O PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO SOCIO AFETIVO DA CRIANÇA

Por ANA PAULA DA COSTA FREITAS | 23/11/2017 | Educação

Ana Paula da Costa Freitas 1

RESUMO

O referido artigo enfatiza o papel do supervisor escolar no processo de desenvolvimento sócio afetivo da criança. O interesse pelo tema descrito se deu pelo convívio com pontos referenciais à temática durante o processo de formação acadêmica no referido curso e ao perceber que em alguns casos o papel do supervisor escolar não está diretamente ligado no desenvolvimento da criança. O problema estudado voltou-se para qual o papel do supervisor escolar no processo de desenvolvimento sócio afetivo da criança? Esse estudo objetiva-se de forma geral analisar o papel do supervisor escolar para o desenvolvimento sócio afetivo da criança, aonde se sabe que nessa etapa de vida suas habilidades encontram-se em pleno desenvolvimento de formação. A metodologia utilizada foi a revisão bibliografia pertinente ao tema sobre as concepções de Vygostsky (1989), Almeida (2001). Bittel (1982) e outros.

Palavras-Chaves: Supervisor escolar. Desenvolvimento sócio afetivo. Criança.

1 INTRODUÇÃO

 

O papel do supervisor escolar na escola poderá favorecer ao educando uma ambientação positiva e facilitadora que contribuirá para o desenvolvimento da criança de forma a contemplar os aspectos: educacional, motor, psicológico, com ênfase neste estudo o sócio afetiva.

Nesse processo, envolvem-se agentes de grande significância em seu mundo de descoberta a saber o supervisor escolar, a família e os demais profissionais da gestão são atores primordiais para o sucesso de todo esse processo. A criança como um todo necessita de cuidados cautelosos e atenção por está em fase de desenvolvimento, nesse sentido, esses dois critérios não podem deixar de se fazer presente. 

 

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1    Graduada em Pedagogia/UFMA. Pós-graduanda do Curso de Supervisão e Gestão Escolar. IES/Codó, MA. Professora dos anos iniciais.

Os desenvolvimentos sócio e afetivo da criança encontram-se tão imbricados um ao outro, a ponto de uma simples mudança circunstancial em um dos termos ocasionarem a transformação nos demais, positiva ou negativamente, a depender dos seus elementos constituidores, uma vez que, ”[...] esses aspectos são ao mesmo tempo, irredutíveis, indissociáveis e complementares, [...]”. (PIAGET, INHELDER 1990, p.24).

Conforme as palavras dos autores esses aspectos precisam ser trabalhados de forma conjunta, pois um contempla o desenvolvimento do outro e para que a criança desenvolva-se com maturidade o supervisor, a família e os demais profissionais da educação precisam abraçar a causa.

O referido artigo tem como tema, o papel do supervisor escolar no processo de desenvolvimento sócio afetivo da criança. O interesse pelo tema descrito se deu pelo convívio com pontos referenciais à temática durante o processo de formação acadêmica no referido curso e ao perceber que em alguns casos o papel do supervisor escolar não está diretamente ligado ao desenvolvimento sócio afetivo da criança.

A relevância da pesquisa gira em torno do papel desse profissional, e que envolve a família, a escola e as relações que se estabelecem entre eles, visto que uma não deve isolar-se da outra, mas envolverem-se em prol do desenvolvimento educacional da criança.

Esse estudo objetiva-se de forma geral analisar o papel do supervisor escolar para o desenvolvimento sócio afetivo da criança, aonde se sabe que nessa etapa de vida suas habilidades encontram-se em pleno desenvolvimento de formação.

Quanto aos específicos assim ficaram definidos: discutir sobre o desenvolvimento sócio afetivo da criança; identificar as estratégias utilizadas pelo supervisor escolar ao desenvolver seu papel, verificar que tipo de formação é ofertado ao supervisor escolar.

A metodologia empregada nesse estudo foi a partir de referências bibliográficas a partir da seleção da bibliografia pertinente, seguida de leituras, fichamentos e análises de autores de referência na área, como Veiga (2000), Pige (2008), Almeida (2001), Santos, (2002) e outros.

