O Transmissor De Doença

Por WILLIANS RIBEIRO | 15/07/2007 | Política

O Brasil está paralisado e atravessa uma crise de identidade e tudo que construímos parece estar se deteriorando como um grande vírus. Grandes cidades como São Paulo e Brasília, sofrem nos dias atuais com problemas que já deveriam ser extintos do nosso cotidiano, porém, permanecem ativamente preocupando nossas vidas: os roedores.

Uma cidade como São Paulo, a maior do país, sofre com problemas que há muito vem causando dor de cabeça para seus moradores. Na metrópole capital financeira da América Latina não se encontra transportes públicos de qualidade minimamente descente em condições de atender toda a sociedade. O sistema de saúde é escasso, com pouca infra-estrutura, insuficiente, incapaz e vulnerável. Não supre as necessidades básicas de atendimento público. Todos os problemas são causados em parte, pela negligência de autoridades, em parte pela falta de atitude política de muitos homens públicos que comandam essa cidade.

São Paulo tem números que impressionam pelo descaso do poder público. Um levantamento da secretaria municipal de Saúde de São Paulo mostra que uma grande parte da cidade está infestada por ratos. Os dados apontam que cerca de 726 mil, ou 22% dos 3,3 milhões de imóveis da cidade, têm a presença de ratos. Os roedores se concentram nos extremos da cidade. As condições precárias em que se encontram as ruas, bueiros, calçadas, terrenos abandonados são fatores preponderantes para o aumento desses roedores. Outro fator é o número de alimentos jogados diariamente pela sociedade em lixões não regulamentados, nas avenidas ou fora de locais corretamente destinados para restos de alimentos.

O desmando das autoridades é notório ao andar pela cidade. Por toda parte pode se ver um abandono, sem qualquer tipo de punição para superiores governamentais, e sim, punição para os próprios moradores. Para aqueles que moram ao lado de córregos, correndo a céu aberto sabem muito bem qual tipo de penalidade recebe.

Já na capital federal, conhecida como “cidade modelo”, os problemas de saúde são piores. Os roedores não vêm de bueiros, de lixões, tão pouco vem para se alimentar. Eles aparecem de vários lugares e, há muito tempo, deixam como heranças infecções brutalmente sentidas pela sociedade. Infecções que não são percebidas pelas pessoas e contaminam suas vidas destruindo-as aos poucos. Assim como os roedores de São Paulo são espertos, habilidosos, corporativistas, e, além disso, carregam uma bagagem de transmissão de doenças.

É claro que de todos esses roedores, os da capital paulista como os do Distrito Federal, existem no meio deles, alguns que por natureza e por compromisso com a verdade, não pode ser enquadrar nesse perfil e não se denominam como uma praga. Essas exceções estão presentes nos corredores escuros e sombrios que a rua e a política proporcionam. Os de São Paulo lutam contra sua própria destruição. Depois de ter conseguido uma instalação por culpa do descaso das autoridades, temem pela extinção de sua espécie. Os de Brasília lutam a favor de sua valorização e contra a desmoralização de sua classe perante seus representantes. Os dois são uma minoria entre uma massa que ainda prevalece.

Não tem sido fácil combater essa doença. Eles sabem muito bem fugir de armadilhas. Tem uma enorme sabedoria para fazer artimanhas e se esconder atrás de mecanismos de autodefesa construídos por eles mesmos. Mas a população precisa desenvolver um antídoto para essa praga. Não se podem cruzar os braços enquanto temos nossas casas invadidas por roedores. Temos que nos proteger com uma boa dose de antivírus e muita consciência política.