O RESGATE DA HUMANIZAÇÃO É UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL E NÃO, UMA UTOPIA

Por Selma Domingos | 31/05/2010 | Saúde

Diante de uma profissão tão linda e maravilhosa que é a enfermagem, profissão que combina trabalho com cuidado, relacionada com a vida e na luta pela vida, pela saúde, pela independência das pessoas, da cura dos enfermos, da reabilitação do outro, da prevenção de doenças, enfim uma prática de cuidar que reflete na iniciativa, na atitude, na ação e disposição do profissional para atender e ajudar o outro, sem limites para fazer, pois lidar com pessoas doentes não é para qualquer um, mas, para profissional capacitado cientificamente e tecnicamente, afetivamente, cheio de compaixão, misericórdia e solidariedade, diante da humilhação e sofrimento do outro, ou seja, gente cuidando de gente, profissão essa que exige muito de si, pois lidar com dor, sofrimento e morte no cotidiano pode transformar sentimentos/emoções refletindo em posturas, condutas do profissional no dia/dia com intuito de se proteger das emoções. Baseado nesse contexto de sentimentos de sensibilidade e insensibilidade, a profissional procura manter o equilíbrio emocional, para lidar com o paciente na tentativa de sempre aparece com um sorriso, de acolher o pobre, miserável, intelectual, analfabeto, neurótico, recém-nascido, criança, adulto, jovem, idoso, saudável e doente terminal, induzindo uma energia positiva inexplicável para o doente. Afinal os seguidores da percussora da enfermagem Florença Nighingale, os Anjos da madrugada, figuras que acendem a lâmpada no escuro no choro, na solidão na tristeza, na dor e consegue enxergar o invisível do sofrimento, aliviando o sofrimento.
Das visitas a beira leito, da observação, das queixas, da intervenção na assistência do cuidar, um cuidar com qualidade baseado em evidências, da mulher inteligente que mesclava ciência, técnica, sensibilidade, capacidade e Baseado nesse contexto antes de aptidão para exercer a profissão de enfermagem na índole de cada um deve existir compaixão, para fazer uma prática de cuidar com excelência responsabilidade, sempre pensando que os dias maus virão para todo mundo e que nós profissionais de enfermagem não somos imortais como mostramos, então devemos sempre se ver no outro e colocar-se no lugar do outro. Na verdade a enfermagem precisa ressuscitar mesclando antiguidade e modernidade no cuidar.

Oliveira, Collete Vieira (2005) ressaltam que os profissionais de saúde submetem-se às tensões de várias naturezas, o contato com a dor e o sofrimento, com o paciente terminal e pacientes difíceis, o receio de cometer erros, o cuidar de quem cuida é essência para o desenvolvimento de projetos e ações para a prática de humanização da assistência.

A assistência de enfermagem tornou-se indireta e fria, uma vez que toda atenção é dada à aparelhagem e material disponível na unidade, tendo maior visibilidade pela necessidade constante de conferência e, sendo assim o contato com o paciente/cliente cada vez mais distante do modelo de humanização (MEYER, 2002).

INTRODUÇÃO
Vivemos um mundo de total turbulência, egoísmo, violência, consumismo sem controle, desamor, onde o ser humano subestima o sofrimento do outro, situação grave que inconscientemente reflete no íntimo de cada um nas diferentes realidades, fatos e cotidiano. Baseado nesse contexto sobreviver não está sendo fácil, outra problemática é a falta de educação com o universo, o respeito pela ecologia que é a nossa vida, a falta de sensibilidade com as flores, o respeito com os rios, mares, a falta de compaixão pelo outro, a dificuldade do profissional de saúde de expressar seus sentimentos de afeto, de solidariedade, de misericórdia, pelo outro principalmente o doente que clama por um toque, grita por um cuidado humano, de chamá-lo pelo nome, de no momento do banho de leito preservar suas intimidades, sua privacidade
. A falta de tempo para ouvir o doente, é uma tática usada como uma maneira de proteger- se de suas emoções pelo sofrimento do outro, ou talvez pela sua própria tristeza emocional, ou estafa e estresse do dia/dia. . Baseado nesse contexto questiona-se como o profissional pode ajudar o outro, se precisa de ajuda, de apoio emocional, espiritual e físico para cuidar do próximo com mais qualidade, competência e respeito. Na verdade a. enfermagem tem uma filosofia de trabalho cuidar sem limites, com responsabilidade no agir ultrapassando as expectativas de fazer e fazer sem olhar a quem, sem escolha de pessoas, porque têm seu propósito definido o de simplesmente querer fazer bem, "A postura séria, transmite segurança e tranqüilidade para o paciente e o silêncio às vezes em resposta ao respeito e ética pelo doente, afinal alguns caminham para sua finitude, agonia, outros em intenso sofrimento, outros esperando a assistência do capelão para descansar em paz, outros ansioso pela visita do familiar, cada um com uma necessidade e singularidade. Da responsabilidade da técnica realizada com delicadeza, do entendimento de filosofia de vida, do objetivo do cuidar, da missão de cada ser inserido nessa existência tão complexa que é a vida, um mistério de fazer cada ato com amor, afinal o trabalho e cuidado caminham juntos, uma combinação. Nesse período turbulento a enfermagem pede socorro e da um grito para combinar cuidado com ética onde, é visível a necessidade de que as condutas sejam norteadas pela bioética, onde instituição, diretorias, chefia e outros, possam montar uma política de assistência centrada no cuidar, na mudança de metodologia de cuidado onde os profissionais necessitam ser valorizados, afinal são peças importantes para construir e reconstruir, a luz do escuro, onde é preciso fazer cuidado e ser cuidado, onde a prioridade seja paciente-profissional, na tentativa de resgatar o cuidar.
Da dificuldade de se ver nas representações simbólicas da realidade do cotidiano do dia/ dia, de reencontrar a concepção de cuidar, enfim a bioética é a salvação da humanização do cuidado no século XXI.
O centro de conceito de humanização da vida humana, enfatizando dimensão ética na relação entre paciente e profissionais de saúde. (VAITSMAN;ANDRADE,2005).

