O Profeta Samuel: Vida e Obra

Por george ferreira | 21/05/2017 | Religião

Pastor George Emanuel

Introdução:

Samuel é o personagem mais importante entre Moisés e Davi. Ele foi o Lutero ou o João Batista de seu tempo. Toda a sua carreira, desde o nascimento até a morte, nos eleva acima dos baixos níveis típicos desse período. A estéril Ana, com o anseio de uma hebréia por um filho, pede-o a Deus e depois o devolve a Deus. Assim, Samuel foi criado no tabernáculo em Silo. O sumo sacerdote, Eli, também era o "juiz" daqueles dias. Ele foi o primeiro a concentrar as duas ocupações numa só pessoa. O idoso Eli, embora pessoalmente fosse puro, permitiu que os gravíssimos pecados de seus filhos passassem em branco, sem repreensão. Através do menino Samuel, Deus revelou a sentença contra a casa de Eli. Esta ocorreu durante a famosa batalha de Afeque, quando os filisteus mataram os filhos de Eli e capturaram a arca. Eli caiu morto ao receber a notícia. Os anos de trevas que se seguiram foram amenizados com a esperança crescente em Samuel, chamado para ser um profeta de Deus. A grande obra de Samuel pode ser assim resumida:

1) Ele suscitou uma grande reforma nacional, renovando a aliança e trazendo o povo de volta à adoração ao Senhor Deus.

2) Atacado pelos filisteus, ele teve tamanha vitória em Ebenézer que eles jamais investiram novamente contra Israel durante o seu mandato de juiz.

Livro relacionado:

3) Organizou as escolas dos profetas.

4) "Julgou" Israel durante toda a vida.

5) Preparou o caminho para a monarquia e a introduziu, ungindo Saul e, após ser ele rejeitado, Davi. Samuel, portanto, pertence ao período de transição dos juízes para a monarquia. Ele é o último e o maior de todos os juízes e o primeiro da grandiosa linhagem de profetas hebreus posteriores a Moisés.

6) Samuel deve ser um instrutor do povo de Deus, dentro da Palavra de Deus. Ele ensina os preceitos da aliança em Cristo, e anuncia à igreja a maneira correta de proceder. Sua palavra não vem apenas em nível individual, mas também em nível coletivo. Ele mostra os pecados de pessoas, mas também das instituições. O pecado tem uma dimensão social. Ele se incrusta nas instituições sociais que criamos, porque estas instituições refletem nossa natureza. Assim, instituições políticas, religiosas, sociais e denominacionais sofrem os efeitos do pecado. O profeta deve denunciar o pecado individual e estrutural e mostrar o caminho correto, que é o arrependimento, a mudança radical das atitudes. O profeta não aceita o pecado nos indivíduos nem nas estruturas, principalmente nas estruturas a serviço de Deus. Os profetas bíblicos denunciaram os pecados de Síria, Assíria, Egito, Edom, Babilônia, mas também os de Israel e Judá. O profeta contemporâneo precisa fazer a Bíblia brilhar e cortar como uma espada afiada. Ela deve ser mais que o livro do qual se lê um salmo, na hora da reunião de culto, eclesiástica, administrativa, etc... Ela deve reger nossa vida em todas as áreas. Esta relação do profeta com a Palavra de Deus deve nos levar a uma reflexão. Neopentecostais usam muito o termo "a Palavra". Se prestarem atenção, não se referem à Bíblia, mas a um conjunto que inclui a palavra deles. Palavra alguma de pessoa alguma pode ombrear-se á Palavra de Deus. Se alguém almeja ser profeta, e se a igreja se entender como comunidade profética, precisa saber disto: a Palavra de Deus, a Bíblia, deve ser o norte na vida dos cristãos, e não as tradições humanas, dogmas, ou ditames eclesiásticos.

C.H. Spurgeon, disse: Nos dias de Eli, a palavra do Senhor era preciosa, e não havia visão aberta. Foi ótimo que quando a palavra veio, um indivíduo escolhido tinha o ouvido bom para recebê-la, e o coração obediente para executá-la. Eli não educou seus filhos para serem os servos dispostos e os ouvintes atentos à palavra do Senhor. Nisso lhe faltava à desculpa de ser incapaz, porque treinou a criança Samuel com bom êxito em ser reverentemente atento à vontade divina. Ah, que aqueles que são diligentes com as almas de outros olhassem bem as suas próprias famílias. Mas ai do pobre Eli, como muitos em nossos dias, fez-te guarda dos vinhedos, mas tua própria vinha tu não guardaste. Sempre que olhava a criança graciosa, Samuel, deve ter sentido a dor de coração. Quando se lembrava de seus próprios filhos negligenciados e não punidos, e como se tornaram vis aos olhos de toda Israel, Samuel era o testemunho vivo do que a graça pode operar quando as crianças são educadas no temor do Senhor; e Hofni e Finéias eram tristes exemplos do que a tolerância demasiada dos pais pode causar nos filhos dos melhores dos homens. Oh, meu Deus! Eli, se você tivesse sido tão cuidadoso com seus próprios filhos como com o filho de Ana, não teriam sido homens de Belial comoforam, nem Israel teria detestado as ofertas do Senhor por causa da fornicação que aqueles réprobos sacerdotes cometiam bem na porta do tabernáculo.

