O Ponto de Partida
Por Leandro Benitez | 16/03/2009 | FilosofiaSão tantas as possibilidades de se começar um texto como este que não consigo imaginar a melhor ou pior forma de fazer isso. Uma mistura de sentimentos, de pensamentos bons e ruins me acompanham dia a dia, vou do piso ao pico e vice-versa, me sinto o pior e o melhor em menos de uma respiração por segundo. O que causa isso? talvés muitas pessoas sintam o mesmo e se perguntem o mesmo, com certeza, muitas pessoas justifiquem isso de muitas formas, mas escondendo na verdade o mesmo tipo de sentimento, a final o que é certo neste mundo, na nossa vida ?
Dia a dia lutamos com sentimentos que não conhecemos, driblamos pensamentos que vem e vão sem nos dar possibilidades de defesa, assumimos riscos, perdemos oportunidades, e terminamos no mesmo ponto em que havíamos começado, o ponto de partida.
Existiram infinitos pensadores, filósofos, poetas, cada um deles descreveu o mundo de uma forma diferente, cada um deles descreveu o amor e o ódio de uma forma diferente, qual seria a certa ? diria eu que esta é a certa, a minha versão, mas como posso ter tanta certeza disso se em cada palavra escrita fica claro que nem eu mesmo conheço a verdade !
Podemos ler e ler novamente pensamentos, novelas, notícias, resumos, e tudo o que mais possamos imaginar, e com certeza, cada um deles vai ter algo igual e algo diferente, mas existe sim uma coisa que sempre predomina, a certeza de que a verdade está no momento em que lemos. Um texto falando sobre os esfomeados na África pode nos causar uma enorme angústia, uma tristeza profunda, como pode nos causar uma sensação de indiferença, podemos chorar ou pensar que somos simplesmente sortudos por não viver nessa realidade.
Na verdade, milhares de pessoas em todas as partes do mundo, estão neste mesmo momento, em que minhas mãos são controladas mais pelo meu coração que pelo meu cérebro, onde cada frase sai mais rápido do que posso digitar, fazendo a mesma coisa, tentando colocar pensamentos em ordem, tentando achar uma resposta a eterna dúvida que nos persegue. Muitas delas encontram, muitas delas passam suas vidas nesta procura e se vão sem se quer ter chegado perto, muitas outras percebem que as respostas estavam ali, bem mais perto do que imaginava. Estas estatísticas não param por ai, por que se subdividirmos estes grupos em novos sub grupos descobriremos que, grande parte das pessoas, perceberá que as respostas estão ali, tarde de mais.
Um dia, lendo poemas ou no meu ver citações de um poeta brasileiro, Paulista diga-se de passagem, li uma parte onde ele dizia que amava escrever, que ali estavam anos de sentimentos ruins e bons, os melhores e piores dias da sua vida, neste momento, pude imagina-lo digitando cada palavra, letra por letra durante anos.
Assim é o mistério da vida, momentos formados por sub momentos que formam a nossa lembrança, o nosso dia. O nosso presente um dia será parte do nosso passado, e este passado nos acompanhará por todo nosso presente ao longo do nosso futuro. Seremos parte do que somos hoje, formados por cada decisão, por cada atitude de hoje, que amanhã, será ontem.
Hoje o meu pensamento egoísta me faz querer o isolamento, o isolamento total e perpétuo, mas isso se torna mais do que uma contradição se pensar que nada faria sentido sem esta dúvida enorme. Um dia, comentei em um dos meus textos que sem conhecer a tristeza, nunca experimentaríamos a felicidade, sem a magoa, nunca experimentaríamos o amor, mas até quando, até quando e quanto precisamos viver com sentimentos contrários para poder sentir o sentimento verdadeiro. Seria fácil conviver somente com momentos doces, com momentos de alegria.
Um pensamento nos basta, uma dúvida nos desvia, a raiva nos leva por caminhos errados, a mágoa nos retrai, mas isso some em um único momento, no momento em que decidimos não sentir mais nada.
Dias de luta, de grandes barreiras, de infinitos caminhos, penso no futuro, o que me espera ? penso no passado, o que fiz ? penso no meu presente, como saio dessa ? Poderia simplesmente me isolar em uma cabana rodeada de árvores, inspirar o ar fresco da natureza, sentir o frio no meu corpo, cortando uma lenha, ascendendo uma lareira e tomando um bom vinho. Sonho ? futuro ? nunca sei, nunca sei o que é sonho, o que é desejo, o que é ficção.
Quem sabem um dia, estarei escrevendo histórias de sucessos, quem sabe um dia, estarei ensinando pessoas a se encontrarem. Ou quem sabe eu continue por anos, escrevendo quase que anonimamente histórias ou resumos de uma vida cheia de dúvidas e sonhos grandes.
Eu acredito veemente, existe um plano, existe um motivo, existe um Deus olhando nossos passos. Passamos por aprovações constantes, mas de algo eu tenho certeza, este filtro é o que define se amanhã, estarei na minha cabana ou aqui novamente.
Leandro Benitez