O processo de colonização da América Portuguesa e o emprego do trabalho indígena e africano escravizado

Por FERNANDA ZENGA D'ÁVILA | 16/08/2018 | História

No princípio da idade moderna, o mundo só conhecia três continentes; Europa, Ásia e África, e apenas dois mares; Indico e Mediterrâneo. No processo de expansão marítima portuguesa a mesma se lançou ao mar no século XV, com seu ponto de partida em Ceuta. Fatores históricos e geográficos explicam porque Portugal mesmo sendo um país pequeno conseguiu ser pioneiro na expansão marítima. Portugal tinha uma posição favorecida próximo ao atlântico e à costa da África, além disso, Portugal foi pioneira na unificação nacional com a revolução de Avis ( conflito político ocorrido entre 1383 e 1385 entre o Reino de Portugal e o Reino de Castela). Com o decorrer do tempo e a disputa entre Portugal e Espanha por territórios, o Papa Alexandre VI, foi obrigado a dividir o mundo ultramarino entre ambas e criou assim a Bula Inter Coetera, as terras a leste de cabo verde seriam portuguesa e a oeste espanhola. E assim em 1494 foi assinando o Tratado de Tordesilhas (assim chamado esse acordo e divisão). E assim seguiu a expansão marítima de Portugal, Vasco da Gama abriu caminhos para as Índias para garantir as rotas para Portugal, logo após com Pedro alvares Cabral no comando das navegações, iriam novamente para as índias, porém, se desviaram da rota, chegando então em 22 de abril de 1500 na costa do então “Brasil” e chamou o local de Vera cruz ou terra de Santa cruz.

   Como houve esse “desvio” de rota, muitos se perguntam se realmente foi um descobrimento ou um “achamento”, por haver indícios de que outros navegadores como o geógrafo italiano, Américo Vespúcio, Duarte Pacheco Pereira, entre outros já sabiam das terras a oeste do “ Novo mundo” o então Brasil (só chamado assim no século XIX em 1822 com a independência).Após o “achamento” ou descobrimento, Pero Vaz de Caminha escrivão da frota de Cabral enviou a carta/relato de tudo o que eles viram desde o dia 21 de abril de 1500 (ainda no navio, chegando a costa) até o dia em que partiram para as Índias, pois após alguns dias a expedição seguiu pra o seu rumo inicial. Na carta relatou também a primeira missa, que era um sinal que a igreja católica se instalaria e cumpriria sua missão no novo mundo. Esse documento era como se fosse uma certidão de nascimento do Brasil (Que na época ainda não era Brasil).

Os navegadores então, identificaram que havia um povo já nessa terra, os indígenas do Brasil. Identificaram também que nessas terras haviam riquezas naturais, como o pau-brasil. Para poder extrair essas riquezas e iguarias fizeram um tipo de “acordo” com o índios, o nome é escambo (troca de mercadoria, como sendo uma moeda). Os índios trocavam a madeira por ferramentas de corte, tecidos e etc..

Os Tupis tinham vida promissora aos olhos dos europeus, eles eram semissedentários, agricultores, e guias para os “estrangeiros” (Portugueses). Muitas palavras que usamos vem do Tupi, língua que os tupis ensinaram ao “homem branco”. A medicina com ervas usadas pelos Tupis também foi e é de grande valia até hoje. Também veio com os índios o habito de tomar banho todos os dias (coisa que os europeus não o faziam), e também os alimentos cultivados pelos índios que utilizamos até hoje como feijão, batata, abóbora, pimentas, milho, e outros.

    No período entre 1500 a 1530, não houve colonização, por isso foi dado o nome de pré colonial, pois Portugal até então não ocupou o novo mundo, por estarem envolvidos com as navegações e os lucros que estavam tendo com as índias, porém deixaram as feitorias no litoral brasileiro (galpões para guardar o pau-brasil que era recolhido pelos índios através do escambo), a mercadoria era monopólio da coroa portuguesa, que arrendava a mesma.

Após isso, em 1530 se deu a necessidade e interesse de Portugal povoar legitimamente o Brasil, pois além de ter gastos com conflitos com os muçulmanos (gastos com defesa), Portugal ainda tinha que defender o território brasileiro pois a França queria ter vantagens no litoral, através das riquezas na extração do pau-brasil.

A colonização começou realmente em 1532 com a expedição de Martim Afonso de Sousa, em busca de metais preciosos e a fim de expulsar definitivamente os franceses. Depois de percorrer o território fundou o primeiro núcleo, a Vila de São Vicente (SP). Para colonizar o Brasil D. João III decidiu pelo 1° sistema administrativo que seria de Capitanias Hereditárias, onde particulares recebiam terras para explora e usar da forma mais apropriada, ele podia deixar para seus descendentes, porém não poderia vender, nem trocar essas terras.

