O PROFESSOR E O PROCESSO DE FORMAÇÃO

Por luciene teodoro das chagas passos | 27/10/2017 | Educação

O PROFESSOR E O PROCESSO DE FORMAÇÃO

O professor como único detentor do saber e como mero transmissor de conhecimentos aos alunos, não corresponde mais às exigências da sociedade atual. Aprender a ser professor não significa mais ter o domínio de conteúdos e técnicas a serem aplicadas, mas sim viver situações efetivamente problemáticas que exijam uma prática reflexiva competente, quando se encara a educação do ponto de vista do otimismo crítico.

Também as concepções e práticas acerca de formação contínua foram evoluindo. No início das discussões acerca do conceito de formação de professores, pensava-se em momentos formais, como a formação inicial ou básica. A formação contínua, quando ocorria, era eventual: reciclagens e capacitações, o que difere da idéia de desenvolvimento para toda a vida.

Na formação contínua, vista como eventos isolados, uma série de conhecimentos é transmitida aos professores e posteriormente aplicados à prática, o que é compatível com a lógica da racionalidade técnica e, portanto, com a concepção de educação que tem no professor a figura do detentor do saber. Todavia, não existe correspondência direta entre formação contínua (entendida restritamente como capacitação e treinamento em cursos) e mudanças significativas na prática docente. Em alguns casos ocorrem mudanças no discurso e não no desempenho do docente.

Ao contrário desta concepção, pensando no conceito de desenvolvimento profissional dos professores, que tem uma conotação de evolução e de continuidade, Gimeno (1990, p.18) defende a necessidade de situar o aperfeiçoamento dos professores como “um modelo de desenvolvimento profissional e pessoal, evolutivo e continuado”.

Hoje, quando falamos de formação de professores, existem quatro preocupações a considerar: a origem da classe social do sujeito (professor), sua formação inicial, sua formação contínua e suas condições de trabalho. A respeito do trabalho de educar, há um princípio incontestável. A formação do educador jamais se esgota e nunca é completamente adquirida. Uma educação que tem em vista o processo de construção do conhecimento pelo aluno, necessariamente precisa oferecer ao professor oportunidades de construção de conhecimento, e não meras aplicações de conceitos. Afinal, não existe uma teoria científica única que explique os conflitos e os problemas enfrentados em sala de aula.

O dia-a-dia escolar apresenta situações, entraves, problemas que não encontram respostas nos referenciais teóricos e técnicos, normalmente oferecidos pelos cursos de formação. “O modelo da racionalidade técnica falha ao desconsiderar a complexidade dos fenômenos educativos” (MIZUKAMI et al., 2002, p. 14). Portanto, esse modelo não colabora com a resolução de problemas educativos. O paradigma da formação para a vida, a formação como um continuum, apóia-se no modelo da racionalidade prática, que considera o fato de a situação de ensino ser “incerta, única, variável, complexa” (PÉREZ GÓMEZ, 1992, p. 100).

Para acompanhar as mudanças profissionais que se fazem necessárias em termos de exigências sociais e de políticas públicas, mais do que aprender novas técnicas, são despendidos tempo e recursos. Trata-se de um processo desenvolvimental, do aprender a ensinar, que é a somatória de conhecimentos, crenças e metas.