O QUE É A CONSCIÊNCIA 2
Por B. L. C. | 06/02/2015 | PsicologiaO QUE É A CONSCIÊNCIA II
Eventos externos podem moldar o que eu estou sonhando. Meu filho dormiu e a televisão do quarto ficou ligada. Percebi isso quando acordei por volta das 2 horas da manhã. Estava passando o desenho Pokémon.
Independentemente da televisão ou do que estava passando nela, e antes mesmo de eu perceber que ela estava ligada, lembrei-me de um sonho que acabara de ter:
Eu vi o Chitãozinho (do Chitãozinho & Xororó) chegando e como que tomando a frente de alguém para pegar uma espécie de ônibus. Nesse momento ouvi alguém dizer: “Hoje em dia esses Pokémon não...”. Não me lembro do resto da frase, mas a pessoa estava querendo dizer que os Pokémon não tinham educação, e ao mesmo tempo apelidava o Chitãozinho de Pokémon. Achei aquilo engraçado, porque ele até que poderia ser um Pokémon, Chitomon, por exemplo.
Mas, o interessante de tudo é que um evento, no caso uma frase sonora, se transformou em um sonho ou um sonho foi construído sobre ela.
Será que assim é também com os pensamentos? Será que nossos pensamentos são moldados por eventos externos?
Mas, no caso dos sonhos, nem sempre há um evento externo. A menos que haja eventos externos que não podemos perceber na nossa realidade, ou seja, a realidade é bem mais ampla do que podemos perceber.
Mas, se o que pensamos é sempre moldado por uma realidade externa, então não temos liberdade.
Será como o que vemos? Pois o que vemos nos é imposto. O que vejo você também vê. Dificilmente você vai ver algo diferente do que estou vendo quando você está a meu lado e ambos olham na mesma direção ou para os mesmos objetos.
Mas, no caso do pensamento (e até dos sonhos) não é bem assim. Você pode sofrer a mesma influência que sofro daquela fonte externa e, mesmo assim, ter um sonho ou pensamento diferentes dos meus. Isso implica que temos certa liberdade ou que a fonte externa é inteligente, pois nos manuseia como quiser.
A menos que não seja uma fonte externa, mas várias, uma para cada um! Mas é mais fácil aceitar uma única fonte externa do que várias externas a nós, não se influenciando, não interagindo entre si. Por outro lado, esta fonte externa nos dá uma sensação de não-existência individual, de total falta de liberdade.
Mais lógico é supor que são várias fontes sim, uma para cada um, mas não externas e sim internas, e sim cada um. Cada um é a origem e o destino das influências que recebe.
No caso de meu sonho, de alguma maneira acompanhei o som (pois era o único evento que podia me alcançar. A luz não podia, mesmo que eu estivesse com os olhos abertos (em estado sonambúlico) e como construo imagens com frases-pensamentos, ou frases lidas de um livro, construí um sonho com a frase ouvida na televisão.
A grande diferença é que as imagens nos sonhos nem sempre estão em acordo total com a frase, como é sempre o caso na leitura de um livro. Nos sonhos há mais liberdade para criar. Nos sonhos ficamos menos concentrados e, daí, não se segue uma linha rígida, onde tudo parece estar controlado. É por isso que dizemos, às vezes, que tivemos um sonho louco, só porque “saímos da linha”, perdemos a concentração. Quem perde a concentração acaba fazendo coisas loucas, né?
Mas é uma ilusão pensar assim.
A ilusão é proporcional à concentração.
Se você está ao volante de um carro, dirigindo-o, você se sente no controle. Mesmo que a velocidade aumente muito, você não percebe o quantitativo de aumento. Você tem a ilusão que está devagar. Por que? Porque você está concentrado.
Troque de posição com a pessoa que está no banco do passageiro e você sentirá a diferença. Lá você vai estar menos concentrado, mais relaxado, e você vai perceber o quantitativo de aumento da velocidade. Aí seu relaxamento vai começar a diminuir. Mas não se transformará em concentração e sim, talvez, em desespero.
Diminuir a concentração leva ao relaxamento, mas nem sempre a diminuição do relaxamento leva à concentração.
O relaxamento aumenta a percepção, o que, dependendo da situação, diminui o relaxamento para levar você a procurar nova situação de relaxamento, sempre com o objetivo de te preservar.
Mesmos nos sonhos esse objetivo está presente, sendo, muitas vezes, frustrado, como ocorre na realidade. A diferença é que nos sonhos não sofremos conseqüências e isso nos permite diferenciar sonho e realidade. Mas a vida em ambos é a mesma.
Brasilio – Novembro/2004.