O PAPEL DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE INCLUSÃO

Por Leila Bambino | 01/10/2010 | Educação

Sou educadora especial. Acredito nas pessoas Portadoras de Necessidades Educativas Especiais.
Quando bem trabalhadas e estimuladas conseguem avançar em muitos sentidos. Tenho experiência que isso ocorre e sei em que situações ocorrem.
Quando recebemos uma criança com algum tipo de necessidade especial vem o desespero, o medo de não saber lidar com a situação, as famosas perguntas: "Porque eu?", "O que será dele (a) quando crescer?", "E quando eu vier a faltar, quem irá cuidar?" e por aí afora... As dúvidas parecem não ter fim, mas com o passar do tempo fica apenas uma certeza: Preciso fazer o melhor para que esta criança se torne independente e possa ser inserida na sociedade, sempre levando em conta suas limitações e focando nas POSSIBILIDADES.
Como afirmei anteriormente, tenho experiência nesta área e durante anos convivi com muitas situações difíceis. Por esta razão senti necessidade de escrever este texto, enaltecendo o Papel da Família em todo este processo.
Não importa o poder aquisitivo, embora este ajude muito na hora de ir à busca de uma equipe multidisciplinar para atender aquela criança. Dependendo da necessidade serão fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicopedagogos, neurologistas, psicólogos, uma verdadeira odisséia que parece não ter fim... O que realmente importa é ACEITAR aquela criança, perceber suas diferenças, investir nas suas possibilidades e amá-la incondicionalmente.
Amar não é sinônimo de falta de limites, sentir piedade, deixar fazer o que quer, afinal, é "doentinha" e não entende nada mesmo! Isto é uma das grandes razões pelas quais as crianças acabam se sentindo "diferentes" e se aproveitam da sua condição, tornando-se malcriadas e indesejáveis.
Muitas famílias têm um grande poder aquisitivo, mas falta-lhes algo que não se compra: ACEITAÇÃO! Já me deparei com várias falas de pais: "Ah, ele é ?bobinho? mesmo, nunca vai dar em nada!", "Investir para quê, nunca será nada na vida!", "Não vou jogar dinheiro fora, ele (a) nem entende o que está acontecendo!", "Estes profissionais querem é ganhar dinheiro fácil"...
Enumeras vezes encaminhei crianças para atendimento fonológico, pois sua fala era bastante comprometida e nada foi feito. Os pais cobravam atitudes de respeito de todas as pessoas, exigiam todos os seus direitos, mas agiam de maneira negligente com seu próprio filho.
Como profissional me senti por diversas vezes de mãos atadas, pois o que na verdade os pais queriam não era uma educadora especial e sim uma cuidadora, que ficasse com seu filho por algumas horas, talvez para que eles (pais) pudessem descansar.
Enquanto não existir uma mudança de postura por parte da família, escola e sociedade frente à inclusão, esta não se tornará algo com que possamos nos orgulhar.
Enquanto não investirmos nas POSSIBILIDADES das nossas crianças que um dia se tornarão jovens e adultos a inclusão permanecerá apenas no papel.

Leila Bambino
Educadora Especial e Psicopedagoga Clínica
leilabam@terra.com.br