O PAPEL DA ESCOLA NA PROMOÇÃO DA CULTURA LOCAL

Por IVO ERNESTO SEMPRE | 27/12/2022 | Educação

O PAPEL DA ESCOLA NA PROMOÇÃO DA CULTURA LOCAL

Ivo Ernesto Sempre1

Rodrigues de Castro – Terequela2

Resumo:

O objectivo da pesquisa é compreender o papel da escola na promoção da cultura local tendo em conta que o distrito de Muecate é um potencial mosaico cultural nas expressões artísticas de canto e dança tradicional, locais históricos, a gastronomia típica da região, a indumentária histórica, objectos de torno, entre outros. Pratica-se frequentemente a educação tradicional vulgo ritos de iniciação “imuali” femininas e “massoma” masculinos como uma fase de passagem da criancice à fase adulta. O culto de “makeya” e das religiões são uma identidade cultural e costumeira. Os Programas de Ensino abrem espaço de 20% dos conteúdos programáticos do nível local para serem leccionados nas escolas. No entanto, algumas escolas incluem-os nos seus planos analíticos outras não por vários factores. O estudo foi feito no SDEJT de Muecate com o foco nas escolas do Distrito.

Palavras-chave: cultura, educação e escola

 

Abstract:

The objective of research is to understand the role of the school in promoting local culture considering that the district of Muecate is a potential cultural mosaic in the artistic expressions of traditional singing and dance, historical places, the typical gastronomy of the region, the clothing historical, lathe objects, among others. The traditional vulgar education rites of female and “massoma” “imuali” initiation is practiced as a phase of passage from child to adulthood. The cult of “makeya” and religions are a cultural and usual identity. Teaching programs open 20% of local -level programmatic content to be taught in schools. However, some schools include them in their analytical plans others not by various factors. The study was done at Muecate SDEJT with a focus on district schools.

Keywords: culture, education and school

 

1. Introdução

O presente artigo é de carácter científico e tem como tema o Papel da Escola na promoção da cultura local, o qual foi desenvolvido no distrito de Muecate no período de 2019 a 2022. Nele, pretendemos compreender o papel da escola na promoção da cultura local tendo em conta que o mundo de hoje vive de uma globalização holística que de certa forma influencia na extinção de certos hábitos e costumes culturais do nível local. No entanto, o Distrito é um forte potencial mosaico cultural. Nesta ordem de ideias, o estudo mostra que certos valores culturais tendem a extinguir-se devido a influência da moda estrangeira e este fenómeno é agravado pelo facto das escolas não promoverem certos hábitos da cultura local condicionados pelas medidas de restrição da COVID-19, de contenção de custos e falta de vontade, criatividade e proactividade dos gestores escolares e outros intervenientes do processo de ensino-aprendizagem. Com vista a efectivação da pesquisa foram usadas as metodologias de estudo de campo de natureza qualitativa coadjuvadas pelas técnicas de entrevista aos técnicos do Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia de Muecate, Membros de Conselhos de Escolas de “3 de Setembro”, Muecate-sede e Jardim, e Líderes comunitários e religiosos da Vila Sede como forma de aferir o grau da veracidade. Para melhor compreensão o trabalho apresenta a estrutura Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.

2. MARCO CONCEITUAL

Neste capitulo, tratamos de forma circunstancial as palavras-chave cujas serviram de suporte técnico-científico para a compreensão dos fenómenos que interferem no desenvolvimento da cultura local e forma especifica no processo de ensino-aprendizagem.

2.1. Cultura

Segundo Bourdieu (2007) a cultura é “um certo ethos sistema de valores implícitos e profundamente interiorizados, que contribui para definir, entre coisas, as atitudes face ao capital cultural e a instituição escolar” (p. 41).

Para Albuquerque (2009) a cultura “é o conjunto formado por nascimento, posição social, educação e criação que se trataria em ideias e comportamentos” (p. 224).

