O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO

Por Edilene de Lima | 24/01/2017 | Educação

EDILENE DE LIMA, RUTE ALVES CARVALHO

O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO

SORRISO - MT

2017

O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO

Edilene de Lima, Rute Alves Carvalho

RESUMO

Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica que surgiu da necessidade de compreender como se dá o processo de aquisição da leitura e escrita nas crianças da alfabetização. Buscou – se conhecer a concepção de alguns autores como Cagliari e Rojo que contribuíram significativamente com estudos voltados para a Alfabetização, o que falam a respeito e os pontos de vista por eles defendidos. Também foram temas abordados a definição dos termos leitura e escrita e a importância dos mesmos e uma reflexão sobre como evitar certos erros, os procedimentos para obter resultados satisfatórios, como deve ser o posicionamento da escola nesse processo e o perfil de um professor alfabetizador. Os resultados obtidos a partir do presente estudo são considerados satisfatórios, pois esclareceram uma série de dúvidas referentes ao processo de aquisição da leitura e escrita na alfabetização. Conclui - se através desta pesquisa que o professor de alfabetização precisa ser habilitado, reconhecer a estrutura da língua e as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos. Deve ainda, estar constantemente buscando informações para fazer com que os alunos se apropriem da leitura e da escrita de maneira significativa. Quando um profissional da educação apóia - se em conceitos, análises e experiências, tomando por base algumas pesquisas que considera relevante, procura utilizar os métodos que julga ser eficaz, aposta na capacidade dos indivíduos que ensina, e reflete sobre sua prática pedagógica procurando ser melhor a cada dia, consegue alfabetizar seus alunos, realizando um trabalho sério e bem feito.

Palavras – chave: Alfabetização. Leitura. Escrita. Aluno. Professor

Introdução                                                                                          

As atividades de leitura e de escrita tem sido objeto de estudo de muitos pesquisadores, sobretudo nas últimas décadas. Têm – se estudado o fenômeno de muitos pontos de vista, trazendo – se, assim, contribuições para uma melhor compreensão dos fatos envolvidos e, conseqüentemente, para uma melhor atividade escolar.

Com o intuito de conhecer mais detalhadamente como se dá o processo de iniciação da leitura e da escrita na criança inserida no primeiro ano do Ensino Fundamental, buscou – se saber de alguns autores como Cagliari, Rojo, que contribuíram significativamente com estudos voltados para a Alfabetização, o que falam a respeito, os pontos de vista por eles defendidos, como evitar certos erros, os procedimentos para obter resultados satisfatórios.  

Desenvolvimento

O que significam os termos leitura e escrita, a importância das mesmas e como chegar lá

Apropriar – se da leitura e da escrita, ou seja, aprender a ler e a escrever, é sem dúvida alguma o desafio maior que todas as crianças inseridas nos primeiros anos escolares, sobretudo na alfabetização enfrentam. Isso acontece porque o mundo em que vivemos é totalmente dominado por informações escritas. Para tanto, a criança deve vencer esse desafio desenvolvendo tais habilidades consideradas o primeiro passo para todo indivíduo que freqüenta a escola, para que venha a ser mais tarde um cidadão livre e independente em suas decisões.

Já se sabe que o segredo da alfabetização é a leitura. Alfabetizar é, na sua essência, ensinar alguém a ler, ou seja, a decifrar a escrita. Escrever é uma decorrência desse conhecimento, e não o inverso. Na prática escolar, parte – se sempre do pressuposto de que o aluno já sabe decifrar a escrita, por isso o termo “leitura” adquire outro sentido. Trata – se, então, da leitura para conhecer um texto escrito. Na alfabetização, a leitura como decifração é o objetivo maior a ser atingido. Os próprios textos são, na maioria das vezes, pretextos para trabalhar a leitura como decifração. O uso da leitura como forma de pesquisar adquire uma importância secundária. Depois que o aluno se tornou fluente na leitura, ou seja, sabe decifrar a escrita com facilidade, o uso da leitura como busca de informação torna – se o objetivo mais importante na escola e a simples decifração deixa de ser uma preocupação constante nos estudos. (CAGLIARI, 1998, p.312)

A Aprendizagem da leitura e da escrita está condicionada a diversos fatores, que podem contribuir tanto para um bom, quanto para um ruim desempenho da aprendizagem leitora e para o desenvolvimento eficaz da linguagem escrita.  A escrita em qualquer língua apresenta aspectos da fala, já a leitura, esta, deve ultrapassar a simples representação gráfica e decodificação de símbolos, é antes de tudo, uma compreensão e entendimento da expressão escrita.