Diante do exposto a supervisão escolar em seu papel atua de maneira positiva ou negativa no processo de formação das crianças, assim podendo ser utilizado como ferramenta de interferência para que ocorra melhoria no processo desenvolvimento sócio afetivo, e formativo do educando.

2 O DESENVOLVIMENTO SOCIO AFETIVO  DA CRIANÇA

O desenvolvimento é entendido como produto de processo de organização, no qual surgem alterações em pontos de ações psicossociais ou de natureza motora, definindo as potencialidades, as opções comportamentais em cada momento da vida. Sua concepção está presente em todo o ciclo vital e relaciona-se com o desenvolvimento global dos sujeitos priorizando aspectos intelectuais, físicos, motores, sociais, afetivos e emocionais.

O desenvolvimento do ser humano se dá de forma contínua referenciando as experiências vivenciadas em cada momento da vida, atento à dinâmica social, interiorizando instrumentos e símbolos, construindo e reconstruindo conhecimentos, estabelecendo relações e mergulhando em sua cultura.

Desse modo, o processo de desenvolvimento não ocorre de maneira única e não vêm de um único ponto, fatores como a maturação biológica e o ambiente sócio-histórico se entrelaçam e promovem o desenvolvimento.

Segundo Piaget, (2008 p.248) “o desenvolvimento intelectual repousa inicialmente e antes de tudo sobre a ação e implica uma busca constante de equilíbrio entre duas invariantes funcionais inerentes à ação do sujeito, a saber, assimilação e a acomodação”, Dessa forma, algumas perspectivas ligadas à Psicologia do Desenvolvimento se diferenciam acerca do conceito de desenvolvimento e da forma como se desenvolvem as funções psicológicas, cognitivas, sociais e afetivas, entretanto, levam sempre em conta como os conhecimentos existentes em uma sociedade são adquiridos.

[...] da própria vida e de uma forma global, determina a apreensão de seu desenvolvimento em circunstâncias objetivas, isto é, como resultado da atividade subjetiva condicionada por condições objetivas [...] a personalidade de cada indivíduo, não é produzida por ele isoladamente, mas, sim, resultado da atividade social. (MARTINS, 2004, p. 85).

Partindo do princípio que nos constituímos do interpessoal para o intrapessoal. Conceituando “desenvolvimento humano” na abordagem sociocultural, este se dá pela internalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente construídas (VYGOTSKY, 1989, p.61).

Nessa abordagem, a linguagem é essencial ao processo de desenvolvimento por mediar a nossa transformação de seres biológicos em seres socioculturais. Destacando que é no processo de ensino aprendizagem que ocorre a apropriação da cultura e o consequente desenvolvimento do indivíduo.

Sisto (2001, p. 100) afirma que:

 [...] embora não exista uma concordância quanto ao papel desempenhado pelos afetos no processo de conhecer, é consenso o fato de que os estados afetivos interferem no cognitivo. Também parece haver uma certa concordância quanto ao fato de que as funções afetivas e cognitivas são de natureza distinta, embora indissociáveis, uma vez que não existe conduta afetiva sem elementos cognitivos nem tão pouco elementos cognitivos desvinculados do afeto.

Utilizando ainda a abordagem sociocultural, a família enquanto primeiro núcleo de construção de um sujeito atua de forma decisiva na educação formal e informal das crianças, estabelecendo vínculos, construindo valores, integrando a criança ao mundo adulto, mediando relações sociais e garantindo seu bem-estar. Pois, conforme enuncia Zagury (2001. p. 66), é importante que se aja com equilíbrio; exageros sempre soam de forma falsa; tanto o elogio quanto o prêmio devem ser adequados à dimensão do ato.

Nesse sentido, é imprescindível que a família seja valorizada no processo de desenvolvimento humano ao contribuírem na formação da identidade social dos indivíduos desde a mais tenra idade, dessa forma, ao analisar o processo de desenvolvimento propiciado pela família, este visa também uma formação cidadã, no sentido de constituir ações críticas, reflexivas e participativas no seio da comunidade e da sociedade em que se inserem.

Nesse sentido, Eizirik, (2001, p. 66) refere quanto à família e à escola:

À medida que os filhos crescem a família gradativamente abre-se para o mundo externo, representado principalmente pela escola. Os cuidados de filhos em idade escolar exigem da família grande coesão e organização. A escola funciona como verdadeira vitrina da família, mostrando o que está indo bem e o que está indo mal. Por isso, é natural que seja a escola quem tome frequentemente a iniciativa de encaminhar a criança para atendimento.