Taylor diz que a cultura é todo aquele complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, todos outros hábitos e capacidades adquiridas pelo Homem como membro de uma sociedade.

Face aos estudos feitos verificou-se que o distrito de Muecate goza de uma diversidade mosaico cultural entre expressões artísticas tais como:

a) Dança tradicional: que é constituído por 34 grupos de Incherepele, Ithahura, Mutuante, Xilema, Eremítica, Narrata, Namorei, Wachala, “Madjine”, Elata, Exillema, Erenkeya, Washala, Nampaphi; 9 grupos de teatro; 6 de poesia; 5 de canto coral; 8 de artesanato, 30 canto da música moderna e Jogos tradicionais (Muxua, xuwariwa, Mpale).

b) Na gastronómica típica: é composta por fava em pedra com xima de karakata, folhas de feijão com karakata, folhas de mandioqueira temperado com amendoim, tomate assado com celeste, peixe de água doce com celeste, carne seca tocossada 3 https://pt.m.wikipedia.org/wiki/cultura 3 com xima de milho pilado, pastés temperado com amendoim com molho de tomate acompanhado com qualquer xima.

c) O grau de parentesco: obedece a dois níveis caracterizados por: Clã que é constituido por: Lapone, Male, Selege, Mirasse, Mulima, Marrevone e Lucase; e a de linhagem que é matrilinear.

d) Hábitos e costumes: a população acredita na existência de uma força sobrenatural que está ligada aos destinos das comunidades a destacar: chuva, sorte, morte, luz e vida. Nesta senda, a maioria prática a religião “Africana” mais conhecida por “animista” (obscurantismo) vulgo makeya em que as populações crêem que os seus antepassados têm poderes divinos para ajudar os vivos a superar as crises e dificuldades.

e) O Culto: O Distrito possui 127 igrejas, 71 mesquitas e 13 locais históricos sendo os mais destacados os de Cavala, Mutothowana, Pwiamwene e Shobra.

Nesta ordem de ideias, algumas escolas nos planos analíticos na componente do currículo local equivalente a 20% dos conteúdos nacionais incluem: os jogos tradicionais, canto e dança e a gastronomia como forma de promover a cultura local mas não fazem viagens de estudo como nos remete Bourdieu (2007), que “a herança cultural da escola e da família contribuem no êxito escolar da criança” (p. 42). E se abstém da religião uma vez que a Constituição da República no seu nº 1 do artigo 12 da lei nº 1/2018 de 12 de Junho defende que “A República de Moçambicano é um Estado laico”.

2.2. Educação

Segundo Durkheim (2007)

A educação é a acção exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que ainda não estão maduras para a vida social. Tem por objecto suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e morais que lhe exigem a sociedade política no seu conjunto e o meio ao qual se destina particularmente (p. 53).

Educação “é a acção que as gerações adultas exercem sobre as gerações jovens, orientando sua conduta, por meio da transmissão do conjunto de conhecimentos, normas, valores, crenças, usos e costumes aceitos pelo grupo social” (Haydt, 2011, p. 12).

Para Libâneo (2013) a Educação “compreende os processos formativos que ocorrem no meio social, nos quais os indivíduos estão envolvidos de modo necessário e inevitável pelo simples facto de existirem socialmente” (p. 15).

Nesta ordem de ideias descordamos com o pensamento de Haydt ao considerar que a educação é a acção que é exercida pelas gerações adultas sobre as gerações mais jovens porque ela pode ser também exercida pelos jovens sobre os adultos tendo em conta que a criança/jovem não é uma tabua rasa. Portanto, ela também é dotada de conhecimentos sólidos e significativos que podem ser transmitidas aos adultos ou consolidadas por eles.

2.2.1. Tipos da Educação

Existem dois tipos de educação: intencional e não intencional.

2.2.1.1. Educação Intencional

Segundo Manhiça, Tumbo e Jorge (2012), a Educação Intencional “é aquela que é dirigida para um fim previamente estabelecido, com alguma intensão ou propósito, implicando objectivos político-ideológicos e socioculturais explícitos” (P.12).

