O professor do século XXI: Valores, Adaptação e Avaliação crítica da Docência
Por Marcelo dos Santos Fialho | 18/09/2010 | CrescimentoO PROFESSOR DO SÉCULO XXI: VALORES, ADAPTAÇÃO
E AVALIAÇÃO CRÍTICA DA DOCÊNCIA.
Marcelo dos Santos Fialho
Pós graduando em gestão de pessoas de Recursos Humanos
(Faculdades Simonsen) - marc_3332@yahoo.com.br
Palavras-chave: Didática, Docente, Professor, Ensino Superior.
Resumo: O presente artigo discute o quão importante é o trabalho do professor universitário, sob a necessidade de uma adaptação constante. Havendo assim, uma maior interação cognitiva entre os diferentes agrupamentos étnicos e culturais de discentes, e desenvolvendo uma "visão situacional" docente, de como se comportar perante as necessidades exigidas a cada momento.
Há uma corrente entre a maioria dos professores universitários, sobre o futuro dos estudos em geral. Ele está se encaminhando a um de patamar que irá alcançar um tipo de excelência se escolas, colégios, faculdades, universidades e tantos outros, aderirem, com o ímpeto de acabarem com as fronteiras da falta de pró-atividade educacional, e aflorar de vez as facilidades tecnológicas e comportamentais dos novos tempos, que faz do professor um meio para se chegar ao aprendizado do aluno, desconstruindo a imagem de "doutrinador-conteudista e centralizador do conhecimento", que não se utiliza de recursos para inovar em suas aulas, por não acharem necessário prender a atenção dos discentes, logo agora quando há um mar de alternativas didáticas existentes aqui fora esperando para serem vivenciadas.
Este texto retrata como o docente poderia se comportar e agir sob a batuta emocional de suas turmas, utilizando seus modelos de inteligências adquiridas e calcificadas com a experiência formal e informal de se trabalhar com grupos de pessoas que sentem emoções, diferenciadamente umas das outras, e demonstram essas emoções, quando há uma interação grupal.
1- Quem é o docente do Ensino Superior, e como as relações interpessoais podem auxiliar no desenvolvimento do seu trabalho?
1.a - O docente do Ensino Superior
O termo mais singelo encontrado para representar o professor universitário, é o de facilitador de aprendizagem, que em Didática do Ensino Superior, de Antônio Carlos Gil (2009), está definido dentro de um contexto universalista e relativista, bem atualizado. Para tanto, o docente necessita ter competências, habilidades e atitudes, aliado a uma definição de objetivos selecionados estrategicamente para que a promoção da aprendizagem venha a ajudá-lo a despontar neste termo acima citado.
Toda a eficácia educacional depende de como o professor consegue usar suas múltiplas inteligências, sob a necessidade de cada turma, e posteriormente de cada aluno, na intenção também de identificar as suas inteligências e equalizá-las para o foco da aula, trazendo toda a atenção para si, ora sendo um professor-administrador, participante, aprendiz, didata, assessor, membro de equipe, etc.
O docente tem que ter toda a perspicácia para acessar o modelo certo de papel a incorporar, para poder "agir na urgência e decidir na incerteza" (PERRENOUD, Philippe, 2001), coerentemente com o momento de cada situação, para o oferecimento de um melhor feedback que crie um estímulo intelectual, no aluno. Paulo Freire comenta em Pedagogia da Autonomia: "o professor pós-moderno, tem que saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." (FREIRE, Paulo, 2010, p.22).
1.b - A necessidade do relacionamento interpessoal (professor ? aluno)
O que é o ser humano sem a comunicação? Seja ela verbal ou não?
Sem a interação ou a integração entre si, por achar que irá ser preterido?
Não podemos ficar sem nos agruparmos. Não somos uma ilha cheia de água em volta e sem comunicação. A necessidade de relacionamento professor-aluno, para quase tudo se faz necessário pelas diferenças étnicas e culturais existentes. Não somos detentores de sabedoria suficiente para percebemos tudo o que está ao nosso redor. Por isso, ao tentarmos entender as pessoas que nos cercam provavelmente nos entenderemos para muitas coisas em nossas vidas. Afinal, "quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender" (FREIRE, Paulo, 2010, p.23).
Cabe ao professor analisar sempre globalmente, tanto a si mesmo, e a cada aluno, e descobrir o seu tipo de personalidade para moldá-lo e se moldar didaticamente, em uma dinâmica que estimule sempre a reflexões, fazendo com que haja uma superação no atraso comportamental, que pode ser hereditário ou ambiental, de tal forma, que a inibição se transforme em vontade interagir.