 Corroborando com tudo que foi dito anteriormente e destacando a importância da família enquanto unidade de ensino e aprendizagem.

De acordo com o autor nenhuma outra instituição irá substituir a família, até mesmo porque é nesse ambiente que a criança tem seus primeiros ciclos de vida e neste que vai desenvolvendo suas habilidades. Deste modo, a família precisa ser bem estruturada e equilibrada para que essa criança tenha condições de se desenvolver de forma plena, pois esse espaço é peça de alicerce.

No que tange o desenvolvimento sócio afetivo das crianças, o ambiente familiar é igualmente importante em relação à escola. Entretanto, ao considerar a família como ponto de desenvolvimento, não se pode olhá-la como atuante isolada e sim, levar em consideração as demais agências sociais inseridas nesse cenário, tais como: escola, igreja e círculo de amizades.

 

2 O PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR

 

Na formação da criança é preciso encontrar laços que propicie a união das peças de grande importância nesse processo, o supervisor escolar também tem sua parcela de contribuição auxiliando o professor na escolha dos materiais didáticos, sanando as possíveis dúvidas no exercício das atividades pedagógicas, desenvolver oficinas de aprendizado e trazendo formação continuada para que esse profissional possa exercer sua função de forma coesa e conexa.

Sobre a formação dos professores, no olhar de Almeida (2001) o papel do supervisor escolar consiste em:

Cuidar da formação e do desenvolvimento profissional dos professores. É fundamental pensar a formação como superação da fragmentação entre teoria e prática, entre escola e prática docente, de modo que as dimensões da sincronicidade possam se revelar e integrar, na compreensão ampliada de si mesmo, do processo de ensino e aprendizagem e das relações sociais da e na escola, síntese da formação e da prática docente como momentos com peculiaridades e especificidades que provocam contínua mudança nos professores e em sua prática (ALMEIDA, 2001, p. 57).

De acordo com Almeida o supervisor precisa de fato cuidar da formação dos professores para que esses profissionais não venham realizar um trabalho fragmentado e deixando o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças comprometida, uma formação de qualidade e que contemple as necessidades do trabalho do docente e a aprendizagem do aluno é indispensável.

Segundo Bittel (1982, p.5), o termo supervisor tem suas raízes no latim, onde significa “olhar por cima”. Nota-se nas palavras do autor que o supervisor não se ancora apenas nas atividades pedagógicas, ele precisa ter um olhar mais amplo sobre os acontecimentos decorrentes no ambiente escolar e que abrangem todas as atividades desenvolvidas nela e para poder solucionar os problemas, traz sugestões para o aprimoramento dos objetivos da escola ele precisa ter um olhar diferenciado e mais amplo para perceber o que está acontecendo neste ambiente.

Para Przybylski (1985, p.24) Supervisão escolar é:

 O processo que por objetivo prestar ajuda técnica no planejamento, desenvolvimento e avaliação das atividades educacionais, tendo em vista a unidade das ações pedagógicas, o melhor desempenho e o aprimoramento do pessoal envolvido na situação ensino aprendizagem.

Dentro dessa perspectiva é fundamental que o supervisor auxilie os professores a alcançar um melhor desempenho no desenvolvimento sócio afetivo da criança e na vida escolar. Nesse sentido, o supervisor escolar deve buscar estratégias conjuntas e específicas ao seu papel, que resultem em novas opções e condições de ajuda mútua. Para Medina (1997)

O papel do supervisor passa, então, a ser redefinido com base em seu objeto de trabalho, e o resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina e o aluno que aprende passa a construir o núcleo do trabalho do supervisor na escola. (MEDINA 1997, p 22).

Conforme as palavras da autora o papel do supervisor nas atribuições de suas as ações pedagógicas desenvolvidas na escola, visando essa relação pode-se desenvolver por meio de seu trabalho, o qual irá refletir no processo de ensino e consequentemente no desenvolvimento e na aprendizagem da criança.