2.2.1.2. Educação Não-Intencional

De acordo Manhiça, Tumbo e Jorge (2012), a Educação Não-Intencional “é aquela que tem um fim socializador do indivíduo seus objectivos são espontâneos e ilimitados em termos de tempo, local e momento de ocorrência” (P.13).

Nesta ordem de ideias, as duas formas de educação (intencional e não intencional) tem o propósito comum de moldar o Homem capas de prospesperar, influenciar de forma positiva e servir a sociedade de hoje e do amanhã nas diversas esferas.

2.2.2. Modalidades da Educação

Existem três modalidades da educação a destacar: Educação Formal, Educação NãoFormal, e Educação Informal.

2.2.2.1. Educação Formal

Na perspectiva de Manhiça, Tumbo e Jorge (2012) a Educação Formal “é aquela que é oferecida em instituições convencionais e oficialmente acreditadas para ministrarem o ensino nos níveis primário, secundário, técnico-profissional e superior” (P.12).

2.2.2.2. Educação Não-Formal

“Compreende aquelas actividades educacionais que possuem baixo grau de estruturação e sistematização (Manhiça, Tumbo e Jorge, 2012, P.12).

5 2.2.2.3. Educação Informal

“É o processo contínuo de aquisição de conhecimentos e competências que não se localizam em nenhum quadro institucional” (Manhiça, Tumbo e Jorge, 2012, P.13).

As três modalidades do processo educativo (formal, não formal e informal) divergem nas formas de abordagem mas convergem no foco que é uno e indissociável que consiste em formar e informar a sociedade que possa dar continuidade das acções de hoje contribuindo assim para o desenvolvimento do País e no crescimento da sociedade em particular.

2.2.3. Educação tradicional

Segundo Manhiça, Tumbo e Jorge (2012), a educação tradicional “é aquela em que os seus membros ou praticantes partilham, de geração em geração, valores, símbolos, ideias, objectos, costumes, hábitos, sentimentos, práticas e demais significados visando a perpetuação e continuidade da cultura de forma individual ou colectiva” (p. 17).

2.2.4. Ritos de iniciação

Medeiros (2007), os ritos de iniciação são conjunto de práticas rituais que socialmente marcam a passagem da criança masculina ou feminina para a idade adulta.

Para Martinez (2009) os ritos de iniciação apresentam-se em três dimensões:

Os ritos de iniciação são, em primeiro lugar, ritos de separação, com os quais o indivíduo abandona o seu anterior estado social, a infância; em segundo lugar, são ritos liminares, pelos quais o indivíduo vive uma particular transformação da sua personalidade em clima de separação física e social; e, em terceiro lugar, são ritos de incorporação na situação normal da sociedade, pelas quais o iniciado ao deixar atrás de si o período marginal e ambíguo se agrega a vida social, na nova condição de adulto, membro da comunidade para todos os efeitos (p. 94).

A comunidade do distrito de Muecate pratica a educação tradicional de diversas formas: através dos ritos de iniciação (feminino e masculino) vulgo imuali e massoma respectivamente cujos ocorrem a qualquer período do ano o caso dos femininos e no final do ano para os masculinos. Neste processo, a educação é feita de acordo o definido por Martinez. E, é através da herança cultural que consiste na transmissão de hábitos, costumes e valores (contos, cultos africanos, a superstição, a gastronomia, a indumentaria, entre outras formas. As escolas promovem a socialização, o conhecimento científico, o respeito ao próximo, a Pátria e aos símbolos nacionais e protegem a identidade cultural mas não 6 interferem de modo nenhum nas questões tradicionais em particular os ritos de iniciação por serem aspectos meramente da liderança tradicional.