"Os traços da personalidade são relativamente duradouros e podem
estar ligados a fatores de temperamento, mas os estados de
personalidade são flutuantes e relacionam-se à disposição e à
forma como as pessoas são tratadas e como se sentem em relação
a si mesmas e em suas relações interpessoais."
(NUNES, Celso, 2003.p.18)
2- Como o docente do Ensino Superior deve analisar esta frase: "Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas ? mas que elas vão sempre mudando" (Guimarães Rosa).
Não sei aonde li. Se foi em algum livro de Paulo Freire, ou em outra literatura, que pessoas são como quadros em branco, esperando para serem preenchidas de informações (vida). Informações essas, que se transformam em experiências, e que devem ser passadas no intuito de melhorar a ligação essencial e ajudar a encurtar a distância da ignorância cultural que nos circundam, perante a um infinito de diferenciais existentes em cada bípede de mente racional (nós).
Estabelecer pontes é um dos meios mais pertinentes para se amenizar a falta de conhecimento, de que vivemos em um mundo, que apesar de estar em constantes mudanças de hábitos, podemos pelo menos, tentar nos adaptar ao meio. Servindo mais, quem sabe?. Escutando mais. Aceitando mais quem nós somos, pelo passado que nos faz um povo tão variado em seus traços étnicos e culturais tão miscigenados.
Machado (2002) ajuda a responder a esta análise de um modo muito peculiar e direto, sob um contexto cultural afirmativo à aceitação do outro, como um ser, que apesar de diferente, pode ajudar a nos compreender-mos justamente por que existe essa diferença.
Segundo a autora,
(...) Diante de um quadro de contínuas mudanças, de uma realidade que a cada momento apresenta-se sob outra forma, é preciso perquirir um conceito de cultura que resulte de uma elaboração coletiva e comporte a noção de transformação sucessiva a que se sujeita nossa própria compreensão da ordem real. (idem, p.35)
O docente do século XXI vive em um mundo dinâmicamente pluralista social e cultural, através suas etnias espalhadas por todos os cantos no mundo, e também bem próximos ou dentro, de sua própria região de deslocamento.
Essa pluralidade tende a gerar uma perspectiva de interrelação que, compreende e valoriza a diversidade cultural, mediante a quantidade de diferenças aparentes que são essenciais às discussões, para se chegar a co-existência entre todas as partes interessadas.
Por ser um processo de filtragem de conhecimentos e experiências, a cultura deve repelir qualquer discriminação que acrescente a uma viabilização da departamentalização de grupos, trazendo assim, toda a necessidade de se inteirar da vivência do outro para gerar crescimento próprio. "Não haveria existência humana sem a abertura de nosso ser ao mundo, sem a transitividade de nossa consciência" (FREIRE, Paulo, 2010, p.88).
Considerações finais
Analiso que ser professor, é estar sempre se adaptando para as novas formas em que se materializa o aprendizado. Através de uma educação continuada e cíclica, aonde se reavaliam estratégias, para que os discentes sintam-se seguros ao tomar o conhecimento de suas mãos interventoras. E os alunos são o espelho do que é o professor dentro de sala de aula. Dependendo do papel caracterizado pelo mestre através de suas inteligências múltiplas, o ensino pode ser mais facilitado e consequentemente mais rapidamente absorvido por todos.
E acrescento que o docente leve em consideração, o processo de endoculturação (socialização) para apregoar e vivenciar o multiculturalismo existente dentro de uma sociedade que ainda se demonstra muito preconceituosa sob vários aspectos. Principalmente o hierárquico. Como exemplo, pergunta-se: "Quantos negros, índios e orientais, ocupam cargos realmente de importância dentro de alguma empresa ou indústria?"
A interdependência de financeira aproxima as pessoas, mas não serve para criar um vínculo suficientemente forte à aceitação social de todos.
Por outro lado, o docente deve acreditar que a pedagogia multicultural, se for paulatinamente posta através de campanhas governamentais, escolas e mídia, trarão resultados efusivos em longo prazo, pois as mudanças são contínuas e necessitam sempre que se tenha uma intervenção para orientá-la, de modo que não se perca durante seu caminho.
3 - Referências Bibliográficas
- FREIRE, Paulo - Pedagogia da autonomia. 41ªed. São Paulo: editora Paz e Terra,
2010.
- GIL, Antônio Carlos - Didática do Ensino Superior. 4ª edição: editora Atlas. 2009.
- MACHADO, Cristina Gomes ? Multiculturalismo: muito além da riqueza e da
diferença ? Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
- NUNES, Celso - Relações interpessoais e auto-estima. 16º fascículo. Rio de
Janeiro: editora vozes, 2003.
- PERRENOUD, Philippe - Agir na urgência, decidir na incerteza. Saberes e
competências em uma profissão complexa. Porto Alegre, Artmed Editora, 2001.