O currículo da Classe Hospitalar Pioneira no Rio Grande do Sul

Por Bruno Marinelli | 22/09/2013 | Educação

O artigo “O currículo da Classe Hospitalar Pioneira no Rio Grande do Sul”, de Leodi Conceição Meireles e Soraia Napoleão Freitas, publicada pela revista Educação & Realidade v. 39 n.2 da edição de abril e junho de 2014 na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), abrange a questão curricular da educação hospitalar desvendando sua funcionalidade e ao mesmo tempo, a questão urgente da sua praticidade em todos os centros hospitalares, pois, a educação é um direito integral de crianças e adolescentes e sua permanência na realidade hospitalar frutifica e garante ao mesmo tempo a universalização e a socialização do acesso à escola a aquelas crianças e jovens que apresentam problemas de saúde.

O artigo é pioneiro na questão de simbolizar um estudo analítico sobre a questão pedagógica e didática de um currículo hospitalar, notoriamente faz várias conclamações sobre a baixa ou até a inexistência de estudos curriculares sobre a questão das classes hospitalares. A afirmação de seu território e legalidade só é dada em 2002 com o documento “Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações”, difundido de Ministério da Educação através da Secretaria da Educação Especial, no entanto, encontra-se neste documento apenas um esboço sobre a universalização do ensino. A presente realidade é tamanha que encontra somente 74 hospitais da qual 140 educadores efetivam o atendimento especial a crianças e adolescentes hospitalizados; apresenta-se desta forma os inúmeros passos para que tal direito esteja acesso de todos (as) crianças e jovens do Brasil. 

Um dado importante é que a esfera hospitalar compreende a criança e o jovem como um número, ou seja, uma patologia, de outra forma, a atmosfera hospitalar prende o corpo e a racionalidade do doente, retira o jovem da socialização intermediária que é a escola, por este motivo a existência da educação hospitalar apresenta pontos claros e nítidos de um ambiente em construção, onde o doente pode cognitivamente aprender e apresentar ao mesmo tempo o seu mundo e seus anseios ao seu educador, e o educador pode semear a alfabetização ou até mesmo a extensão de diálogos construtivos e preparatórios para a volta futura do educando em salas comuns.

A dinâmica do artigo ainda faz uso de diferentes internações, limitando a aplicação da educação hospitalar em internações prolongadas e internações eventuais obedecendo cada especialidade uma abordagem específica por parte do educador. Em tese a educação hospitalar coloca a educação do afeto ao lado da educação para o conhecimento, pois, o ponto crucial de sua aplicação reside na escuta pedagógica, eis aqui o grande valor curricular para onde o programa aponta, a saber, o foco na pluralidade do conhecimento.

A importância de um currículo nacional é tamanha que o artigo faz menção na abordagem curricular ao longo da história, seja mundial ou nacional; faz na verdade um resgate histórico curricular, por isso, a importância de um currículo aberto para a educação hospitalar, tendo em vista que esta faz seus caminhos não por via de regulamentação, mas com total transito de liberdade, independência e emancipação. Resgata desta forma, saberes necessários para a compreensão de valores essencialmente sociais, a saber, a diversidade social, étnica, a questão de gênero e a própria religiosidade. Em tese, o Universo da sala hospitalar é o incentivo a autoestima, a inclusão social, e o respeito a igualdade; ou seja, a classe hospitalar não se projeta para frente, mas foca-se na necessidade do aluno-paciente, pois incendeia-se inteiramente no presente. Por este motivo a importância e ao mesmo tempo aposta ao Programa de Apoio Pedagógico que pode esclarecer a formação continua dos profissionais envolvidos, no caso da pioneira Classe Hospitalar gaúcha um seguimento não engessador de três bases informação, formação e vivências. Assim concretiza segundo os autores a maior prova de que os seguimentos de classe Hospitalar selam uma aposta da educação pautada do olhar e da escuta a um público tão vulnerável e sedento de saber.

Fica evidente a abrangência deste artigo e ao mesmo tempo a sua urgência de conhecimento de todos os envolvidos, a saber, professores, comunidade local (pais ou responsáveis), políticos, administradores da Educação, psicólogos, e comunidade da saúde. Sua leitura é de tamanha urgência e apresenta pontos básicos e essenciais da Educação Hospitalar que é dever de todos, assegurado amplamente como direito básico do cidadão.

Abordado de forma ampla e de fácil leitura é um estudo semeador que abrange no leitor a necessidade de querer difundir sua dinâmica, praticidade e ao mesmo tempo angariar novos semeadores.