica e se habilitar para o uso dos diversos instrumentos modernos. A escola deve acompanhar as mudanças decorrentes do mundo contemporâneo e se equipar para atender as exigências da modernidade.  No presente artigo, algumas reflexões foram feitas, e procurou-se compreender a maneira como os professores estão lidando com as mudanças advindas da presença dos recursos tecnológicos modernos na escola, a partir do seu fazer pedagógico, analisando as formas e condições concretas e efetivas do trabalho educativo nas escolas. Pretendeu analisar as propostas apresentadas por estudiosos para a formação continuada dos profissionais da educação, numa perspectiva de uso das tecnologias enfocando as potencialidades e limitações destes profissionais.


Introdução

Atualmente, estar em contato diariamente direto com as tecnologias vem alterando e influenciando os modos de comunicação e interação entre os membros de nossa sociedade. A todo o momento, ouve-se falar em termos como “exclusão digital” e “analfabetismo digital”, fazendo referência às pessoas que por alguma maneira, ficaram ou ficarão à margem do fenômeno das tecnologias da informação e comunicação – TICs acredita-se que, quem não sabe manusear as tecnologias será rotulado como analfabeto, e terá dificuldade de se adaptar ao novo meio profissional. Essa realidade se apresenta como um dos grandes desafios educacionais da atualidade, afinal as tecnologias interferem direta e indiretamente em vários aspectos da sociedade em que vivemos.

 

               É fato que as tecnologias, através principalmente dos computadores e da internet, apresentaram novos direcionamentos para a cultura, comunicação e educação. E é com base nesta realidade, que a escola ao desempenhar seu papel de agência formadora tem incorporado em suas práticas o uso das tecnologias da informação e comunicação, até porque, os cidadãos formados pela escola atuarão no mercado de trabalho, ambiente este, que assim como muitos outros, exigem os conhecimentos provenientes da área até mesmo como critério de seleção.

 

               Nesse sentido, é preciso ressaltar que a nível nacional, muitas unidades escolares distanciam-se da realidade desejada, à medida que não possuem estrutura para acompanhar tais transformações, porém, são estimáveis as ações do poder público para reverter este quadro, através inclusive de políticas desenvolvidas pelas três esferas do governo: federal, estadual e municipal. O certo é que já existe um número considerável de escolas que possuem em sua estrutura laboratórios de informática visando subsidiar a utilização destes recursos como ferramenta pedagógica de ensino em diferentes áreas do conhecimento, que muitas vezes não são utilizados por falta de conhecimento dos docentes quanto ao equipamento.

 

               Levando em conta que a utilização das TICs no contexto escolar efetivamente como ferramenta de ensino facilitadora da aprendizagem dos alunos, a qual está fortemente influenciada pela formação docente, seja ela inicial ou continuada, o presente trabalho analisa como se dá a relação entre formação docente e o uso das tecnologias no processo educativo. Este estudo objetiva investigar a relação entre formação docente e o uso de tecnologias no processo ensino-aprendizagem eficiente.

 

Inclusão das TICs nas escolas: contexto geral

Nos múltiplos problemas educativos que apresenta o atual contexto educacional, professores e pedagogos sentem-se ansiosos, pedem renovação, sentem a necessidade de uma orientação técnica segura e definitiva para ajudar seus alunos a desenvolverem uma aprendizagem eficiente.

Os docentes e o corpo pedagógico se veem em um espaço de tempo quase imperceptível em meio a tantas transformações tecnológicas e de necessidades peculiares, quando se depara com alunos e suas múltiplas necessidades quanto à aprendizagem.  A rapidez das informações, por exemplo, mostram como a tecnologia está presente nas diversas situações cotidianas das escolas. É a cultura digital que, assim como em todas as outras áreas da vida humana, tem influenciado de forma imperativa as relações escolares e o processo de ensino-aprendizagem.

Sobre esse tema, Barreto (2001) diz que inclusão digital é uma transformação técnico-científica que ultrapassa os limites da educação, tornando-se uma necessidade social à qual o homem moderno encontra-se submetido. Devido a isso, esse homem é obrigado a “dominar” as tecnologias digitais. Tornou-se uma questão de sobrevivência, posto que todos estão inseridos em um mundo globalizado cada vez mais dependente das mesmas.

Por esse motivo, há muitas iniciativas voltadas para a inclusão de todos que fazem parte do meio educacional, inclusive o professor, no contexto das TICs, visto que todos precisam e devem estar preparados para utilizar as mesmas.  As necessidades do dia a dia não permitem mais que as escolas fiquem fora do contexto digital.

