O pássaro e o Rei
Por Wison Mozzer M. | 27/07/2011 | PoesiasREI:
Como podes, tu, pássaro que vôa
Sob o próprio umbigo,
Arracar-me da pena que mata aos poucos,
Quando eu, nem ao menos, consigo.
PÁSSARO:
Ó meu rei, me perdoe tais palavras,
E à essas que as trago comigo:
Não seria maior o pecado meu,
Pois julgando-as certas, calasse-me quando as digo?
REI:
Que sabes, tu, que pouco vê ?
E por quais caminhos tem andado ?
Essa gaiola é o teu único saber.
Repreenda-se, pobre animal, nem tuas asas tem falado.
PÁSSARO:
Ó meu rei, com minhas vistas posso ter.
Mas o destino nos é pesado.
Prende-se mais minhas asas na gaiola
Do que essa coroa ao teu reinado?
REI:
Minha coroa não pesa, dela tiro a terra
Que seguro em minhas mãos.
Mas não sobrecaem sob as tuas asas o vento,
Tampouco, a brisa de verão.
PÁSSARO:
Ó meu rei, de tudo quanto sei
Ainda muito há a ser acrescentado.
Se tua coroa não te pesa a cabeça,
A minha prisão, também, não me é um fardo.
REI:
O cativeiro não te preocupas ?
Ficou louco, pássaro dos Diabos?
Se quiser, mato-o agora.
Disto mesmo eu tomo cabo.
PÁSSARO:
Ó meu rei, a prisão é conhecida
E dela não me vem sobressaltos,
Mas a liberdade é uma quimera
Que solta fogo de todos os lados.
REI:
Então, te matarei, pássaro maldito.
Para que vejas mais quimeras em outros lugares.
Julgas saber mais que o rei
Que manda sob os céus e mares ?
PÁSSARO:
Ó meu rei, para mim, isso é um alívio,
Venha, mate-me de uma vez, então.
É mais fácil lidar com 10 anos de morte
Do que com um minuto de solidão.
REI:
Que bixo mais dificil esse que me foi apresentado.
Guardas! Matem esse animal insolente
Que a respeito de tudo quanto digo
Insiste em dizer não.
PÁSSARO:
Ó meu rei, a ti sou agradescido,
Pois a morte me liberta da prisão.
Morto, ainda sou mais vivo...
Vivo, nem tenho poder de decisão.
REI:
Pois então, mudo a minha opinião,
Não te saciarei com a morte que liberta
Muito menos, te darei a segurança da prisão.
Abrirei a porta da gaiola para que tu saias para tua quimera
E tenha teus 10 anos de solidão.
LIBERDADE: ....