O susto de Lula na terra natal, Pernambuco

Por Edson Terto da Silva | 01/02/2010 | Política

O susto de Lula na terra natal, Pernambuco

 

Edson Silva

 

Na manhã de 28 de janeiro (uma quinta-feira) ao ligar a TV antes de sair para o trabalho, fui surpreendido, assim como milhões de brasileiros, com noticiários sobre a saúde do presidente Lula, que tinha sido socorrido, em Pernambuco, com problemas de pressão arterial alta(PA), que estava 18 por 12. Nosso presidente não é homem de aço, todos nós estamos sujeitos a revés na saúde, eu mesmo sou vítima da terrível PA (uma vez a minha passou de 22 por 17, e o pior é que a danada agora deu também de cair, dias desses estava 7 por 5). No decorrer do dia, soubemos que Lula recebeu alta médica e foi para casa descansar. Infelizmente, ele não pode viajar para Davos (Suíça) onde receberia o Prêmio de Estadista Global e teve de ser representado pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

 

 Decidi escrever este texto, pois a notícia sobre o mal estar do presidente Lula veio, coincidentemente, após um sonho em que eu entrevistava informalmente o presidente e justamente em Pernambuco, estado que não conheço, embora minha mãe tenha nascido lá. No sonho parece que eu fazia parte da comitiva de Lula e em determinado momento, após compromissos públicos, eu e o presidente ficamos sós no saguão do hotel em que todos se hospedavam. Como está no sangue de qualquer verdadeiramente jornalista não perder oportunidade de uma boa entrevista, comecei conversar informalmente com Lula, tomando o cuidado de não puxar bloco de anotação ou gravador para que ele não interrompesse com um: “... companheiro, se é entrevista fale com a Assessoria...”

 

Eu perguntava ao presidente qual era a sensação de ter saído de Pernambuco aos sete anos de idade, com toda família vivendo na miséria, enfrentar 13 dias e 13 noites num caminhão “pau-de-arara” até São Paulo e após 58 anos retornar em avião da Presidência da República e na condição de presidente eleito e reeleito de todos os brasileiros. Lula dizia não ter pensado muito sobre isso, mas achava que todo ser humano devia ter condições de melhorar o destino. Eu instigava suas lembranças sobre a pobreza da infância, ele se emocionava e dizia que em cada local que passava em seu Pernambuco vinham na memória recordações sobre lugares e situações passadas.

 

No sonho, o presidente dizia estar gostando do tom da conversa, pedia para ir tomar uma água e depois continuaria a falar. Dito e feito, ele voltou e perguntei como ele imaginava o Brasil após o fim de seu mandato, que acaba neste ano de 2.010. Ele falava de realizações e sobre o futuro, com Pré- Sal, Bioetanol, revolução na Educação, Minha Casa Minha Vida, PACs do saneamento e da ciência e tecnologia... Não era discurso, tudo era falado de forma tão informal, que parecia um velho amigo falando com orgulho de êxitos na rotina de sua profissão.

 

Em seguida, Lula tecia elogios à ministra da Casa Civil e sua virtual sucessora, Dilma Rousseff... e então emendava: “... mas companheiro, não vamos ficar proseando aqui parados, ainda dá tempo de dar uma corrida na beira da praia...”  De minha parte, para continuar a garantir minha entrevista exclusiva e diferente, eu saia correndo atrás do homem que, mesmo de gravata e paletó, parecia ter encarnado o menino pobre que deixou sua terra, fez carreira, se fez líder sindical respeitado, ganhou mundo e chegou à Presidência da República de seu país...      

 

Edson Silva, 48 anos, é jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

 

Email: edsonsilvajornalista@yahoo.com.br