A autora acrescenta ainda que cabe ao papel do supervisor:

Elaborar o plano do setor de supervisão, a documentação do setor, cronograma de atividades para a escola, as pautas das reuniões, controlar o cumprimento da carga horária dos professores, e as aulas dadas e previstas na grade curricular, realizar levantamentos estatísticos de rendimento dos alunos, organizar o mural da escola, controlar o preenchimento do diário escolar dos professores, providenciar substituição dos professores nos casos de absenteísmo, confeccionar material didático para os professores e entre outras [...] (MEDINA, 1997. p.19)

A intervenção pedagógica do supervisor escolar se concretiza na aprendizagem, ajudando o outro a transpor seus limites. A construção pessoal, a paciência histórica, dentro da identidade de cada ser humano, com suas limitações e seus avanços. Saber respeitar essa condição é prioridade no exercício da vivência e dos valores éticos. É no compromisso ético que se constrói cidadãos capazes de articular o pessoal e o social, construindo espaços que comportem relações humanas generosas e solidarias.

 Segundo Medina (2002, p. 87) nos aponta as propostas para uma ação supervisora renovadas:

Explicitar as contradições, trabalhando o conflito com o objetivo de estabelecer relações de trabalho no grupo da escola; Trabalhar as diferenças; Trabalhar, procurando criar demandas; Fazer a leitura da escola, considerando sua singularidade; Criar formas próprias de conhecimento; Enfatizar a produção do professor no interior da escola, num movimento de ensinar e aprender ou aprender e ensinar; Ser um problematizador; Ter o conhecimento como um dado relativo; Ver na Proposta pedagógica uma possibilidade de reconstrução da escola; Expressar com clareza o comportamento; Trabalhar, tendo em vista o sentido da vida humana.

Fica evidente nas palavras de Pires que o supervisor escolar tem inúmeras qualidades, e ao desenvolver seu papel de forma efetiva precisa envolve todos os sujeitos que fazem parte do contexto escolar promovendo um ambiente harmonioso e democrático. Nota-se que a autora deixa claro que o supervisor está diretamente ligado em colabora com o aluno, nesse caso percebe-se que esse profissional também é co(responsável) pelo desenvolvimento sócio afetivo da criança.

 E a escola como detentora do conhecimento científico deve fornecer e promover nessa relação, todo seu cabedal de conhecimento de forma que esse esforço leve em consideração os aspectos particulares da situação social e cultural ora vigente, e que influenciam de forma decisiva o equilíbrio e o desenvolvimento da criança.

Outro ponto a ser considerado nessa discussão refere-se ao conhecimento que o supervisor deve ter sobre o Projeto Político Pedagógico (PPP) documento o qual norteia todas as atividades e objetivos almejados pela escola inclusive a formação e o desenvolvimento da criança.

O Projeto Político Pedagógico dá o norte, o rumo, a direção: “Ele possibilita que as potencialidades sejam equacionadas, deslegitimando as formas instituídas” (VEIGA, 2000, p.192). Tendo a clareza da necessidade de busca-se novos horizontes uma consciência crítica, transformadora que melhore sua qualidade de ensino.

O Projeto Político Pedagógico (PPP) de uma instituição de ensino é uma ferramenta que norteia as ações política pedagógica da escola, a presença participativa da família e instituição acima mencionada em sua construção é de grande magnitude para que tenha êxito em seus objetivos. Em sua composição se faz necessário princípio de igualdade, companheirismo, estima à vida e aos direitos humanos. Para Libâneo (2003, p. 346), esse escrito: “consiste em dar um sentido, um rumo, às práticas educativas, onde quer que sejam realizadas, e firmar as condições organizativas e metodológicas para a viabilidade da atividade educativa”.

Portanto, o Projeto Político Pedagógico é um documento que reflete a escola e sua realidade, consistir em que, com tempo e as transformações que acontecem na sociedade, para que ele reflita a escola como ela é buscando qualidade de ensino e melhoria na educação.

No ponto de vista, da autora, esta faz-se uma ressalva para o fato de que a qualidade situada no desafio de dirigir os instrumentos adequados para fazer a história humana. A qualidade formal está relacionada com a qualidade política e esta depende da competência dos meios.