Nos últimos anos, tem aumentado o número de iniciativas, ora com objetivo de acelerar a incorporação dos cidadãos às novas formas de organização social introduzidas pela tecnologia, ora no sentido de evitar que a evolução tecnológica funcione como novo fator de exclusão social. Mesmo nos países de economia avançada, esses objetivos têm demandado um esforço considerável por parte dos governos, em associação com a iniciativa privada. (SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NO BRASIL – LIVRO VERDE. 2000).

 

É fato que a inclusão digital é para todos e não apenas algo da moda. O cotidiano mostra que dela todos dependem, porque assim exige o mundo moderno nas suas múltiplas faces e necessidades de um mundo que a tecnologia tornou pequeno.

No entanto, quando se volta para a realidade brasileira, percebe-se que o avanço tecnológico acaba excluindo muitos que não têm acesso a essas transformações. Como não poderia deixar de ser diferente, é uma situação que não é distinta também no contexto escolar, gerando analfabetos tecnológicos. Os mesmos acabam ficando fora, por exemplo, do mercado de trabalho. A situação é pior ainda, quando se trata de alunos que são auxiliados por professores resistentes às TIcs.

Para Lucena (2003), ao utilizar, incluir as TICs nas salas de aula sem excluir nenhum aluno, o docente torna o processo de ensino-aprendizagem sintonizado com a vida contemporânea, proporcionando aos estudantes o acesso a uma nova forma de comunicação que privilegie a escolha dos próprios caminhos. Pretto (1999) diz ainda:

 

(...) há que se ter em mente a necessidade de uma mudança de pensamento, muito mais profunda do que simplesmente inserir as tecnologias no processo educacional, como forma de compreender os novos processos de aquisição e de construção do conhecimento acarretados pelas mudanças que a ciência e a tecnologia trouxeram ao longo do último século. Introduzir as tecnologias na escola é parte de um processo maior, necessária, mas não suficiente para que o sistema educacional brasileiro se articule com o momento histórico. Com isso, permitir-se-á que escola esteja interligada à grande rede, fazendo parte do processo coletivo de construção do conhecimento, passando da inteligência coletiva para o coletivo inteligente (LÉVY apud PRETTO, 1999, p. 80).

Aqui, ao se falar em transformação, é preciso considerar que o atual contexto das escolas públicas exige, segundo Pretto, a implementação de políticas educacionais que estejam de acordo com as novas necessidades. Necessidades que incluem o respeito a todos os alunos com suas mais diversas peculiaridades.

Se por um lado as unidades escolares têm vivido momentos importantes na era da sociedade da informação, em que a disseminação das tecnologias e comunicação chega inevitavelmente às salas de aulas, por outro, as mesmas unidades convivem com o desafio duplo de adequar todas essas transformações a todos envolvidos no contexto.

A preocupação é devido à assertiva de que quando um cidadão é incluído digitalmente, ele estará inserido à sociedade de modo a evitar a exclusão social, pelo uso das tecnologias de informação e comunicação, tendo direito ao livre acesso à informação. Sobre isso, Teixeira faz a seguinte observação:

(...), propõe-se o alargamento do conceito de inclusão digital para uma dimensão reticular, caracterizando-o como um processo horizontal que deve acontecer a partir do interior dos grupos com vista ao desenvolvimento de cultura de rede, numa perspectiva que considere processos de interação, de construção de identidade, de ampliação da cultura e de valorização da diversidade, para a partir de uma postura de criação de conteúdos próprios e de exercício da cidadania, possibilitar a quebra do ciclo de produção, consumo e dependência tecnocultural. (TEIXEIRA, 2010, p. 39).

Voltados para tal necessidade é que no meio educacional, como no restante do país, todos envolvidos no contexto são unânimes quanto à importância de saber que incluir digitalmente é disponibilizar a tecnologia e fazer dela um instrumento de ensino e até mesmo de possibilidade de inclusão social para todos, independente da particularidade de cada estudante.

Assim, é preciso se fazer uma análise quanto à inclusão e ao uso das TICs, porque é perceptível que mesmo diante dos inúmeros avanços, no quesito tecnologia e ciência no meio educacional, a eficiência, de fato, não acontece de maneira tão rápida. É pertinente lembrar que a escola pode adquirir aparelhos tecnológicos, porém não é a responsável sozinha pela funcionalidade dos mesmos. Aqui, faz-se necessário repensar as práticas pedagógicas, principalmente de professores, para que os objetivos sejam alcançados.

