O PAPEL DE MEDIAÇÃO DO PROFESSOR COM A INSERÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

Por Bruna Carraro de Oliveira | 18/10/2016 | Educação

RESUMO

Em meio tantas mudanças, principalmente tecnológica, a escola não teria como ficar fora dessa evolução, principalmente os professores, pois os alunos já estão antenados. A sociedade tem se transformado dia após dia e como resultado, isso reflete no setor escolar. Os alunos conseguem se adaptar facilmente, e os professores também precisam acompanhar qualquer tipo de alteração.

Portanto, as novas gerações entram em um novo contexto social e precisam vivenciar de alguma forma esse contexto dentro da escola e com isso, o professor precisa dominar também o assunto para conseguir mediar. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é descrever acerca da importância do papel do professor nesse novo contexto tecnológico.

INTRODUÇÃO

A mudança é necessária para o ser humano, não podendo evitar tal situação, seja em qualquer campo ou momento. Isso precisa acontecer de acordo com o desenvolvimento da sociedade, e também é importante haver a adaptação, a fim de melhor resultado.

Porém, o pensamento e aceitação da população de antigamente e de hoje varia muito, e hoje ainda existem muitas pessoas que não aceitam e/ou não se adaptam às mudanças necessárias. Segundo Finch “a educação tem sido notável pela sua resistência às ideias pós-modernas, já que escolas e universidades têm sido tradicionalmente agentes superiores das ideias iluministas”.

Sendo assim, o papel do professor como mediador no processo escolar tem como desafio incluir ao seu trabalho as ferramentas tecnológicas, buscando aproximar os alunos aos recursos que eles gostam e tornar realidade em sala de aula, o que eles sonham fora dela.

O PROFESSOR DIANTE AS NOVAS TECNOLOGIAS

É de extrema importância o professor se apropriar do que ele planejou e vai passar para seus alunos. Ele precisa estar preparado e saber perfeitamente o que está fazendo, sendo assim, passará confiança aos seus alunos, pois se eles sentirem que algo está mal planejado, eles aproveitam da situação e fazem de tudo para não dar certo. E, claro, não podemos “dar esse mole”.

     As novas tecnologias nos dão diversas opções de pesquisa, atividades e encaminhamentos, porém, muitos deles não são confiáveis, por isso a necessidade do planejamento, auxílio do professor e a utilização adequada para aprimorar o processo de ensino e aprendizagem. Não basta usar as novas tecnologias e continuar passando atividades tradicionais, precisa-se também passar atividades diferenciadas, que faz o aluno pensar e transformar aquele aprendizado em significado para ele. As novas tecnologias vêem para auxiliar, acrescentar e não substituir nenhum outro recurso.

Será muito mais divertido e prazeroso se realmente existir uma troca entre professor e aluno atuantes, fazendo com que desencadeie o processo de ensino aprendizagem significativa. O professor precisa se aproximar do aluno e motivá-lo todos os dias. Moran já discute sobre esse distanciamento atual entre professores e alunos: “ensinar com as novas mídias será uma revolução se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos.”. (MORAN, 2000, p. 63).

Oliveira diz que:

Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos fatores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com o indivíduo) e dos processos de maturação do organismo, independentes da informação do ambiente (a maturação sexual, por exemplo). Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. (...) o conceito em Vygotsky tem um significado mais abrangente, sempre envolvendo interação social.

É de extrema importância o acompanhamento do professor nas atividades propostas, principalmente no meio tecnológico, onde não podemos confiar em tudo que está disponível. Mas os professores não precisam e não podem ficar com receio ou com preguiça de orientar e controlar o uso, pois quando o aluno faz aquilo que gosta, ele consegue maior concentração e aquilo se torna prazeroso e atrativo, sendo assim, professores precisam prender a atenção deles, tornar o ensino lúdico, levar os alunos às realidades de cada um, para assim conseguir puxá-los ao processo de aprendizagem tão difícil atualmente. E a tecnologia é uma ferramenta poderosa, pois tem feito muito sucesso com todos, principalmente adolescentes e jovens. E Carvalho acrescenta a ideia de Oliveira: 

 (...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante.  