Os ritos de iniciação sejam eles masculinos ou femininos, constituem uma ameaça para o sector de educação (no aumento ao absentismo escolar); na sociedade (no aumento das uniões precoces e das taxas de natalidade e mortalidade infantil); e outros sectores sociais. No entanto tem o seu lado positivo muito em particular na higienização dos rapazes, no incremento do respeito em alguns casos, as boas formas, tratamento e práticas de marido – mulher; o aumento dos lábios vaginais para agradar o homem; a mudança de mentalidade e consequentemente a entrada na vida adulta onde as mulheres entrar no mundo de experimentação do sexo gerando em alguns casos uniões precoces.

Face as prováveis consequências para o sector de educação e outros, propõe-se que os ritos de iniciação femininos e masculinos sejam realizados no período de interrupção lectiva anual e a idade seja de 18 anos no mínimo para as meninas e 6 anos no mínimo para os meninos. Os padrinhos e madrinhas sejam pessoas idóneas e cultas. E a educação seja relevante e construtivas para o bem-estar da sociedade de modo a reverter o senário actual.

2.3. Escola

Na perspectiva de Óscar (2007), a escola é o lugar onde se reproduz e se legitima a ordem social; Ou um mediador dum sistema de formação de saberes disciplinares e de “estruturação” das condutas (dos actores sociais em presença) em torno de valores referenciados a campos mais vastos da realidade social.

Segundo Varela (2011, P.34)

“A escola é uma organização peculiar constituída por um conjunto de agentes educativos, integrados em órgãos e estruturas apropriados, que, sob a direcção dos respectivos líderes, actuam de forma coordenada e utilizam de modo eficiente e eficaz os recursos e meios disponíveis, com vista à prestação de um determinado serviço educativo que corresponda à sua missão e satisfaça, em cada contexto, às demandas da sociedade em que se encontra inserida”.

Nas escolas visitadas verifica-se uma inter-relação entre os intervenientes do Processo de Ensino-Aprendizagem (PEA), isto é, existe uma relação entre Escola, Comunidade, Alunos, Professor, Direcção, e vice-versa. Isto, é notório na participação comunitária nas actividades curriculares e co-curriculares através dos conselhos de escolas e outros intervenientes do PEA no concernente a assiduidade e pontualidade nas actividades da escola, como nos remete Óscar ao considerar que a escola é o lugar de socialização e troca de culturas. No  entanto verifica-se a fraca colaboração dos pais e ou encarregados da Educação (artesão) com maior domínio de artes e ofícios no PEA de conteúdos do currículo local que os professores menos dominam.

2.4. A relação entre a cultura, educação e escola no contexto local

Algumas escolas do Distrito inscrevem nos planos analíticos os conteúdos do currículo local (20% do currículo nacional) e outras não. Mesmo assim, algumas das que planificam, outras implementam e outras não. Ainda mais, há casos em que implementam e não planificam.

As escolas do Distrito não realizam visitas de estudo aos locais históricos, formações montanhosas, recursos hídricos entre outros, não praticam actividades culturais/recreativas promovidas pela escola facto que poderia incrementar o aprendizado dos alunos.

Os alunos não aprendem a cozinhar na escola somente nas aulas de gastronomia são obrigadas as crianças a trazerem produtos de casa confeccionados e prontos para o consumo e no final da aula servem para o lanche dos professores não contribuindo desta feita para o melhor aprendizado da gastronomia e a educação alimentar pela prática.

A indumentária é garantida pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano ao nível interno da escola através do novo modelo de uniforme pese embora não seja aplicável para todas escolas muito em particular as das cinturas “verdes”. No entanto, fora das escolas não se faz sentir uma indumentária discente visto que as crianças apresentam-se mal na rua e isso é reflexo da fraca educação cultural das boas maneiras de vestir a partir de casa e a escola apesar do fenómeno da globalização que "colonizou" o mundo de hoje.

Nas aulas de Ofício por exemplo, os alunos aprendem a teoria e a leitura de imagem que constam nos manuais dos alunos e depois são orientados a trazerem objectos prontos (vassouras, maquetes de barro e caniço por exemplo) em detrimento de uma oficina pedagógica onde os alunos poderiam aperfeiçoar a teoria e a prática.

