O Sincretismo na Umbanda e na História das Religiões
Por Pablo Araujo de Carvalho | 27/02/2016 | ReligiãoO Sincretismo na Umbanda e na História das Religiões Sincretismo religioso significa: absorver influências de um sistema de crença por outro, absorvendo qualidades, atributos e atribuições de uma antiga divindade para uma nova divindade estabelecida em um novo ou renovado culto. No decorrer dos milênios as religiões foram surgindo e no seu principio o fenômeno do sincretismo sempre se fez presente, onde uma nova deidade assumia alguns aspectos já renovados de antigos panteões divinos, onde cultos e religiões antigas eram substituídas por novas religiões onde atendiam uma demanda maior das necessidades pretendidas por novos e antigos fiéis, renovando conceitos arcaicos que já não acompanhavam a evolução social e cívica de uma determinada tribo ou sociedade e já não falava mais nos íntimos dos seus fiéis, tornando-se infrutíferas como senda religadora à Deus. Dessa Forma o Divino Criador permite que venha a surgir novas religiões e cultos calcados na Fé e que conduzem os seres em suas evoluções, onde a outra forma de cultua-lo já não mais satisfazia ou encontrava afinidade com as pessoas que até ela se dirigiam. Sendo assim um novo culto surge já mais elaborados e com preceitos, filosofias e dogmas que atendam as necessidades de crenças dos novos adeptos. Essas religiões ao serem instituídas agregavam alguns aspectos, qualidades, atributos e atribuições de outras religiões já adormecidas e assim fundava a sua nova religião, passando a conduzir e estimular os aspectos virtuosos nos seres. Vemos o sincretismo como um aspecto religioso universal, presentes em várias religiões tais como: A Romana cujo panteão divino foi herdado da religião Grega, e essa da Fenicia, e essa da caldeia, e assim sucessivamente. Onde muda-se somente a questão fonética ou o nome da deidade, permanecendo sua essência, campo de atuação, qualidade, atributo e atribuição, pois estes são princípios divinos e inalteráveis, sendo só passível de mudança nos nomes e alguns mistérios ou campos de atuação que antes não eram revelados e na nova religião foram abertos através de seus fundadores. O Divino Criador de Tudo e de Todos é chamado por: Deus, Zeus, Júpiter, Olorum, Brahma, Javé. Porem sua função de Criador de tudo e de todos de onde tudo emana e para onde tudo dimana, permanece inalterável, bem como suas qualidades, atributos e atribuições geradores-criadores. Divindades Representadas pela Fé ou Divindades da Fé: Oxalá, Buda, Apolo, Marduque, Jesus. Divindades Representadas pelo Amor ou Divindades do Amor: Oxum, Atena, Isis, Venus, Hera, Afrodite, Astarte, Nossa Senhora. Divindades Representadas pela Conhecimento ou Divindades da Conhecimento: Oxossi, Minerva, Diana, Gaia, São Sebastião. Divindades Representadas pela Justiça Divina ou Divindades da Justiça: Xango, Vulcano, Hefesto, Thor, Kali, São João Batista. Divindades Representadas pela Lei Maior ou Divindades da Lei: Ogum, Marte, Hermes, Ares, São Jorge. Divindades Representadas pela Sabedoria ou Divindades da Sabedoria: Obaluaie, Hades, Mnemósine, São Lazaro. Divindades Representadas pela Geração ou Divindades da Geração: Iemanjá, Maia, Poseidon, Netuno, Oceano. Vamos dar o sincretismo das imagens católicas com os Orixás cultuados na Umbanda, só para uma questão de conhecimento prático e litúrgico, pois à nós o que interessa é passar a noção de sincretismo. Pois não quer dizer que Oxalá seja Jesus e nem que Jesus seja Oxalá, Ambos sim divindades propagadoras do principio da Fé, porem com natureza e campos específicos de atuação. (Oxala = Jesus), (Logunan = Santa Clara) (Oxum = Nossa Senhora da Conceição),(Oxumarê = São Bartolomeu) (Oxossi = São Sebastião), (Oba = Santa Catarina) (Xango = São João Batista), (Egunita = Santa Sara) (Ogum = São Jorge), (Inhasã = Santa Barbara) (Obaluae = São Lazaro), (Nanã = Santa Ana) (Iemanjá = Nossa Senhora dos Navegantes), (Omolu = São Roque). No caso da Religião de matriz africana o sincretismo religioso com o catolicismo se deu devido aos negros sacerdotes africanos trazidos para o Brasil através de navios negreiros, não poderem reverenciar seus Orixás, pois eram tidos como culto religioso pagão pelos jesuítas catequizadores que lhe obrigavam a renunciar o “deus pagão” e aceitar Jesus e o Deus de Abraão como o único salvador. Pois bem, os negros sacerdotes tidos como escravos realizavam seu culto na sua forma litúrgica usual, porem agregando conceitos de suas divindades aos santos católicos, para que pudesse de forma velada adorar seus orixás por meio dos santos católicos apresentado a eles numa conversão religiosa violenta. A Umbanda no seu nascedouro utilizou-se desse modelo, onde cultuava seus orixás através das imagens católicas, não mais porque eram obrigados a isso como os nossos pais ancestrais sacerdotes africanos e sim, por uma formação de base cristã e espírita no qual éramos influenciados. Ainda hoje, em muitos centros temos uma mescla de imagens dos orixás africanos e de santos católicos como simbolizadores da força e do culto aos orixás sincretizados nas imagens católicas. Basta visitarmos os terreiros de Umbanda por ai afora para vermos na Imagem de Jesus no ápice do altar e nele identificarmos a imagem de nosso Pai Oxalá o nosso Pai Regente da Fé. Nós Umbandista, não pregamos um “nacionalismo” religioso no que se refere à imagem, pois de uma forma bem elevada, já temos cristalizados em nosso íntimo que as Imagens de Deus e suas Divindades, são só recursos humanos, para concretizarmos poderes divinos e darmos feições a princípios que não possuem uma forma, pois vibram em nós como um estado virtuoso e se damos a essas divindades alguma forma e imagem humana, isso é só um recurso para explicar, imaginar e dar forma, ao inexplicável e ao inimaginável, pois nossa mente é muito limitada para entendermos processos e forças que foge a nossa compreensão absoluta.