O que é a juventude?
Por Reinaldo Müller (Reizinho) | 27/08/2011 | CrônicasO que é a juventude?
Tecnicamente, é o período biológico que vai dos 15 aos 25 anos de idade, quando então, as pessoas entram na chamada idade adulta.
"Mercenários" de plantão -- os representantes da Elite -- através da ajuda de técnicos (atuária/estatística/economia/sociologia) dentre outros identificaram que estas pessoas na faixa etária que vai dos 15 aos 25 anos de idade não possuem poder aquisitivo para serem inseridos na sociedade de consumo como querem os "donos dos celeiros" capitalistas.
Contudo, também, perceberam que "estas" mesmas pessoas possuem alto grau de influência junto aos seus mantenedores e patrocinadores oficiais (pais - tios -- avós -- a parentaiada toda). Então, artificialmente, e ideologicamente, criaram o fenômeno da juventude -- "amalgamando" a puberdade e a adolescência destituindo o seu viés biológico, oportunizando e contextualizando uma performance bio-psíquica-social metamorfoseando-a numa expressão de comportamento com movimentos de contestação com as suas demandas implícitas e explícitas.
Disto resultou uma enormidade de produtos, serviços e toda uma parafernália de coisas para serem vendidas para este público (voraz consumidor) lamentavelmente, destituído de uma visão crítica que lhes permitisse avaliar que na verdade eram apenas "massa de manobra" dos "novos senhores feudais" -- que fazem do consumo um meio, fim e objetivo em si mesmo para que se perpetue a elite econômica com os seus benesses milenares.
E usam a Mídia para propagar este estilo de vida (a juventude) que realimenta o consumo e enche os "cofres" dos idealizadores desta metáfora social insaciável, pré-fabricada por aqueles que de jovens só têm a mesma e sórdida velha vontade de ganhar dinheiro a qualquer custo desde à sua juventude, esta de fato... biológica.
Os jovens são um produto do meio social em que vivem (os adultos, também, o são). Contudo, os adultos, têm mais instrumentos cognitivos -- mais ponderações, reflexões e discernimento. Óbvio, os adultos têm mais experiência de vida.
A minha tese reside no substrato sociológico que disponibiliza conteúdos do Pensar e que modela comportamentos e condutas. A minha geração, por exemplo, tinha ideais sólidos que transcendiam a sua situação, imediatamente, individual. Amor à liberdade -- revolta contra a repressão à consciência -- espírito de solidariedade comunitária -- comunhão com ideais universais (vide revolução na Sorbonne na década de 60) identificação com os ideais democráticos, etc..
Enfim, o estímulo ideológico era vasto... Numa enquete realizada pela UNESCO em 2009 em 20 personalidades (celebridades) listadas para serem escolhidas e ranqueadas por jovens do mundo ocidental (óbvio) O "PRIMEIRÍSIMO" lugar foi Bill Gates. Jesus Cristo tirou um modesto 17º lugar. Gandhi 14º.
O culto ao individualismo nunca foi tão apregoado na cultura ocidental como tem sido nas duas últimas décadas... Se sobrepor ao Outro -- afirmar as suas demandas como mais seletivas -- destacar-se a todo custo e a qualquer preço sobrepujando não mais o seu companheiro de caminhada, mas, o agora nomeado, "concorrente" (termo abrandado de INIMIGO).
Vitimizar o jovem é um apelo fácil nas novas ondas de DIREITOS HUMANOS... politicamente corretas. É notório, contudo, que o jovem atravessa uma crise ética, sem precedentes na História Contemporânea.
Ficou muito confortável para o jovem ter o seu sucesso ou fracasso pessoal relativizado pela contextualização sócio-econômica e sentir-se vitimizado pelo status quo limitante e segregador, mesmo, que isto de fato tenha a sua prevalência e sentido.
Algumas abordagens antropológicas merecem serem apreciadas para que se evite uma excessiva psicologização do cenário e absolva os jovens de escolhas que eles mesmos estão fazendo por puro comodismo -- pela opção que fazem do hedonismo como modus vivendis -- e inteligentemente, estão aproveitando-se, sorrateiramente, das brechas de um sistema econômico que ja se esgota pelos gritos que ecoam da África à Ásia pelos desassistidos da fome -- da doença -- da cultura, vivendo em cenários de horror.
Cadê o tão apregoado -- estimulado -- e esperado engajamento da juventude com a sua forte energia e seus ideais patriotas nos infortúnios sociais, mudando cenários e reordenando uma nova ordem política-social?
Não esqueçamos em recente acontecimento histórico que a juventude destituiu um presidente sem disparar um só tiro e sem derramar uma só gota de sangue!
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