O texto jornalístico: um pouco de história

Por Vera Lucia Rebonatto | 27/06/2017 | Crescimento

Vera Lucia Rebonatto[1]

A arte de informar e contar história, que é o jornalismo têm origens remetidas aos tempos imemoriais, quando os seres humanos começaram a transmitir informações, novidades e a contar histórias por necessidade, entretenimento ou por preservação da memória às futuras gerações.

Sousa explica que a fixação das estruturas das matérias e dos temas abordados pelo jornalismo, deve-se aos gregos que estabeleceram valores e formas de agir dos jornalistas e definiram os formatos dos conteúdos jornalísticos. E diz, também, que as Actas Publicas é que primeiro surgiram no mundo com característica jornalística (SOUSA, 2013, p. 34, grifo do autor).

            O autor é convicto ao dizer que “o jornalismo noticioso é uma invenção europeia dos séculos XVI e XVII, com raízes remotas na antiguidade clássica e antecedentes imediatos na Idade Média e no Renascimento” (Ibid., p. 56). Ele explica que ocorreu uma metamorfose na imprensa americana no século XIX que gerou transformações no jornalismo praticado na Europa e no resto do mundo. Afirma que a imprensa europeia entrou no século XX forte em tradição e culturas específicas e em elementos importados dos Estados Unidos. E assim foi também no resto do mundo.

No caso do Brasil, pesquisadores apontam que a introdução da imprensa é atribuída aos holandeses, colonizadores da região do Recife, durante o século XVII (em 1706), quando foi instalada uma pequena tipografia para impressão de letras de cambio e orações devotas. A comprovação do pioneirismo lusitano na imprensa brasileira foi realizada por Duarte Pereira em 1891. (HOHLFELDT; VALLES. 2008).

O nome de Hipólito da Costa surge mais tarde, em 1º de junho de 108 quando ele cria o Correio Braziliense, com siderado por muitas pessoas o pioneiro da imprensa brasileira. O título de pioneirismo a Hipólito é questionado por alguns pesquisadores brasileiros, já que antes do Correio Braziliense já existia no Brasil outros impressos e também pelo fato de o jornal de Hipólito ser produzido e publicado na Inglaterra; o Correio Braziliense entrava clandestinamente no Brasil (Ibid.).

Nota-se que os veículos de comunicação antecederam a profissão de jornalista, a qual nasceu dentro do jornalismo na primeira metade do século XIX nos Estados Unidos e na Inglaterra e se espalhou pelo mundo ao longo do século XX. O jornalismo participa da transformação social e política dos países em que atua, aumentando a importância da prática jornalística (PONTES, 2009).

O jornalismo pode ser conceituado como a transmissão de fatos do dia a dia, por isso é um processo social pelo fato de configurar-se como uma produção contínua e permanente (VAZ, 2013). “[...] o fazer jornalístico é fruto da atuação de uma organização, que faz o papel de produtora e mediadora de fatos da realidade” (p.50).

As informações quando configuradas em notícias percorrem, segundo Deodoro José Moreira, um longo caminho até o leitor e nunca são o fato como ele realmente é. Para ele a notícia é um evento interpretado porque os jornais mais constroem os acontecimentos que os retratam (MOREIRA, 2013).

Ciro Marcondes Filho propõe que notícia é a informação transformada em mercadoria com todos os apelos estéticos, emocionais e sensacionais (Apud MOREIRA, 2013) e Wolf diz que a seleção do acontecimento ocorre pela escolha dos valores-notícia, capazes, pela sua relevância, de transformá-lo num fato notável de ser registrado discursivamente (apud MOREIRA, 2013).

Moreira defende, ainda, que a notícia precisa ter um apelo para tocar o leitor e assim ser consumida; que o leitor aceite o contrato de leitura proposto pelo jornal; e que o título é uma das principais armas utilizadas para essa “captura” (MOREIRA, 2013). Assim, como também defende o autor, o jornalismo trabalha com efeitos de sentido na construção do texto e colocação de imagens com a finalidade de envolver os enunciatários.

Quando os veículos de comunicação transformam um fato em informação noticiosa, determinam o que deve ser de conhecimento da população e fazem uma avaliação de valores que pertencem àquela informação, sobre aspectos político-editoriais, fontes e de público. São os valores notícia.

 

REFERÊNCIAS

HOHLFELDT, Antonio; VALLES, Rafael Rosinato.  Conceito e história do Jornalismo brasileiro na “Revista de Comunicação” [recurso eletrônico]. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. Arquivo disponível em . Acesso em: jun. 2017.

MOREIRA, Deodoro. 11 de setembro de 2001: Construção de uma Catástrofe nas Primeiras Páginas de Jornais Impressos. 2013. Dissertação de Mestrado - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo..

PONTES, Felipe Simão. Teoria e história do jornalismo: desafios epistemológicos. 2009. Dissertação [mestrado]. Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Jornalismo. Florianópolis-SC, 2009. 251 f.

SOUSA, Jorge Pedro. Uma história breve do jornalismo no Ocidente. Documento disponível em: Acesso em junho 2017.

SOUSA, Jorge Pedro. Elementos do jornalismo impresso. Porto, 2001. Documento disponível em: < http://chile.unisinos.br/pag/sousa-jorge-pedro-elementos-de-jornalismo-impresso.pdf > Acesso em junho 2017 a.

VAZ, Tyciane Cronemberger Viana. Jornalismo utilitário: teoria e prática: fundamentos, história e modalidades de serviço na imprensa brasileira. 2013. Tese (doutorado em Comunicação Social). Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2013.

 

[1] Graduada em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo (UPF) com especialização em MBA em Marketing político e propaganda eleitoral. É jornalista credenciada no Ministério do Trabalho e Emprego com o número 14447/RS.

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