            Para Cagliari (1998), a escrita tem como principal objetivo permitir a leitura. A leitura por sua vez, é uma interpretação da escrita que traduz os símbolos escritos em fala. Alguns tipos de escrita preocupam - se com a expressão oral e outros com a transmissão de significados específicos que são decifrados por quem é habilitado.

Afirma ainda que:

Para quem já sabe ler, parece muito fácil e natural. Entretanto, para chegar a esse ponto, é preciso adquirir certos conhecimentos. Uma simples reflexão sobre isso nos leva a concluir entre outras coisas, que essa pessoa precisa saber a língua portuguesa, a diferença entre desenho e escrita, o que são letras e como as diferentes formas de letra dão origem aos diferentes alfabetos que usamos. Deve saber porque uma forma gráfica pode ser interpretada como a letra A, e não de outra maneira, e até que ponto pode variar a forma gráfica de um caractere e, apesar disso continuar reconhecendo nele a mesma letra – em poucas palavras, ser capaz de identificar a categorização gráfica e funcional da letra, o que se consegue somente com o reconhecimento da natureza, função e uso da ortografia. (CAGLIARI, 1998, p.312)

De acordo com Rojo (1998), um método de alfabetização que considera o processo de aprendizagem deixa espaço para o aluno expor suas idéias a respeito do que aprende e o encoraja para isso. Esse processo pode ser feito não de maneira dissertativa (como age o educador ao ensinar), e sim, por meio da realização de trabalhos, onde se observa o que o aluno fez e descobre o por qual razão fez, o que fez, do jeito que fez. Quando o educando diz ou escreve algo, ou lê, ele coloca, nestas atividades, o conhecimento que possui. Como até então, conhece apenas parcialmente o que está fazendo, inevitavelmente, irá cometer erros e acertos. Dá análise desses acertos e erros, é possível descobrir o que o aluno sabe e o que o aluno ainda não sabe, se sabe ao certo ou se está tomando decisões equivocadas, estranhas e incorretas.

Para Rojo (1998), aquele aluno que tem seu espaço para revelar as suas hipóteses através de sua iniciativa, em trabalhos escolares, parece, no começo, em meio a um enorme caos. Mas, aos poucos, vai aprendendo a organizar seus conhecimentos e a adequá – los à realidade e aos poucos tudo vai achando seu lugar e sua razão de ser, de tal modo que esse aluno acaba aprendendo não só o que deve em termos de conteúdo, mas também aprende a aprender: aprende como ele, do jeito que é, deve fazer para construir seus conhecimentos. A escola precisa se preocupar antes com a aquisição do processo de aprendizagem e depois com os resultados obtidos pelas crianças.

O perfil do professor alfabetizador

O educador que trabalha com o ensino de leitura e escrita precisa, reconhecer a organização e estrutura do sistema gráfico para elaborar estratégias de ensino, conforme sua visão profissional para que tenha mais condições de auxiliar seus alunos na superação de eventuais dúvidas de leitura e ortografia.

A ausência de informação especializada em que se encontram muitos alfabetizadores é um fato preocupante. Existe a necessidade de fazer com que estes aprimorem o conhecimento, de pensar em orientações que os impulsionem a buscar recursos como pesquisa e leitura de livros, artigos de especialistas (que tenham uma visão geral de como ocorre os processos de aquisição da linguagem, da leitura e da escrita) e aprender novas técnicas.

Ao professor cabe não somente, possuir conhecimentos referentes ao ensino da disciplina, mas, mostrar para os educandos que cada letra (grafema) é representada por unidades sonoras (fonemas), fato que pode dificultar a compreensão do processo de leitura.  Criar com freqüência situações em que as crianças tenham oportunidades de ter contato com o alfabeto, com textos, com palavras e explicar a origem das mesmas, é um processo que pode resultar num melhor entendimento da pronúncia e da escrita de certas palavras que lhes causam confusão.