De acordo com a realidade das unidades escolares, quando começam a trabalhar focando a inclusão das TICs, de fato, em sala de aula, surgem questionamentos relacionados às reais transformações no que se refere à comunicação responsável pelo modo de ensinar e de aprender em todos os sentidos e necessidades.

O papel do aluno, do professor, da avaliação e até da própria definição do que é saber estão sendo repensados, à medida que computadores e redes eletrônicas invadem os espaços de aprendizagem tradicionais, ofertando inovações de imagem, som, movimento, hipertextualidade, virtualidade e realidade virtual. (FILATRO, 2004, p. 29-30)

 

            É importante salientar também que na sociedade atual a tecnologia costuma ser considerada, muitas vezes de forma equivocada, como uma solução para quase todos os problemas ligados à aprendizagem. Nesse ponto, é preciso muito cuidado, porque só distribuir aparelhos, criar programas, utilizando tecnologia, não é suficiente para que os alunos melhorem seus desempenhos escolares. Apenas ter tecnologia à disposição dos estudantes, não tem efetividade. É necessário, por exemplo, um professor capacitado que lhe oriente de maneira adequada fora e dentro da escola. Isso porque o desenvolvimento pessoal, organizacional do país é resultado da capacidade de pensar e de questionar que cada indivíduo deve exercer no meio social.

O uso da tecnologia na educação, ajudado pelos inúmeros avanços da modernidade, conduz sim suas virtudes em direção à melhoria do processo de ensino-aprendizagem de todos os alunos. No entanto, utilização deve ser planejada, visando coerência com estratégias, métodos e técnicas de ensino, aproveitando suas qualidades de potencial. Nesse contexto, as TICs aparelhos na educação sob o ponto de vista da aprendizagem modificam o conhecimento em cooperação e criatividade, estimulando a liberdade e a coragem para transformar o aprendiz que passa a ser protagonista da sua aprendizagem. (HAMZE, 2008)

 

A utilização das TICs pelo professor: suas dificuldades e resistências

 

Ao se falar da relação existente entre as TICs e o professor no cotidiano escolar, faz-se necessário o uso das mesmas considerando a visão construcionista e a instrucionista. Isso porque, na primeira, a interação entre as ferramentas ligadas à informática e ao educando é evidente; na segunda, ao contrário da primeira, há a valorização da aprendizagem passiva em que o professor ao invés de ser o mediador, passa a ser alguém que auxilia o estudante em relação àquilo que a máquina não lhe oferece.

Assim, na construcionista, os aparelhos eletrônicos nas aulas são vistos como recursos que buscam a formação de sujeitos críticos, conscientes, com autonomia para construir o seu conhecimento, com papel ativo no seu processo de aprendizagem; na instrucionista, o papel do professor é o de prestar o auxílio que inexiste nesses aparelhos eletrônicos, percebendo os erros e dificuldades dos estudantes, levando-os a refletir sobre os conceitos envolvidos. Neste contexto, reforça-se a aprendizagem passiva, composta por atividades mecânicas e repetitivas, ou seja, centrada em tarefas de memorização, que se assemelham ao ensino tradicional.

Desse modo, e necessário repensar as atividades humanas, a postura profissional, redefinindo as exigências dessa realidade, posto que novas habilidades e competências estejam vindas à tona nessa nova era informatizada e virtual.

O uso das novas tecnologias da comunicação e informação representa uma grande inovação em sala de aula, pois propicia o desenvolvimento das produções em colaboração, podendo instigar o espírito investigativo tanto dos alunos quanto dos professores sendo que estes poderão apropriar-se do uso das tecnologias para mediar os trabalhos dos estudantes, sentindo-se desafiados a buscar condições mais adequadas para o processo de aprendizagem interativo e dinâmico. Para Moran (2000), a mudança na educação depende basicamente da boa formação dos professores:

Bons professores são as peças-chave na mudança educacional. Os professores têm muito mais liberdade e opções do que parece. A educação não evolui com professores mal preparados. Muitos começam a lecionar sem uma formação adequada, principalmente do ponto de vista pedagógico. Conhecem o conteúdo, mas não sabem como gerenciar uma classe, como motivar diferentes alunos, que dinâmicas utilizar para facilitar a aprendizagem, como avaliar o processo ensino-aprendizagem, além das tradicionais provas (MORAN, 2000, p.18).