Carvalho acrescenta, mais adiante:

(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo. 

Nessa perspectiva, segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30, v.01):

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas.

O papel principal do professor, acima de tudo será o ensinar e educar, e isso está relacionado aos sentimentos, quando existe uma boa convivência e um bom relacionamento no processo educacional, existe também um melhor rendimento. Professores precisam deixar se relacionar aos alunos, não podem querer ser fechados e ser “mandões”, aquele estilo de quartel, todos sérios, quietos, isso já passou, o tempo agora é inovação, alegria, transformação e acima de tudo o amor pela profissão e pelos alunos que talvez só tem atenção daquele professor, em casa não tem atenção de ninguém.

Sabemos que hoje em dia, a escola é muito mais que ensinar, também é família, psicóloga, médica, etc. Ela faz o papel de várias profissões, para assim conseguir cuidar um pouco mais de crianças e adolescentes que precisam de uma atenção especial, e o professor é o principal para identificar as defasagens individualmente dos alunos, para assim a escola poder tomar alguma decisão ou iniciativa.

Pode-se dizer que o papel do professor vai além do ensinar, dominar seu conteúdo, controlar seus alunos e cuidar de uma sala de aula. Por isso, ele também precisar saber lidar com as novas tecnologias, para assim mediar o uso dentro e fora da sala de aula, auxiliando-os pelo melhor caminho trilhar e aos poucos resgatando todas as crianças, adolescentes e jovens do caminho ruim e rebelde com relação aos estudos. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Percebe-se que a utilização da tecnologia se tornou uma das ferramentas mais eficientes e facilitadoras no processo de ensino aprendizagem, despertando o interesse e o desenvolvimento da autonomia dos discentes. Nota-se que o ambiente virtual é capaz de possibilitar aulas mais interessantes e prazerosas, fazendo com que o real seja um dos pontos mais importantes e utilizados nas aulas, saindo da teoria e partindo para a prática. Por isso, está ocorrendo uma valiosa contribuição da tecnologia ao ensino em geral, promovendo uma obtenção significativa de competências e habilidades.

Portanto, os docentes não podem desperdiçar esse benefício, precisam unir forças entre os componentes do corpo escolar, para assim potencializar o uso da tecnologia com o objetivo de contribuir cada vez mais para um melhor aprendizado.

Sendo assim, não há mais como negar os benefícios que as tecnologias podem oferecer, principalmente no campo educacional, e os professores precisam perder a resistência, achando que será substituído, e sim acompanhar a evolução e se tornar “tecnológico”, planejando a utilização de forma fantástica para atrair ainda mais os alunos.

E finalizo com um pensamento maravilhoso de Gonzaga:

 (...) a essência do bom professor está na habilidade de planejar metas para aprendizagem das crianças, mediar suas experiências, auxiliar no uso das diferentes linguagens, realizar intervenções e mudar a rota quando necessário. Talvez, os bons professores sejam os que respeitam as crianças e por isso levam qualidade lúdica para a sua prática pedagógica.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2.

CARVALHO, A.M.C. et al. (Org.). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca.São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992.

FINCH, A. E. The postmodern language teacher: The future of task-based teaching. Março, 2006.

MORAIS, Ana Maria Galeazzi. A importância do brincar no desenvolvimento infantil. Disponível na Internet via: http://www.tribunaimpressa.com.br/Conteudo/A-importancia-do-brincar-no-desenvolvimento-infantil,771,778. Arquivo capturado 26 de maio de 2009.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1997.

OLIVEIRA, Vera Barros de (org). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. 5 ed.  Vozes, Petrópolis, 2002.

VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. 6ª ed. São Paulo, SP. Martins Fontes Editora LTDA, 1998.

VYGOTSKY, L.S; LURIA, A.R. & LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.

ZANLUCHI, Fernando Barroco. O brincar e o criar: as relações entre atividade lúdica, desenvolvimento da criatividade e Educação. Londrina: O autor, 2005.