É tarefa do profissional de educação levar ao conhecimento do aluno, que é preciso memorizar algumas palavras (maneira como se escreve), apresentar a ele o dicionário esclarecendo que a sua utilização é fundamental quando se quer a definição de palavras desconhecidas ou mesmo a maneira correta de lê – las e escrevê – las, e fazê – lo entender que a língua possui suas regras e arbitrariedades. Agindo dessa forma o professor responsável pela aquisição de leitura e escrita de seus alunos estará criando condições para que estes apresentem um desempenho satisfatório nas atividades a que se destinam, porém, conforme Rojo (1998), ele não é o único mediador entre uma atividade e um aluno que aprende, mas os próprios alunos podem ser uns dos outros, ao trabalharem juntos e compartilharem conhecimentos.

A escola não precisa se preocupar muito com a aprendizagem: isso as crianças farão por si. Precisa preocupar – se com dar chances às crianças para vivenciarem o que precisam aprender. Sentirem que o que fazem é significativo e vale a pena ser feito. Sem esse interesse realmente sentido pelas crianças, as atividades da escola podem não passar de um jogo, de um brinquedo, de uma obrigação, que alguns podem realizar, e, outros inconformados, deixar de lado. (ROJO, 1998, p.64 a 65)

Embora seja de suma importância o conhecimento de teorias referentes ao ensino da leitura e da escrita, e o domínio de tais habilidades, isso não é suficiente. É preciso haver a sensibilidade de ver cada criança como única, merecendo respeito, tendo cada conquista valorizada, e procurando entender as limitações e o ritmo de aprendizagem de cada uma.

Conforme Rojo (1998), nenhum processo de ensino pode se realizar, se o professor desconhece o que acontece com o aluno no seu processo de aprendizagem. Todo programa de ensino pode estabelecer linhas gerais. Em sua realização, ele precisa adequar - se à realidade de cada um dos aprendizes.

Conclusão

            Conclui - se a partir deste estudo que o professor de alfabetização precisa ser habilitado, reconhecer a estrutura da língua e as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos para que possam se tornar instrumentos de intervenção que possibilitem levá - los a superar obstáculos e construir o aprendizado. Deve ainda, estar constantemente buscando informações para fazer com que os alunos se apropriem da leitura e da escrita de maneira significativa, visto que esse sistema é bastante complexo e estamos inseridos num mundo e numa cultura onde dominar estas duas práticas é uma questão de sobrevivência.         

            Este deve ainda entender, que as crianças cooperam na construção de seu conhecimento próprio através das experiências vivenciadas cotidianamente com a interação que possuem umas com as outras. Rojo (1998), afirma que deixar o aluno construir seus conhecimentos é essencial como sua atividade própria e ensiná – lo, ajudá – lo a progredir é fundamental como atividade do professor e como objetivo que dá a razão de ser de uma escola.

Um bom trabalho de alfabetização deve levar em conta o processo de ensino e aprendizagem de maneira equilibrada e adequada. O professor tem uma função a realizar em sala de aula e não pode passivamente assistir ao que o aluno faz, também não deve ser apenas facilitador do processo de aprendizagem, só passando tarefas. Mas é antes, responsável por ensinar e, assim, ajudar cada aluno a dar um passo adiante e progredir na construção de seus conhecimentos.

Quando um profissional da educação apóia - se em conceitos, análises e experiências, tomando por base algumas pesquisas que considera relevante, procura utilizar os métodos que julga ser eficaz, aposta na capacidade dos indivíduos que ensina, e reflete sobre sua prática pedagógica procurando ser melhor a cada dia, consegue alfabetizar seus alunos, realizando um trabalho sério e bem feito.

REFERÊNCIAS

ROJO, Roxane Helena Rodrigues. Alfabetização e letramento : perspectivas lingüísticas / Roxane Helena Rodrigues Rojo (org). _ Campinas, SP: Mercado de Letras, 1998. _ (Coleção Letramento, Educação e Sociedade)

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o bá – bé – bi – bó – bú/ Luiz Carlos Cagliari. _ São Paulo: Scipione, 1998. – (Pensamento e Ação no Magistério)

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Lingüística/ Luiz Carlos Cagliari. _ São Paulo: Scipione, 2007. (Pensamento e Ação no Magistério)

  

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