O SISTEMA PAULO FREIRE, A CAMPANHA 'DE PÉ NO CHÃO TAMBÉM SE APRENDE A LER'...

Por Daiana Cristina Luhm | 07/10/2016 | Sociedade

O SISTEMA PAULO FREIRE, A CAMPANHA ‘DE PÉ NO CHÃO TAMBÉM SE APRENDE A LER’ E O MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE

LUHM, Daiana Cristina[1]

SANTOS, Mayara dos[2]

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo uma análise do processo educacional no Brasil, especificamente a partir dos anos 60, tendo em vista a situação socioeconômica e política do país. Buscar-se-á desenvolver assuntos de grande relevância para a educação brasileira e que ganharam espaço a partir dos Movimentos de Cultura Popular (MCP), como o sistema Paulo Freire, a Campanha de Pé no Chão também se aprende a ler e o Movimento de Educação de Base. O texto elaborado metodologicamente a partir de pesquisas bibliográficas analisará quais eram os objetivos desses movimentos e como se desenvolveram.

Palavras chave: Sistema Paulo Freire, Movimento de Cultura Popular, Campanha de Pé no chão também se aprende a ler, Movimento de Educação de Base

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise do processo educacional no Brasil, especificamente a partir dos anos 60, tendo em vista a situação socioeconômica e política do país.

Buscar-se-á desenvolver assuntos de grande relevância para a educação brasileira e que ganharam espaço a partir de Movimentos de Cultura Popular (MCP), como o sistema Paulo Freire, a Campanha de Pé no Chão também se aprende a ler e o Movimento de Educação de Base.

Analisar-se-á quais eram os objetivos desses Movimentos e como se desenvolveram. É possível afirmar que o foco principal inicialmente foi a erradicação do analfabetismo, cuja finalidade era o aumento do número de eleitores. Os primeiros projetos e campanhas aconteceram na região Nordeste do país, porém devido a boa aceitação social a partir de resultados satisfatórios, estes ganharam espaço em âmbito nacional.

SISTEMA PAULO FREIRE E CAMPANHA DE PÉ NO CHÃO TAMBÉM SE APRENDE A LER

           

            Na década de 60 o Brasil estava engajado na fase do desenvolvimentismo proposto pelo presidente Juscelino Kubitschek. Já havia passado por inúmeras reformas educacionais, incluindo a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB de 1961). Todavia, ainda assim o país enfrentava uma crise sociopolítica, econômica e educacional. Acreditava-se que uma das causas de tal crise pautava-se no analfabetismo de grande parte da população.

(...) o Brasil chegou à década de 60 do século XX com quase 40% de analfabetismo, o que evidencia a ineficiência das reformas, o seu caráter retórico e a omissão do Estado no cumprimento efetivo das leis que ele próprio editara. Os números expressam que pouco havia mudado: em 1940, a taxa de analfabetismo no Brasil era de 56,0%; em 1950, era de 50,5% e, em 1960, 39,35% (RIBEIRO, 1986 APUD BITTAR E BITTAR, 2012, p; 161)

            É nesse contexto, como tentativa de erradicação do analfabetismo no Brasil, que surge em Recife no ano 1960-1961 o Movimento de Cultura Popular (MCP), tendo por sede o Sítio da Trindade, o velho Arraial do Bom Jesus. Esse movimento foi o principal instrumento de ação no campo cultural, estimulando o desenvolvimento intelectual e crítico da população. Seus objetivos eram fundamentalmente educativos. Acreditava-se que por meio da educação, toda uma camada socialmente excluída do processo de desenvolvimento, sem acesso ao sistema de informação, poderia ter possibilidades de aquisição de cultura, elevando seu nível de consciência social, voltando-se para a transformação social.

Por meio do Movimento de Cultura Popular, houve a fundação do Centro de Cultura Dona Olegarinha, no Poço da Panela, em colaboração com a Paróquia de Casa Forte, que lhe cedeu uma casa para sua instalação. O Centro funcionava como uma unidade educativa, dispondo de atividades diversas como teatro, cinema, música, arquitetura, artes plásticas, administração e literatura, mas o foco principal era a alfabetização de adultos. O objetivo de tais atividades era levar o público a compreensão de sua própria condição social.

            É no espaço do Centro de Cultura Dona Olegarinha que ‘nasce’ o método Paulo Freire. Ali se realizou a primeira tentativa de alfabetização de adultos, seguindo as orientações da proposta de Freire, preconizando o uso de recursos materiais e visuais. Participaram da experiência cinco pessoas iniciando em janeiro de 1962. Os resultados foram significativos, em aproximadamente dois meses com apenas 30 horas um dos alunos já estava lendo. Em março formou-se uma nova turma, da qual obteve-se resultados semelhantes.

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