 

As transformações ocorridas nas últimas décadas anseiam por profissionais cada vez mais preparados e capacitados no domínio para o uso das mais diversas ferramentas tecnológicas, explorando as competências e habilidades ideais no processo de ensino/aprendizagem.

 

Brandão (2002) complementa:

 

Hoje, através da Internet é possível sair do individualismo e propor um ensino cooperativo, onde a navegação através de links mantenha vivo o espírito da pesquisa científica, com base em questões problematizadoras, onde professores e alunos possam interpretar e fazer releituras do conhecimento estabelecido e alargar horizontes mediante fórum virtual de discussões (BRANDÃO, 2002, p. 6).

 

É fundamental mostrar como integrar os meios de comunicação na escola, dando sugestões de como os professores podem se favorecer com o uso de software, youtube, biblioteca virtual, EAD, chat, etc., tendo papel fundamental, equilibrando flexibilidade e organização em suas mediações.

É por isso que a formação de docentes em todos os cursos, relacionada ao uso das TIC, tem sido tema de inúmeras discussões no meio educacional. Sabe-se que muitos cursos de formação ainda não contribuem de forma efetiva para a implantação de mudanças na prática pedagógica. Em geral, o professor ao se deparar com obstáculos que dificultam sua prática, perde o interesse e se acomoda.

A formação de professores é fundamental e exige dos formadores, não só elementos para que ele construa conhecimento sobre computadores, mas que o ajudem a compreender como e porque integrar o computador à sua prática pedagógica e que ele consiga superar barreiras e criar condições para se atingir os objetivos pedagógicos a que se propõe.

A concepção do uso da informática na escola amplia a visão de educação e extrapola os domínios do espaço educativo. O aluno aprende fora da escola e do olhar do professor. As informações agora estão disponíveis mais facilmente com as TICs e o professor não se encontra mais como detentor único do conhecimento. Porém informação e conhecimento são dois termos que se confundem, mas não significam a mesma coisa. Informação pode ser compreendida como um conjunto de dados organizados para informar e conhecimento exige compreensão, argumentação, interpretação e intervenção neste conjunto de dados para gerar algo novo. Conhecimento exige relação entre sujeito e objeto e é neste aspecto que percebemos a importância do mediador, neste caso o professor.

Por isso, os cursos de formação e capacitação de professores devem cuidar para que este profissional se sinta confortável e não ameaçado pelo uso das TICs em sala de aula. Na visão de Gianolla, (2006, p. 55), “os sentimentos relacionados com o computador acontecem sob alguns aspectos principais: recusa, medo e sedução”. O professor se sente inseguro na medida em que precisa demonstrar suas dificuldades. Isto cria uma situação de dependência do outro. Portanto é preciso estar disposto a uma aprendizagem constante e disponível aos erros e acertos. A troca de experiências e o trabalho em grupo favorecem um aprendizado com autonomia.

Lembrando que “quando o inesperado se manifesta, é preciso ser capaz de rever nossas teorias e ideias, em vez de deixar o fato novo entrar à força na teoria incapaz de recebê-lo”, (Morin, 2000, p.30) percebemos que ensinar através das TIC, requer uma profunda reflexão sobre a visão de conhecimento fragmentada e fora da realidade. Requer também, uma revisão sobre o papel do professor para que o mesmo torne-se um promotor da aprendizagem. E que tal aprendizagem seja fruto da interação do aluno com o conhecimento em construção.

Porém, repensar os processos, requer reaprender a ensinar. Do professor atual se exige que ele seja um profissional aberto, equilibrado e inovador. Exige que esteja bem preparado e motivado a atualizar sua contínua formação pedagógica. É uma nova postura do professor que poderá ajudar seus alunos na organização das inúmeras informações, contradições e visões de mundo.

Buscar nova postura, não é fácil. As escolas com seus programas de formação continuada devem preparar seus profissionais para se tornarem capazes de superar barreiras. Segundo Nóvoa, (2002, p.23), “o aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente”. Então, a formação continuada que promove estudos, pesquisas e experiências, realizadas com o objetivo de crescimento profissional e pessoal, orienta o docente para um melhor desempenho em sua prática pedagógica.

Dessa forma, a inserção de tecnologias da informação e comunicação nas escolas deve ser de forma desarticulada com os objetivos educacionais e a aprendizagem dos alunos, estes são aspectos que devem ser considerados e as ações que contemplem estas tecnologias, assim como quaisquer outras, devem ser planejadas, para só então serem executadas, sendo interessante também que sejam constantemente avaliadas pela equipe pedagógica da escola.