 

3 A FORMAÇÃO DO SUPERVISOR ESCOLAR

 

A formação é um requisito obrigatório para o exercício e prática de qualquer profissão in loco o supervisor, pois os conhecimentos adquiridos no curso de especialização serão de suma importância para o domínio das informações a serem repassadas ao professor como forma de conhecimento. Vale ressaltar, que a formação exerce uma visão primordial na disseminação do conhecimento, do despertar da consciência pertinente à inovação da supervisão escolar.

O princípio da formação pela reflexão parece o caminho ideal para os propósitos que defendemos na educação para a cidadania, ainda que tenha-se muitos outros desafios a enfrentar nesse processo. Assim, acredita-se que para que o trabalho do supervisor escolar possa surtir efeitos positivos, os professores precisam ser estimulados a atualizarem-se, com intuito de melhorarem sua atividade pedagógica, desde modo, seus trabalhos refletirão no desenvolvimento da criança o sócio e afetivo.

Segundo Santos (2002, p. 9), “[...] a denominação “especialista de educação” surgiu

com as leis 5.540/68 e 5.692/71, e as “habilitações” para formá-los, com a Resolução CFE

nº02/69. Ambas as leis foram expressamente revogadas pela Lei nº 9.394/96, a nova LDB”.

Do ponto de vista do autor a formação do supervisor está amparada e assegurada por lei. Incumbindo assim, a esse supervisor buscar a formação em curso de especialização para que possa desenvolver seu trabalho embasado dentro dos documentos legais.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, Lei Nº. 9394 de 1996, no Título VI (Artigos 61 a 67) trata da formação dos profissionais da educação.
No tocante ao Supervisor é pertinente destacar o Artigo 64:

Artigo 64 - A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação a base comum nacional. (BRANDÃO, 2007, p. 139).

Diante dessa perspectiva a formação do supervisor deve ser, portanto, sólida, fundamentalmente, dar suporte ao corpo docente e aos discentes, com uma formação especifica esse profissional garantirá mudanças de melhoria para o aprimoramento da qualidade do ensino.

 Assim, é importante destacar que o supervisor prepare-se para o diálogo aberto, acessível e sincero e que der voz e vez a toda equipe, dessa forma sabendo lidar com a diversificação de ideias e vê-las como proposta pedagógica para uma possibilidade de reconstrução da escola.

Sobre os desafios enfrentados pela escola como a desigualdade social, a diversidade, o racismo, o preconceito, a evasão escolar, o desinteresse do aluno, as drogas, a violência escolar a ausência dos valores, o desemprego, o etnocentrismo dentre outros.

  Lima (2008, p.3) explica que:
O desafio que a escola enfrenta atualmente exige dos profissionais da educação, como é colocado o supervisor, uma competência técnica e política que o habilita a participar da construção da autonomia escolar construída a partir da autonomia garantida pela lei, isso faz com que na discussão do trabalho pedagógico abram-se amplas perspectivas que estimulam e asseguram a participação de todos.

Nota-se nas palavras de Lima que são vários desafios que a escola enfrenta no cotidiano, e para sanar ou até mesmo acabar com esses percalços a formação do profissional, neste caso a do supervisor escolar se faz necessário, pois seu embasamento teórico contribuirá para o enfrentamento da prática diante de tais desafios a serem superados.

Nesse sentido, o conhecimento adquirido na formação, enriquece ainda mais o saber profissional, para atender à complexidade e à diversidade das situações que solicitam intervenções nessa etapa da educação. Kramer (1994, p. 20) diz que:

Garantir educação de qualidade para todas as crianças de 0 a 6 anos, considerando a heterogeneidadedas populações infantis e dos adultos que com elas trabalham, exige decisão política e exige, também, condições que viabilizem produção de conhecimentos, concepção, implantação e avaliação de múltiplas estratégias curriculares para as creches e pré-escolas e para a formação de seus profissionais.

Por conseguinte, é preciso que os profissionais se comprometam com seu processo formativo e busquem, reivindiquem e vivenciem a formação permanentemente.  Afinal, essa é uma oportunidade para se beneficiar com o acesso a conhecimentos, crescimento profissional e troca de experiências.

