O Professor de Matemática e a Pratica na sala de aula

Por Eliane da Silva | 05/02/2018 | Educação

      Introdução

     A matemática caminha juntamente com a língua materna. E por fazer parte do currículo escolar desde a educação infantil, ela precisa ser articulada na sala de aula sobre a sua importância nas vivências cotidianas dos estudantes.

     Na maioria das vezes, os alunos têm tendência a não gostar desse componente curricular, por achar complexa a sua aplicabilidade. O professor por sua vez tende a deixar continuar essa concepção sobre o ensino da matemática.

     No entanto, o que diferencia os conceitos sobre a matemática, é a pratica que esse professor vai realizar na sala de aula. Podendo assim, desenvolver um bom trabalho com seus alunos, resultando num bom aprendizado.

     D’Ambrosio sinaliza que: “ao começar a aula, o professor tem uma grande liberdade de ação. Dizer que não dá para fazer isso ou aquilo é desculpa (D’AMBROSIO, 2009).

     Segundo D’AMBROSIO, (2009), muitos professores realizam sua prática na sala de aula. Quando nas propostas pedagógicas é recomendável que nenhum profissional deve repetir as atividades por alguns anos consecutivos, (id. p. 105). Assim, atribui-se ao professor a falta de criatividade e conseqüentemente à ineficiência na sua formação.

      Conforme o autor: “Essa ineficiência também pode estar relacionada aos estresses apresentados, decorrentes da inabilitação profissional. Além das dificuldades intrínsecas à profissão, temos um dos mais baixos salários do mundo” (id. 2009, p. 105).

      Voltando à prática docente; é comum um professor dar aulas, por repetidos anos, na mesma série. Conforme D’AMBROSIO, isso seria um absurdo, pois, a tolerância é de três anos para se ensinar, principalmente, quando se refere ao ensino da matemática.

   Para alguns, há uma crendice de que o que era ensinado há dois mil anos ainda é hoje produzido por alguns professores, (id. 2009, p. 105).

Neste sentido, D’Ambrosio (2009) comenta:

É interessante tirar um pouco a impressão de que o professor inova simplesmente mudando o arranjo das carteiras na sala! Há pouco li num noticiário que haveria um grande progresso num sistema educacional: As autoridades arrumam as carteiras de modo que não haverá mais enfileiramento, agora será tudo em circulo! Mas no noticiário esqueceu-se de dizer se o professor continuaria quadrado ou não (p. 106, 2009).

     Para D’Ambrosio (2009), a mudança nos arranjos na sala de aula não interfere na inovação da sua prática. O professor pode continuar com mesmo comportamento de antes. Conforme D’Ambrosio (id. 2009), o fundamental não é mudar o arranjo de móveis nas salas, mas mudar a atitude do professor.

     “É preciso dar voz ao aluno nas aulas de matemática para ele defender suas idéias. Se ensinamos apenas a fazer contas, como há 40 anos, não estamos preocupados em formar indivíduos participativos”, comenta: Patricia Sadovslcy (2007, p.73), Especialista em matemática.

      Segundo Patrícia, pode-se entender que essa é uma boa estratégia para se alcançar o objetivo desejado. E é nessa interpretação que o professor de matemática consegue planejar intervenções mais produtivas.

     A pesquisadora ainda enfatiza que optar por essa maneira de ensinar não é apenas uma escolha didática. Trata-se de uma decisão sobre que tipo de aluno se pretende formar.

     Segundo o comentário da pesquisadora nos certificamos que:

A argumentação mostra à criança que é necessário e possível convencer o outro. E tudo isso sem perder de vista a conceitualização. Para conseguir explicar a aceitar justificativas, ela é essencial, pois reorganiza os conteúdos matemáticos (SADOVSKY, in NOVA ESCOLA, 2007, p.73).

     Na concepção da pesquisadora, aprender a explicar não é uma aquisição espontânea e não há regras que possam ser usadas como modelo. E sim a intenção docente, sua competência, que se adquire pelas interações que ocorrem na sala de aula, nos momentos em que os colegas aceitam ou rejeitam teorias ou cada vez que o professor valida ou propõe outras questões.

     A pesquisadora ainda comenta:

É preciso aceitar explicações não válidas. Afinal, nem todos aprendem os mesmos conteúdos ao mesmo tempo. Quando um aluno se convence de que seu exemplo não é universal, ele procura outros meios para explicar como está raciocinando (SADOVSKY, 2007, p.73).

     Para a pesquisadora, a sala de aula é um lugar, privilegiado para a aprendizagem de matemática por ser o local onde os estudantes enfrentam problemas e concebem e discutem diferentes maneiras de abordá-los.

     É neste sentido que D’Ambrosio apresenta o professor como um ser pesquisador que vem se mostrando com um novo perfil do docente. Buscar o novo junto com seus alunos é conhecer o aluno e suas características emocionais e culturais. Neste pensamento, D’Ambrosio afirma:

Para conhecer o aluno, uma das técnicas possíveis é a análise transpessoal. Lamentavelmente, a análise transpessoal é não só ignorada, mas, às vezes, até rejeitada nos currículos da disciplina “psicologia” que é aquela na qual se estudam técnicas de conhecer o aluno-indivíduo e a classe ( 2009, p. 106).

     Para o autor (id. 2009), encontrar o novo em colaboração com os alunos é uma das melhores estratégias. Isso só acontece por meio de projetos. Não excluindo as aulas expositivas, onde a mesma tem grande importância em todos os níveis da escolaridade formal e não- formal.

     Brousseau,coloca que “é preciso criar situações didáticas que façam funcionar o saber, a prática dos saberes definidos culturalmente nos programas escolares” (PARRA, 1996, p. 32). Assim esta idéia apóia-se na teoria de que o sujeito que aprendem necessitam construir por si mesmo seus conhecimentos por meio de um processo adaptativo (PIAGET, 1975), “semelhante ao que realizaram os produtores originais dos conhecimentos que se quer ensinar” (id. 1996, p. 32).

      Para o autor: “trata-se, de produzir uma gênese artificial dos conhecimentos, em que os alunos aprendam, fazendo funcionar o saber, ou melhor, em que o saber apareça, para o aluno” (id. 1996, p. 32).

      Contudo, tornar as aulas prazerosas, é necessário que haja um diálogo entre alunos e professor (a). Segundo D’Ambrosio (2009,p.107), “O diálogo é importante e dar oportunidade para essa prática, é uma estratégia que vem sendo mais e mais adotada. O autor ainda comenta:

O objetivo principal do diálogo é criar um ambiente menos inibidor para os ouvintes. Refiro-me à inibição em dois sentidos. Alguns têm uma boa pergunta para fazer, mas sentem inibição de formulá-la. O grupo pequeno desinibe e ajuda a aprimorar a questão para ser feita em plenário (D’AMBOSIO, 2009, p. 107).

     Portanto, para o autor, este tipo de atividade (perguntas e respostas) é muito importante como estratégia de ensino e deve ser melhorada no dia-a-dia, com a prática do professor. “Criar uma dinâmica de grupo de trabalho é muito importante e pode-se desenvolver muito bem por meio do método de projetos” (D’AMBROSIO, 2009, p. 08).

     Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998,p.237), “Projetos são atividades articuladas em torno da obtenção de um produto final, visível e compartilhado com as crianças, em torno do qual são organizadas as atividades”.

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