[...] deve buscar novas formas de ajudar o aluno, despertando o seu interesse, desafiando-o, levando-o à discussão e à ação-reflexão-ação, auxiliando-o a descobrir o significado e o contexto do conteúdo abordado. (SOARES, 1990, p.15)

 

Percebe-se a importância do papel do professor na utilização das TICs, sendo a prática pedagógica fundamental para que a inserção destas ferramentas no ambiente escolar se consolide de forma exitosa, sem resumir-se apenas na presença de computadores nos laboratórios de informática das escolas, ou mesmo em posse dos alunos nas escolas, porém, sobretudo, na constituição como um meio didático que objetive alcançar uma melhor formação aos alunos, possibilitando que estes tenham a aprendizagem facilitada utilizando os recursos tecnológicos de forma crítica e ética.

Baseado nos quatro pilares norteadores da educação, citado por Jacques Delors (1998) no Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI, no que se refere a “aprender a conhecer”, deve haver uma reflexão sobre a formação de educadores. Um programa de formação de professores deve propiciar ações e reflexões. Buscar teorias que ajudem a compreender a prática. Quando há uma reflexão sobre suas potencialidades e dificuldades o professor se propõe a mudanças e se sente estimulado a enfrentar situações desafiadoras.

A utilização do computador na escola, como ferramenta pedagógica, exige uma compreensão maior do que seja o processo de aprendizagem, para que não se confunda as ideias de “informar-se sobre o mundo com o formar-se no mundo” (Gianolla, 2006, p.52). Com isso, é preciso conhecer não só a parte técnica, mas, também, o que fazer com elas, parte-se daí a importância de formações continuadas e planejamento para o uso das TIC em sala de aula.  Formar-se no mundo exige construção do conhecimento, através do computador, envolvendo não só professores e alunos, mas toda a comunidade educativa. É necessário que todos compreendam as mudanças na visão do ensino, hoje dividida em disciplinas e horários fragmentados para uma visão interdisciplinar através de projetos que despertem o interesse dos alunos para que possam recontextualizar o aprendizado e integrá-lo a sua realidade de vida.

 

Considerações Finais

 

É importante que se reflita o uso das TICs como um conjunto de elementos que proporcionam mediações, culminando assim, em processos os quais agem de forma eficiente no processo ensino-aprendizagem.

Quanto à formação de professores no uso de TICs, observa-se com base na pesquisa feita, a necessidade de que os professores devem receber formação de qualidade para atuar de forma competente frente às mesmas e a exigência do momento atual em que estamos inseridos. É necessário que se valorize a importância da formação continuada para uso de tecnologias. Os professores em sua maioria assinalaram para necessidade de capacitação permanente de professores, principalmente por estar diante de um desenvolvimento tecnológico, no qual a cada dia que passa surge novos dispositivos que poderão ser utilizados nos processos de ensino.

A pesquisa bibliográfica mostrou ainda, no que se refere às práticas pedagógicas, que o uso das Tic´s, contribui para aprendizagem dos alunos, à medida que estes passam a ter acesso a conhecimentos pela mediação de tecnologias. Fica evidente que o uso das tecnologias provoca mudanças nas relações entre processos de ensino e aprendizagem.

Sendo assim, a relação entre a formação docente e uso das tecnologias deve ser compreendida a partir da complexidade do acesso (inclusão) de tecnologias, formação docente e práticas pedagógicas por considerar esses elementos fundantes para busca de uma educação de qualidade através do uso de TIcs. Nesse sentido, recomendam-se aos órgãos públicos, os núcleos de tecnologias, escolas e seus atores sociais, que criem e melhorem a infraestrutura tecnológica, não somente pela inclusão de tablet’s, por exemplo, como almeja o Ministério da Educação ou outro dispositivo tecnológico na escola, mas cuide para existência de uma boa plataforma de mídia, conexões e largura de banda. Além disso, o investimento em capacitação é condição necessária para melhoria da prática docente, principalmente com cursos de formação continuada. São ações que poderão contribuir para melhoria da qualidade de ensino de escolas públicas, proporcionando, assim, efeitos sobre as práticas de professores ainda resistentes quanto às TICs em sala de aula.

 

Referências Bibliográficas

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MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO. 2000.

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SOARES, Magda. A reinvenção da alfabetização. Disponível em: http://www.meb.org.br/biblioteca/artigomagdasoares.Acesso em:

28 março. 2016.