O Traidor

Por Viviane de Sousa Furtado | 19/08/2010 | Contos

Não posso mais suportar.
Meu coração está em pedaços e provavelmente continuará no chão por muito tempo. Quem sabe para sempre.
É engraçado como temos que escrever "para sempre" quando na verdade o sentimento é "pra sempre", e mesmo assim esse computador debil a minha frente me corrige todas as vezes que eu tento me expressar de maneira simples. Porque eu sou simples. Falo da maneira mais simples e mesmo assim não sou plenamente entendido.
Mas eu estou divagando. Tentando esconder minhas chagas quando na verdade estou aqui para lhe mostrar essas feridas.
Ela estava aqui a dois segundos atrás.
Agora não está mais.
Tive que assistila fazer as malas. Tentei mante-la ao meu lado mais uma vez. Quem sabe amanhã a fúria em seu peito já se acalmou.
Se assim for ela voltará para mim.
Mas eu não acredito que esse seja o caso.
Não dessa vez.
Ela chorova.
Eu a fiz chorar mais uma vez. Eu nem sei quantas vezes tive que assistir o coração da mulher que eu amo se despedaçar na minha frente. Por algo que eu fiz. Ou seja não sei quantas vezes eu fiz o coração da minha amada se despedaçar.
Eu não consigo evitar.
Minhas mãos, embora sendo minhas, tem o desejo de tocar. E eu fraco não as posso controlar. Quando vejo já toquei. Como se outro homem que não sabe o que é o amor ou quanto doi machucar minha pequena me tomasse as mãos e tocasse outras mulheres sem que eu pudesse reagir.
Como se meus olhos, que só querem olhar para o corpo do meu amor, de mim se afastassem e outros olhos, desejosos de outras visões se apossassem de mim.
E eu trai meu amor mais uma vez.
Pela última vez.
Eu sou um traidor.
E ela não pode mais lidar com isso.
Talvez seja melhor assim.
Esse deve ser o único geito de um cara traidor como eu parar de machucar a pessoa que eu mais amo.
Sujeitos como eu nem deviam amar.