O uso agrícola de solos rasos: limitações para a conservação
Por Luiz Felippe Salemi | 19/11/2009 | ArteO uso agrícola de solos rasos: limitações para a conservação
Solos rasos apresentam problemas para o uso agrícola devido à sua baixa profundidade. Diante disso, é possível usar esses solos para agricultura sem deteriorá-los?
Solos rasos, geralmente, apresentam maior abundância de fragmentos grosseiros de material rochoso que ainda não sofreu intemperismo. Em função disso, esses solos apresentam restrições agrícolas ao seu uso (veja mais detalhes em http://www.webartigosos.com/articles/24503/1/restricoes-agricolas-de-solos-pedregosos/pagina1.html).
Figura 1. Neossolo litólico, um solo raso. No exemplo, por meio da fita métrica percebe-se que o solo possui apenas cerca de 40 cm de profundidade.
Fonte da foto: www.uep.cnps.embrapa.br
O fato de possuírem baixa profundidade faz com que solos como os Neossolos Litólicos e alguns tipos de Cambissolos tenham fortes limitações também para a conservação dos mesmos e, portanto, ao seu uso para fins agrícolas e outros. Essa restrição ocorre em função desses solos rasos apresentarem baixa capacidade de armazenar água provinda da chuva. Nesse sentido, eles tendem a ter um decréscimo acentuado na capacidade de infiltração devido ao encharcamento e, logo em seguida há a formação de escoamento superficial que é o grande responsável pela erosão dos solos.
Esses tipos de solo apresentam diferenças no comportamento da água em contato com eles. A título de exemplo, um Neossolo Litólico argiloso retém mais água em seus poros do que um arenoso. Esse fato pode fazer com que ele se encharque mais rapidamente se comparado ao Neossolo arenoso. No entanto, independentemente da textura do solo, ambos, por serem rasos, possuem grandes chances de se encharcarem durante as chuvas.
O uso de técnicas conservacionistas como o plantio em nível, o plantio em faixas, o terraceamento, plantio direto, entre outras protegem mais esses solos se comparados aos mesmos solos, porém sem técnicas conservacionistas. Todavia, essas referidas técnicas não são tão efetivas na proteção do solo como seriam em solos profundos. Mais uma vez, o problema de baixa profundidade mostra-se como o principal limitante desses solos. Apesar disso, de forma alguma, ao usar esses solos, as técnicas de conservação devem ser excluídas. Ao contrário, elas necessariamente devem ser adotadas, mas não se deve esquecer que os efeitos dessas práticas não serão tão eficazes quanto seria se aplicadas a solos mais profundos. Desse modo, recomenda-se que áreas que apresentam pouco profundos estejam sempre protegidas por florestas que exercem, sem dúvida, a melhor proteção deles que são solos altamente suscetíveis aos processos erosivos.
Preparado a partir de:
CHAMBERS, T.B. Conservation farming reduces runoff and siltation. Journal of Soil and Water Conservation, v.3, n.1., p.32-34, 1948.