O POR QUE DA INDIFERENÇA DA SOCIEDADE SOBRE A HISTÓRIA AFRO BRASILEIRA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: COMPARANDO O MUSEU DO NEGRO E O INSTITUTO PRETOS NOVOS (IPN)

Por michael leonardo botelho dos santos | 21/02/2018 | História

RESUMO

O objetivo deste artigo é mostrar que a indiferença da sociedade sobre a história afro brasileira na cidade do Rio de Janeiro é apenas um reflexo de um conjunto de fatores que dificultam é uma melhor visibilidade desse movimento. Um bom exemplo de fator que prejudica maior visibilidade é de uma lei que beneficia instituições de grandes portes e com isso desprestigiam aquelas que são menores, este artigo teve como base os museus: do Negro e do IPN (Instituto Pretos Novos). Apontando os possíveis motivos que vieram ocasionar em uma pouca apreciação de nós cidadãos no interesse por essas instituições. Dentre os possíveis motivos, tem um que entra na concepção de “invisível”, mas esta invisibilidade não está no ponto de vista de presença ou até mesmo de existir, mas de ainda ser timidamente estimado, tanto pelas visitas da grande massa populacional, quanto pelo apoio financeiro do governo. Esses tristes fatos despertaram o real interesse deste trabalho, que é procurar saber o por que a história social e cultural do negro na cidade do Rio de Janeiro ainda é pouco vista. Este artigo também procura mostrar a causa da precariedade da busca dos cidadãos pelo tema, que por sinal é um reflexo de uma tímida valorização financeira e até mesmo midiática. A partir da observação participante, entrevistas, análise de documentos, leituras de artigos relacionados, vídeos e de livro, a intenção foi ponderar a relação da visibilidade desses museus ao seu sucesso, através de mais apoios financeiros, tanto por parte governamental quando pela iniciativa privada e também pelas divulgações da mídia.

Palavras-chave: Indiferença, Invisibilidade, História Afro Brasileiro, Cidade do Rio de Janeiro.

1. INTRODUÇÃO

A finalidade deste artigo é de fazer alguns apontamentos em um tema ainda pouco explorado em nossa historiografia nacional: é sobre a invisibilidade que se da através da indiferença por parte de órgãos competentes e consequentemente da nossa população na história afro brasileira na cidade do Rio de Janeiro, tendo os museus do Instituto Pretos Novos (IPN) e o Museu do Negro como referência. Infelizmente, um acontecimento extremo que seria o fechamento do IPN estar para acontecer, é lamentável, mas as noticias de hoje nos leva a entender que isso é apenas uma questão de tempo, neste caso o seu fechamento não seria tanto pelos números de visitações, que por sinal é inteiramente gratuito e para todas as idades e gêneros, mas pela pouca notoriedade por parte das grandes mídias de massa e principalmente pela grave crise financeira que o instituto esta passando. Essa ocorrência se dá devido a um corte brusco da receita, que até então a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro repassava para manter a instituição de portas abertas. Porém, ao realizar diversas pesquisas para elaboração deste artigo, ficou evidente o motivo desse corte brusco, que não é nada mais, nada a menos que seguimentos de normas, que existem para se ter o direito de financiamento do governo. Contudo há burocracia que existe nas regras do IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus), instituto criado no ano de 2009, pelo até então senhor presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva. O IBRAM foi criado para servir de instrumento de normativa que tende a regular os procedimentos de apresentação, recebimento, análise, aprovação, execução, acompanhamento, prestação de contas e avaliação de resultados das propostas culturais apresentadas com vistas de autorização para captação de recursos por meio do mecanismo de incentivo fiscal do Programa Nacional de Apoio à Cultura – Pronac, previsto na Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. Isso quer dizer que, na teoria este instituto foi criado para padronizar e até mesmo melhorar os nossos museus, O IBRAM ainda é o órgão responsável pela Política Nacional de Museus (PNM), o que o torna responsável também pelo progresso dos serviços do setor como: acréscimo de visitantes e de arrecadações dos museus, com promoções de políticas de aquisição e preservação de acervos e criação de ações integradas entre os museus brasileiros, mas mesmo com todo esse aparato para valorizar nossos museus, o que deveria proporcionar verbas e visibilidade acaba acontecendo justamente ao contrário dessas teorias, e que 9 inevitavelmente acaba implicando com uma precariedade a nossa cultura afro nos museus do IPN e assim consequentemente também ao Museu do Negro. Tendo a realidade muito diferente que o (IBRAM) prega de fortalecer cada vez mais nossos museus, o que na verdade acontece é que os Museus e as Instituições de grandes portes acabam tendo mais facilidades de seguirem suas normas, isso pela quantidade de profissionais que eles possuem, de espaço de mídia e até mesmo pela sua estrutura física. Devido às muitas burocracias do IBRAM, o cenário que se desenha para os museus considerados de menor porte, que é o caso do IPN e do Museu do Negro é a pouca ou até mesmo nenhuma verba que chega para manter a conservação da história afro nesses museus, isso automaticamente gera a pouca procura da mídia e assim consequentemente influir no conhecimento de nós cidadãos na existência desses ambientes. E são esses ambientes que ajudam a combater através de seus registros e histórias muitos preconceitos de vários os tipos entre eles estão os ideológicos, étnicos e até mesmo religiosos. Quem mais tem sofrido com isso é o IPN, que não sabe por mais quanto tempo vai resistir a este triste fato e o que hoje parece ser inevitável esta cada vez mais próxima de acontecer, que é o fechamento de um das mais importantes Instituições que ajuda a manter viva boa parte da cultura da identidade não só regional mais uma identidade nacional. O Museu do Negro é outro grande exemplo que a lei não o favorece, mas há uma grande peculiaridade em relação ao IPN, até porque a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos tem participação direta no que se refere a quase tudo no Museu, inclusive na arrecadação de recursos, algo que acaba atrapalhando o museu porque antes de qualquer coisa tem que haver o consentimento da irmandade naquilo que se refere ao museu, e a irmandade é bem conservadora neste quesito.

Artigo completo: