O Silêncio

Por Vanessa Ruffatto Gregoviski | 06/03/2017 | Resumos

Acadêmica: Vanessa Ruffatto Gregoviski

 

O silêncio

 

O silêncio, apesar do próprio nome, é uma comunicação não verbal que nos permite perceber muitas coisas. Usualmente é um marco de um fim ou de um começo de uma fase do grupo. No começo dos grupos o silêncio sempre tenta ser evitado, essencialmente por pessoas que preenchem esse vazio (coisa que faz com que os demais membros se tornem dependentes de tais pessoas). Ele mostra que há algo com o que o grupo não está conseguindo trabalhar, gerando ansiedade dentro de um grupo e cada um vai encontrar uma maneira de liberar essa ansiedade. É levando-se em conta isso que é ressaltado a importância de um coordenador saber lidar com o silêncio.

A seguir, falarei um pouco sobre os tipos de silêncio: - silêncio de tensão, expresso pela ansiedade, se manifesta por postura corporal tensa, respiração ofegante, expressões faciais, fumo, tamborilar dos dedos, etc. - silêncio de conflito: profundo e tenso, é caracterizado por sentimentos hostis, agressivos, de oposição, reprovação, medo ou ódio. É um ressentimento latente que para não vir à tona faz com que as pessoas fiquem mudas, ou se isolem dentro do grupo, ou, até mesmo, somatizem. O grupo tem medo ou não deseja se envolver com a situação conflituosa e permanece calado. Esse, em diversas manifestações, pode ser direcionado a alguma atitude do facilitador, como chegar atrasado a um encontro ou dizer algo que o grupo não está preparado para ouvir. É tarefa do psicólogo não permitir que esses sentimentos sejam oprimidos, mas sim que eles se manifestem da melhor forma possível. – silêncio de medo: há mudança na postura física e psicológica. Faz com que as pessoas fiquem petrificadas, ou até que saiam do grupo. Há muita descarga psicossomática. – silêncio de reflexão: aparece geralmente depois de alguma observação feita pelo facilitador ou após algum feedback, ou depois de uma experiência intensa vivida pelo grupo. É um silêncio produtivo já que leva os participantes a terem insights. Não é um silêncio tenso e tende a ser quebrado pelo próprio grupo. – silêncio de amor e de paz: momento pleno em que palavras são desnecessárias. A comunicação passa a ser pelo contato físico ou pelo olhar. Acontece depois de um momento de grande afetividade. – silêncio de expectativa: caracterizado pela espera, é a parada para ouvir o outro. Pode ser tanto uma cobrança quanto um estímulo. O visual é muito frequente aqui. – silêncio de solidão: é mais comum um único indivíduo o viver dentro do ambiente grupal. É um silêncio amargo, cheio de pesar e vazio. Varia muito de pessoa para pessoa. – silêncio de dependência transferencial: caracterizado pelo jogo de dependência, onde se espera que o coordenador assuma o comando, guiando o grupo. É um dos silêncios mais comuns, se fazendo presente em todos os grupos, sejam eles terapêuticos ou não. Também se dá em momentos de crise, as pessoas atacam o facilitador para que ele organize e motive o grupo (deve-se ter cuidado enquanto facilitador para não se permitir entrar nessa situação). Pode acontecer pelo medo que as pessoas têm de se expor, ficando assim no aguardo pela iniciativa de um terceiro. – silêncio de atenção: é o silêncio empático e de escuta. O silêncio de atenção interior é o menos frequente, pois as pessoas tem medo de dar-se conta sobre o que estão sentindo ou pensando. – silêncio de resistência e bloqueio emocional: os indivíduos não conseguem se expressar, sentem dificuldades e bloqueios. – silêncio de desinteresse: ocorre perda do foco de atenção no que ocorre e apatia. Pode camuflar uma resistência. Desinteressa-se pelo que está acontecendo porque isso está o afetando internamente. Acontece inquietação e expectativa por algo que está por vir. - silêncio de depressão: ausência de interesse e expectativa, atitude passiva e ausente por parte do(s) indivíduo(s). Desaparece a energia e vitalidade. – silêncio por dificuldade de comunicação: inibição apesar da vontade de se manifestar. – silêncio de respeito: aparece quando não se sabe exatamente o que dizer. Caracterizado pelo respeito ao outro, sendo que aparece em momentos de grande dor. – silêncio de mágoa: sentimento de mágoa, dor psicológica de perda, de decepção e de perda de confiança. É uma fuga ao confronto. Pode estar ligado a sentimentos de autoconsideração e de vitimização. – silêncio de adeus: perda definitiva ou temporária de alguém faz com que esse silêncio apareça. Nem sempre é “pesado”. – silêncio de desconfiança: surge no momento inicial dos grupos, pelo medo de se expor. Ocorre também durante o processo grupal ou quando há uma quebra no sigilo do grupo, ou por mecanismo de projeção quando outro integrante é percebido como não confiável. Pode ocorrer no final dos grupos por medo de ter se exposto mais do que seria adequado ou por temor da partida.

 

REFERÊNCIA

CASTILHO, Áurea. A dinâmica do trabalho de grupo. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1994.