O pequeno caderno verde - I
Por Raimundo Nonato RODRIGUES | 02/04/2016 | LiteraturaO pequeno caderno verde "Não escrevo para sofrer, escrevo para me livrar do sofrimento" Ferreira Gullar I Era final de tarde de um sábado, no vigésimo-quinto dia de janeiro. Depois de um dia nublado,o sol reapareceu para findar as esperanças. Sintonizo num programa de reggae. Abalado com o sofrimento da família Joad na Califórnia em "Vinhas da Ira" do mestre de Salinas Mister Steinbeck. Uma situação muito difícil que muitas famílias americanas passaram naquela época da grande depressão. Muito trabalhador para pouco trabalho. Ganhando salário diário que dava muito mal para comprar comida. Steinbeck, um escritor social que deve ter enfrentado muito critica de seus abonados conterrâneos ao relatar com frieza o lado miserável da opulenta sociedade americana dps anos 30. A noite bateu na Casa bamba.Adrilelle solitária sem a sua irrequieta companheira Clarinha que foi com a mãe para a casa deles no bairro da Madre Deus. Minha cunhada tristonha,um pouco ébria, preocupada com o amanhã. Seu Pietro cansado, dormita no velho sofá na sala do computador. Larissa andando de uma lado para outro. E eu vendo um documentário no You tube sobre o Festival Indiano Kumba Mela de 2013 em Allahabad. - Já vai com tua doidice - Reclama irritada minha cunhada quando apanhei este caderno,o livro, o radinho depilha e vim para cá. É sempre assim, nem ligo mais. UM céu límpido sem estrelas. O mestre Jonatas com um carro de mão vazio vindo do sacolão onde ajuda Seu Nezinho a guardar as mercadorias. Vozes altas da Casa dos Correias. Voltei a sintonizar na rádio Universidade FM.. Uma lua pálida e tímida esconde-se por trás das nuvens escuras. Encerrei a leitura do grande romance americano "Vinhas da Ira". - Os três gatinhos novos brincam debaixo da capa do sofá. O cheiro gostosos deste caderno novo,que escrevo timidamente com receio de macular suas folhas virgens com palavras insossas. Busco a perfeição literária, talvez tenho encontrada e não o percebi. Invejo a prosa solta do escritor franco-americano Jack Kerouac ou do malucão do Bukowski. Dos meus livros nunca vendidos que teimo em escrever, como um louco em busca do orgasmo divino. Os negócios vão mal, sem encomendas na oficina, ainda bem que não tenho dividas a pagar, há não ser a Cemar, Cabeludo e cinco reais para o Capitão La Sierra.