O RIO (soneto)

Por Antônio Manoel ALVES RANGEL | 06/10/2009 | Poesias

Nasce um filete de água transparente:
uma fonte minúscula e infecunda.
Vai, solícita, a líquida corrente,
tomando vulto, e ao solo inculto inunda.

Segue. A um outro se irmana lá na frente.
Então, fortíssimo, ao passar, fecunda
o pasto seco, a mórbida semente
e a improdutiva terra que o circunda.

Mas a poluição, que o homem semeia,
ataca as densas águas, anda, corre,
sem se preocupar com a vida alheia.

Ninguém lhe escuta a voz nem o socorre
na ingratidão terrível que o rodeia
e, logo, o velho e grande rio morre!