O Pensamento de René Descartes.

Por Edjar Dias de Vasconcelos | 23/10/2012 | Filosofia

René Descartes.

1596-1650.

René Descartes, nasceu  em La Haye, de família rica, estudou com os padres jesuítas, era aplicado como aluno, foi  brilhante  como estudante do colégio Lá Flèche,  na época uma Escola  muito conceituada.

Mas tarde Descartes profundamente decepcionado com o sistema de ensino, confessa que resolveu buscar a sua formação por si mesmo e foi dessa forma até a sua morte.

Ele ingressou na carreira militar, mas sem levar muito a sério,  na verdade ocupava seu tempo estudando filosofia e matemática, em 1619 viajou por várias partes do mundo, conhecendo diversos sábios, tornando amigo em especial  de Pascal.

Sempre teve muito medo das perseguições religiosas, foi profundamente marcado pela perseguição a Galileu,  procurou ter muito cuidado com o Vaticano, por outro lado, com reações fanáticas dos protestantes.

 Formulou  suas ideias com muito cuidado, ele mesmo lhe censurou o tempo todo, sua obra foi imensamente  prejudicada, o que ele escreveu na essência do seu pensamento foi adulterado por ele, com medo da inquisição.  

Apesar  de tudo isso, publicou uma imensidade  de trabalhos, transformou-se praticamente no pai da filosofia moderna,  vejamos como o mesmo elaborou seu pensamento .

Descartes defendeu a seguinte tese, para conhecermos a verdade temos que colocar todos nossos conhecimentos em dúvida.

 Tudo deve ser questionado, nada é passível a certeza, todas as teses devem ser criteriosamente analisadas,  se existe algo  de certo, que mereça ser considerado como verdade.

Como podemos ter a plena certeza de algo, essa foi a sua  grande interrogação, como chegar ao conhecimento objetivo.

 O seu método teve início desenvolvendo uma aplicação metódica, que a princípio foi considerado com erro todas as concepções sensoriais.

Nega como fundamento à possibilidade do conhecimento empírico, o saber só era possível pelo mecanismo evidentemente  lógico aplicado a razão, ou seja, a negação do princípio da contradição, o que na sua natureza for contraditório,  não possibilitaria a evidência,  não poderia ser verdadeiro.

Possibilitou a  dúvida não apenas no elemento empírico, mas também em tudo que fosse fruto do pensamento, do desenvolvimento do mesmo, colocou em duvida em um primeiro momento,  no próprio racionalismo.

Por ultimo, feito tudo isso, finalmente chegou à única verdade, totalmente livre da dúvida, o primeiro critério de certeza.

  O pensamento existe, o fato de duvidar era a primeira certeza. A existência do pensamento era prova cabal da existência do homem, então o homem existe porque só ele produziu a dúvida.

O pensamento, nenhuma outra forma de vida poderia produzir o pensamento, com efeito, o homem é real, não tem como não existir.

Desse fato, decorre a grande formulação de Descartes, penso logo existo, Cogito ergo sum.  Para Descartes essa é a grande verdade,  firme, segura, sem possibilidade de erro.

 Esse princípio tem que ser aplicado a toda filosofia. A existência do homem é a primeira grande prova a respeito da verdade.

O segundo momento da filosofia de Descartes, a existência como prova, ou seja, a consciência humana, a consciência do ser homem.

 Se penso, logo comprovo que tenho existência, como pode explicar essa formulação, qual o grande segredo da prova, podemos extrair a seguinte consequência.

A consciência como pensamento é mais importante que a matéria, a vida como realidade física, então o homem em última instância não seria representado pela sua materialidade, mas pela sua alma.

O fundamentado nesse princípio, o pensamento como prova da existência,  toda sua filosofia posterior sofreu influência dessa lógica, assumiu um caráter essencialmente idealista.

  Isso é uma tendência generalizadora, para valorizar a atividade do sujeito como pensamento. A realidade absoluta é o  ser pensante fruto da própria consciência.

