O Silêncio de Abraão: Os Rumores da Fé

Por José Elias do Nascimento | 13/06/2017 | Filosofia

Resumo:

O silêncio na obra Temor e Tremor do Kierkegaard aparece como pedra fundamental na observação do paradoxo entre vivência da fé de um particular diante da eticidade do universal. Levando em conta que o ser ético exige um silêncio estético quando este é vivido para o bem da comunidade, vê-se que esse não é o caso de Abraão e que ele não está vivendo um silêncio estético, visto que age no particular. Todavia, o seu silêncio carrega toda a eloquência de um cavaleiro da fé em um campo de batalha e seus rumores alardeiam o som de um ruidoso incômodo experimentado por todos aqueles que se aventuram na experiência da fé.

Palavras-chave: Silêncio. Temor e Tremor. Kierkegaard. Abraão.

Introdução:

Em um mundo marcado pelo barulho de todas as fontes e formas, onde se torna quase inviável a existência de um ambiente propício para o estudo, para a reflexão e até mesmo para a vivência da interioridade em uma perspectiva de vivência ritual da fé, o estudo da obra Temor e Tremor de Kierkegaard é ainda oportuno para oferecer-nos uma reflexão acerca do silêncio. Este por sua vez é fruto de uma acurada reflexão diante da dura realidade de não poder explicar o todo da existência diante do abismo de uma fé que lhe exige a inteireza de seu ser.

A obra de Kierkegarrd aqui em questão apresenta-nos de forma extensa a história do sacrifício de Abraão, personagem do livro do Gênesis que ficou conhecido na história como o pai da fé. Na narrativa bíblica conta-se que Abraão fora solicitado por Deus para oferecer o seu único filho, Isaac, em sacrifício, e é aqui que se constata a realidade paradoxal na qual ele está posto, pois deve ofertar o filho que tanto ama e não pode falar sobre isso com ninguém e mesmo que falasse nenhum vivente poderia entendê-lo.

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