OBJETIVO
Analisar a qualidade do cuidar, a postura e condutas dos profissionais de saúde que lidam diretamente na assistência direta e o estresse interferindo no cuidado alienado e inconsciente.

"A enfermagem é como uma luz no final do túnel, embora fraca, mas permaneça acesa, sempre" Selma Domingos de Oliveira (2010).

JUSTIFICATIVA
Da mudança do mundo, do ser humano, da metamorfose do universo, do estresse, da estafa dos profissionais de saúde decorrentes da necessidade de sobrevivência, extrapolando carga horária pela necessidade financeira, ou seja, necessidade de fazer plantão extra, problemática que reflete na fragmentação do cuidado, na inconsciência do fazer, ou melhor, somente executar técnica, obedecer chefia, cumprir normas e rotinas.Baseado nesse contexto é visível a necessidade de apoio espiritual, emocional para o cuidador pois lidar com pessoas doentes não é um trabalho para qualquer, é para Anjos da Vida, Instrumentos de deus para ajudar o outro, afinal lidar com pessoas doente, fragilizada, familiar desesperado pelo medo de perder seu ente querido, da angústia de estar no hospital, do paciente que fica 24 horas ou deitado na cama alienado, sem enxergar o sol, a lua, o entardecer, a saudade da primavera que ficou em casa, pois sua identidade, autonomia, liberdade estão comprometidas, sua autonomia, da necessidade de expressar seus desejos e vontades, do sentimento de fracasso, do risco iminente de morte, do limite, da dependência, do outro para tomar um simples copo de água, da transição de uma pessoa ativa para uma pessoa totalmente passiva, onde só vai seguir ordens e rotinas estabelecidas pelo hospital e obedecer a ordens, Diante desse cuidado fragmentado o cuidador se julga mortal, finito, mas esquece que também pode adoecer a qualquer momento, e não é essa criatura tão imortal que demonstra, mas é gente, simplesmente gente cuidando de gente. Quando refletimos na necessidade de apoio para o cuidador é que a mudança do perfil das doenças dos pacientes mudou, ou seja, a maioria dos pacientes hospitalizados são idosos portadores de doença crônicos degenerativa, paciente terminal necessitando de cuidados paliativos, pacientes com prognóstico ruim como neurovegetativos e a tecnificação, a robotização, dificulta interpretar as mínimas tentativas de expressão do paciente, e trata se simplesmente como um corpo, onde virar para lá e virar para cá é uma técnica freqüente no cotidiano, ou seja, uma simples expressão facial como uma careta, fechar os olhos pode ser uma queixa de dor ou qualquer outra manifestação que não é percebível, porque tudo é tão rápido, ou seja, o cuidado é muito rápido, que se esquece das mínimas coisas No resgate do cuidado, grita- se por um cuidado solidário, baseado nas dimensões dos valores das pessoas, da dignidade, da ética, da espiritualidade, da ciência, da fé, do bom senso e do cuidar sem julgamento.
A tecnologia racionaliza e a normatização foram medidas essenciais no processo, mas trouxeram consigo a humanização. (CAMIGNOTTO 1972).

Quando digo que o paciente é rebelde ou poliqueixoso é porque não me vi no outro, porque quando me vir no outro, pensarei melhor no peso das palavras...

Quando a enfermagem cuida do outro atendendo a voz da consciência não tem como ser desumana. (Selma Domingos de Oliveira)

Perguntas
1. Qual a diferença do cuidado moderno e o contemporâneo?
2. Porque se fala tanto em humanização se o cuidado é inerente do ser humano?
3. A turbulência do universo, a violência o desamor está refletindo nas condutas do ser humano?