I. O Livro de Samuel

O livro de Samuel, dividido pelos gregos e pelos latinos - não pelos hebreus - em dois, recebe o nome do santo profeta, cujas gestas constituem os seus primeiros capítulos, e cuja ação o dominam inteiramente. A matéria tratada divide-se marcadamente em três partes, segundo as três personagens que governam sucessivamente o povo de Israel: Samuel, Saul e Davi.

1a parte. Samuel, o último Juiz:

1) Nascimento de Samuel (1:1-2,10); sua juventude a serviço do templo; reprovação do sacerdote Heli e de seus filhos (2:11-3,21).

2) Primeira guerra filistéia; derrota, captura da arca, morte de Heli e de seus filhos (4). Retorno da arca santa (5-7).

3) Judicatura de Samuel: reforma religiosa, segunda guerra filistéia, vitória; governo de Samuel (7:3-17).

4) Mau governo dos filhos de Samuel. O povo pede um rei (8) Saul é ungido e proclamado rei (9-10). Vitória sobre os amonitas (11). Samuel abdica e despede-se do povo (12).

2a parte. Saul, primeiro rei:

1) Terceira guerra filistéia; desobediência de Saul; audácias de seu filho Jônatas; vitórias. Sumário do reinado de Saul (13-14).

2) Vitória sobre os amalecitas; e outra desobediência de Saul, que é por isso reprovado (15).

3) Samuel unge secretamente rei a Davi, que é chamado à corte de Saul, assaltado por mania furiosa (16).

4) Quarta guerra filistéia. Davi vai ao acampamento e mata o gigante Golias (17:1-54). Amizade de Jônatas com Davi e inveja de Saul para com o mesmo (17:55-18:9).

5) Saul procura matar Davi, o qual foge da corte (18,10-19,17); vai ter com Samuel, renova com Jônatas o pacto de amizade (19:18-21:1).

6) Davi anda errante por vários lugares (21:2-22:5) Saul mata os sacerdotes fautores de Davi (22:6-23). Davi em Ceila (23:1-13); em Zif salva-se de grave perigo (23:14-28) em Engadi poupa a vida a Saul (24) ofendido por Nabal, é aplacado por Abigail, que de pois desposa (25) novamente, poupa a vida a Saul (26) vive entre os filisteus (27).

7) Quinta guerra filistéia. Saul consulta a nigromante de Endor (28). Davi, afastado pelos filisteus (29), vence os amalecitas (30). Saul morre no campo de batalha (31) e Davi pranteia a sua perda (2Sam 1).

3a parte. Davi, fundador da dinastia (2Sam 2-24):

1) Rei de Judá em Hebron (2:1-7); guerra civil entre os dois partidos, progressos de Davi (2:8-3:5) assassínio de Abner (3:6-39) e de Isboset (4).

2) Rei de todos os Israelitas em Jerusalém (5:1-16) vitória sobre os filisteus (5:17-25) transladação da arca para Sião (6) promessa messiânica (7) conquistas no exterior (8) favores ao filho de Jônatas (9).

3) Desordens domésticas. Guerra amonita (10); duplo pecado de Davi (11); arrependimento de Davi (12); incesto de Amnon (13:1-22); vingança de Absalão (13:23-36); seu exílio e repatriação (13:37-14:33).

4) Revolta de Absalão (15:1-12) fuga de Davi (15:13-16:14) e entrada de Absalão em Jerusalém (16:15-17:23); guerra civil (17:24-18:8); morte de Absalão e luto de Davi (18:9-19:8). Davi retorna à capital (19:9-43) a rebelião de Seba é dominado (20:1-22) governo (20:23-26).

5) Diversos episódios. Cessa a fome, dando satisfação aos gabaonitas (21:1-14). Heroísmo de alguns homens contra os filisteus (21:15-22). Cântico triunfal de Davi (22). - Últimas palavras de Davi (23:1-7). Os heróis campeões (23, 8-39). Recenseamento do reino; a peste; ereção de um altar sobre o Sião (24).

Todos esses acontecimentos encheram o período de cerca de um século e meio, aproximadamente os anos 1120-970 a.C., um lapso de história israelita isento de toda interferência quer do Egito, quer da Assíria e da Babilônia.

Ao escrever o livro, o autor sagrado tem por finalidade mostrar-nos as vias providenciais pelas quais foi estabelecida no povo de Deus a monarquia e a dinastia davídica, de cuja cepa devia nascer o Messias, cujas glórias ter-lhe-ia perpetuado. Em Samuel apresenta-nos o modelo do ministro fiel de Deus, em Davi o tipo de magnanimidade aliada a uma sincera piedade.

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