Imbernóm (2010, p. 18) confirma que: a “formação deve contribuir de forma positiva, mas que a mesma não pode se tornar padronizada, nem se basear em um modelo de treinamento pronto proposto por um especialista que não conhece a realidade do cotidiano dos educando e escola”.  E esta, deve promover aprendizagens compartilhadas, em construção de parcerias entre professores e toda comunidade, para a reconstrução do conhecimento.

Logo, a formação do supervisor escolar torna-se um imprescindível subsídio de informação, devendo estar presente continuamente. Daí, a necessidade de uma proposta de formação contínua, que contribuam com os interesses e necessidades dos supervisores, para que a mesma seja planejada sistematicamente e realizada de forma não esporádica.

É pertinente salientar que, a formação supervisor escolar partindo das possibilidades das relações dialógicas, sobretudo tendo em vista os diversos desafios escolares, tende a serem enriquecidas, contribuindo com o ensino aprendizagem, principalmente na educação infantil.

Conforme Freire (1987, p. 79).

Se for dizendo a palavra com que, “pronunciando” o mundo, os homens o transformam, o diálogo se impõe como caminho pelo qual os homens ganham significação enquanto homens. Por isto, o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consumidas pelos permutantes (...). É um ato de criação.

O conceituado autor deixa evidente o quanto se faz relevante a palavra diálogo, que a mesma está sempre dirigida a alguém ou ao próprio interlocutor, configurando-se como dispositivo de socialização e de luta, na busca de uma sociedade mais justa e igualitária

As ações de afetos se mostram nos desejos, sonhos, expectativas, palavras e gestos que cada ser humano cultiva ao longo da vida, e seus vínculos se tornam cada vez mais condição essencial para o crescimento e o desenvolvimento global da criança.   Logo, a formação do supervisor, concretizada a partir do diálogo, oportunizará a produção de importantes conhecimentos, elaborados na relação entre os diversos atores que constituem a escola.

CONCLUSÃO

O presente artigo abordou sobre o papel do supervisor escolar no processo de desenvolvimento sócio afetivo da criança. No decorrer da discussão feita pelos autores abordados ficou evidente que esse profissional tem sua parcela de contribuição no desenvolvimento dessa criança.

 Percebeu-se também para que o supervisor escolar desenvolva seu papel de forma efetiva.  A família e o professor precisam ser parceiros e trabalhar em parceria para alcançar o sucesso com essa criança. Nesse sentido, o papel do supervisor escolar no ambiente escolar é indispensável para todo o processo, pois esse profissional tem sua significância nesse ambiente.

O supervisor escolar ao desenvolver seu papel precisa ter um olhar carinhoso, amplo, crítico e acima de tudo humanizado para que consiga enxergar onde está a deficiência do aluno que está lhe impedindo de se desenvolver.

Outro esclarecimento feito pelos autores abordados direcionou-se a formação do supervisor que deve ser continua, pois como apontou a lei esses profissionais estão respaldados e precisam passar pela formação para poder auxiliar o professor no exercício de suas atividades pedagógicas e também contribuir para e no desenvolvimento da criança de forma social e afetiva.  

 Nesse sentido, no contexto educacional contemporâneo, a formação continuada do supervisor escolar ainda é a saída positiva para a melhoria da qualidade do ensino e o desenvolvimento da criança com ênfase no sócio afetivo.  Portanto, o profissional deve conscientizar-se da importância do conhecer novas práticas, no que se refere ao desenvolvimento da criança. A formação exerce uma visão primordial na disseminação do conhecimento, do despertar da consciência pertinente a inovação da prática do supervisor.

As experiências vivenciadas no movimento de construção desse documento ampliaram os horizontes e perspectivas futuras quanto à atuação no campo da supervisão, desnudaram conceitos que antes obscuro no entendimento agora claro na compreensão dá construção de meios das linhas educacionais.

 Constatou-se que a família e a escola são pontes que possibilitam ao aluno o desenvolver nos âmbitos social e afetivo. Essa interação proporciona ao mesmo condições para que haja compreensão de mundo através do ambiente e do período sem prejuízo para o seu desenvolvimento. Portanto, a participação familiar no ambiente escolar, é uma necessidade almejada por todos que fazem parte do contexto educacional, a fim de que se forme um entrelaçar pelo desejo comum desenvolvimento do aluno.

 

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