O rei comunicou a decisão em uma carta à Martim Afonso, que dividiria em 15 lotes paralelos, foram 12 as capitanias, destaque para Maranhão, Itamaracá, Pernambuco, Bahia, Porto Seguro, Ilhéus, Espírito Santo, Santo Amaro e São Vicente. Aos poucos, com o passar do tempo, a coroa foi retomando as capitanias, que passaram do domínio privado para o público.

   Em 1549 deu-se o fracasso das capitanias, o rei interveio e nomeou um governador-geral Tomé de Sousa para a capitania da Bahia, quando chegou ao Brasil fundou a primeira cidade São Salvador, que foi capital até o ano de 1763.

Isso acarretou com a destruição e dos Tupinambás e por deixá-los como cativos em muitas vezes, pois o intuito era assentar os “colonos”, incentivando a criação de aldeias de índios mansos para e combater a exportação ilegal do pau-brasil.  Nessa época também vieram os jesuítas com o padre Manuel da Nóbrega para catequizar os índios e educar o clero da colônia.

A colonização foi incentivada quando Tomé de Sousa trouxe gado bovino de Cabo Verde e também com o aumento do tráfico negreiro e com pedidos para os colonos açorianos virem povoar o Brasil. Mesmo com tanto esforço não foi possível inibir os franceses de se instalar em outros pontos da costa.

Ao passar do tempo, se instalou Duarte da Costa o segundo governador-geral, também acompanhado de jesuítas. No governo de Duarte, Nicolau Durand de Villegaignon tomou uma região e fundou uma colônia em 1555, chamando-a de França Antártica.

Em meio a esses embates, e após os conflitos entre católicos, huguenotes e franceses, Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, fundou São Sebastião do Rio de Janeiro a segunda cidade do Brasil.

Após esses anos e transtornos a França tenta invadir novamente outra parte do Brasil fundando França Equinocial na capitania do Maranhão. Os portuguese não deixaram barato e com Jerônimo de Albuquerque e alguns indígenas os expulsaram em 1615. E assim os donatários trouxeram órgãos administrativos de Portugal para o Brasil, após a fundação das cidades coloniais, e os chamaram de câmaras municipais. O Brasil virou uma colônia cuja finalidade era fornecer gêneros alimentícios ou minérios para Europa.

A igreja católica teve seu papel imponente por toda a América pois nessa época se dava a Contra-Reforma (1545) católica para tentar destruir com o protestantismo. O vínculo firmado entre a igreja e os monarcas foi a principal características do regime.

Para colonizar o Brasil os portuguese entenderam que teriam que pacificar os indígenas tanto para terem poder sobre eles quanto para acabar com o vínculo com os franceses. Com isso entram na história os jesuítas com Manuel da Nóbrega, eles faziam parte da Companhia de Jesus, e implantaram o catolicismo, queria converter e “civilizar” os índios.

Os jesuítas foram responsáveis pela educação dos colonos, fundando assim muitos colégios. Apenas José de Anchieta era visto com bons olhos por querer ajudar e defender os índios dos abusos dos colonizadores. Não podemos deixar de ressaltar que além da igreja católica se instalar no Brasil, também vieram os novos cristãos, judeus convertidos cristão à força sob pena de expulsão de Portugal, mesmo assim na colônia eles praticavam sua crença as escondidas como guardar os sábados, jejuar e circuncidar os meninos. Somente no sec xvII com a liberdade religiosa que alguns judeus se instalaram em pernambuco. Isso abriu portas para diversas crenças como, protestantismo e religiões africanas.

   Entrando no assunto escravidão, não foram os africanos os primeiros a serem escravizado no Brasil, os indígenas foram os primeiros povos a serem escravizados na América. No Brasil em 1570 o povo indígena e sua mão de obra foi diminuindo ( por morte nos cativeiros, por fome e até suicídio) e a opção foi substituí-la pelos escravos africanos, começando uma nova uma triste realidade e história do Brasil.

A escravidão indígena começou após os escambos ( trocas entre índios e portugueses ) pararem de dar “certo” o que na realidade nunca deu! A demanda de pau-brasil dobrou e cada vez mais os índios fugiam, alguns eram levados a força para a Europa e expostos em praça pública, com esses abusos e escândalos acabaram de vez com o “bom relacionamento” e sendo assim os índios escravizados.

Como já dito anteriormente, após a redução dos índios, a escravidão de africanos foi inserida no Brasil, até por que para os portugueses o africano era uma melhor opção por conhecer modo de produção e saber lidar melhor com o trabalho agrícola, era um “negocio lucrativo”. Os africanos sofriam maus tratos, pois como a demanda era barata, eram trocados facilmente por novos escravos.