É, portanto, para efeito prático, o sujeito tornou-se mais importante, que o objeto.   Por outro caminho, uma tendência veementemente necessária, o que deve ser ressaltado.

 Com  todo afinco, para o entendimento da razão formulada, a prevalência da consciência a respeito de qualquer forma de matéria entendida como conteúdo da realidade.

Esse procedimento epistemológico trouxe consequências terríveis para a construção da filosofia moderna, em diversos aspectos, primeiro perdeu consquetemente qualquer lógica dialética entre sujeito e objeto.

 Sendo  que o último ficou inteiramente subordinado ao sujeito, apenas o sujeito poderia conhecer o referido e de forma projetiva, o conhecimento uma projeção do sujeito.

Com efeito, a matéria era algo apenas conhecível, jamais poderia ser a realidade primeira, primeiro existe a alma como realidade de conhecimento, sujeita  ao  mecanismo do saber, por último, a matéria  que poderá ser conhecida.

 E só era sabida de acordo com a vontade do sujeito, o mundo transformou-se de certo modo numa realidade metafísica, sendo ou não Descartes um metafísico.

O próprio Descarte recomendava, que o sujeito, ou seja, a razão, espiritual deveria desconfiar de todas as formas do conhecimento empírico, o método indutivo seria de certa forma um perigo para o desenvolvimento da razão.

O perigo das percepções sensoriais, elas podem induzir ao espírito erros constantes, às vezes irreparáveis para conhecimento do homem.

 Aquilo que Descartes negou, ou seja, a lógica formal de Aristóteles, o que saiu pela porta da sala, voltou pela porta da cozinha e definitivamente passou fazer parte da consciência do mundo moderno.

Aplicação da lógica dedutiva, os princípios do velho entendimento do mundo anterior, o verdadeiro conhecimento de tudo passou a ser verificado tão somente, pela acepção da mente.

Nesse aspecto fundamental do seu pensamento que em referencia ao passado as velhas construções do pensamento, a verdade nas ciências, só poderiam ser realmente incontestáveis aqueles que fizessem recurso da aplicação da matemática.

A matemática tornou o grande instrumento para verificação da realidade objetiva, conhecer teria que materializar os fatos espiritualmente nas condições objetivas da lógica dos números, sendo que os referidos não traziam em si nenhuma forma de contradição.

Mas qual a sua grande importância para o mundo moderno, primeiro através da sua dúvida metódica, propositalmente, destruiu de certa forma toda edificação do conhecimento estabelecido até aquele momento.

Mas, no entanto, a sua tentativa de reconstruir o edifício não foi fundamentalmente notável, comparado, com efeito, a destruição proporcionada por ele, relacionado com certa eficiência, o que na realidade foi à demolição.

Na verdade o que podemos concluir que Descartes tornou se fundamental para filosofia, não pelas questões que procurou resolver, até porque ele não resolveu aquilo que procurou de certa maneira destruir.

 Mas seu valor se deve pelo fato de ter procurado com eficiência colocar em questão os grandes problemas herdados de outros filósofos de períodos anteriores.

A partir dele o mundo foi aos poucos deixando de ser teocêntrico e aos poucos passou a ser antropocêntrico,  a razão foi alterando letamente o lugar das explicações metafísicas, desse modo, foi constituído o mundo moderno.

 Logicamente  que posteriormente,  com a colaboração  de outros filósofos, entre eles Kant que faz uma reconciliação entre o sujeito e o objeto, mais tarde,  estabeleceu se a empiria como critério verificação.

 Mas sem jamais desconsiderar o papel do sujeito  na relação com o objeto no processamento do conhecimento científico, uma proposição  dialética.

 Sendo  que a razão última de qualquer realidade constituiu-se antes de tudo pela materialidade dos fatos, mas nesse tempo a realidade epistemológica não reinava mais nas mãos de Descartes.

Edjar Dias de Vasconcelos.