Os fenómenos acima contradizem o previsto no Programa Quinquenal do Governo (PQG) 2020-2024 na prioridade 1 "desenvolver o capital humano" e objectivo estratégico 1 "promover a qualidade de ensino" que tem como foco a educação inclusiva e a profissionalização do ser humano de modo a garantir a inserção de todos no meio social e mercado de emprego e auto-emprego para a vida social.

No entanto há dificuldades de implementação de políticas de operacionalização dos planos e programas do Governo para o meio social e a promoção do capital cultural que segundo  Bourdieu (2007), que considera que “uma criança culturalmente baixa tem maior probabilidade de ter êxito escolar baixo e uma criança com um nível cultural alto tem maior probabilidade de ter êxito escolar alto” (p. 41).

Presume-se que estes fenómenos são condicionados pelos seguintes factores: internos e externos a destacar:

a) Factores internos: Entre os vários factores destacam-se os seguintes:

1. Humanos: pela insuficiência e ou fraca preparação teórico-científico e técnicoprático dos professores como nos remete Libânio (2013) que a preparação… outrossim pela fraca capacidade inovadora, criatividade e proactividade dos professores (p. 26).

2. Materiais: este fenómeno é associado a fraca gestão dos fundos de ADE e a falta de criatividade dos alunos, professores, pais e ou encarregados de educação, o Conselho Pedagógico, a direcção da escola e conselho de escola (órgão máximo).

3. Financeiros: o Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano define políticas educacionais ambiciosas mas não cria condições financeiras para a sua operacionalização ao nível da base.

4. Político: este factor é pela fraca definição de estratégia de implementação, supervisão das actividades curriculares e extracurriculares por parte do Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia em especial as Repartições de Educação Geral (REG) e da Repartição de Cultura, Juventude e Desportos (RCJD).

b) Factores externos

Entre vários, constituem factores externos os seguintes:

1. A globalização holística: a mudança no modo de fazer, ser e estar no que se traduz em:

  •  Na gastronomia típica era: feijão fava com xima de karakata, folhas de feijão com karakata, folhas de mandioqueira temperado com amendoim, tomate assado com celeste, peixe de água doce com celeste, carne seca tocossada com xima de milho pilado, pastés temperado com amendoim com molho de tomate acompanhado com qualquer xima) hoje a situação plautinamente está mudar para: massas esparguete, arroz e chima de milho industrial com peixe ou frango geneticamente modificados. 
  • Na Indumentária: a capulana amarada na cintura, a blusa de mangas normais acompanhada com lenço na cabeça, a trança do cabelo natural era uma identidade cultural da mulher de Muecate, o calção ou calças, a camisa ou camiseta de mangas normais, cabelo fino era uma identidade do homem mas hoje o homem trança o cabelo ou faz cortes assustadores, a mulher usa calças, faz cortes diversificados, não faz a trança de cabelos natural mas sim de mechas, tissagens, perucas, calções curtos e se for a usar saias tem sido curtas e de rachas grandes com o silogam “deixa homem sofrer”, montam unhas e sobrancelhas artificiais entre outras modificações culturais;
  • Na dança tradicional: nos tempos áureos, dançava-se Elata, Nsherepele, Naruta, Exilema, Erenkeya, Washala, Nampaphi mas hoje, é o Kuduro e a marabenta e tudo de “playback” nos rádios e vulgo Bluetooth com Cartão de memória ou Flash. Nas grandes festas são usadas colunas de grande potência com um computador, amplificador e misturador de som.
  •  As políticas internacionais: o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial interferem directa ou indirectamente nas políticas de Governação devido o seu capital económico, isto é, impõem as suas regras como requisito do seu financiamento no sector de educação.

Face a estes dois factores, há necessidade imperiosa de definição de estratégias específicas e concretas de resgate da nossa identidade e mosaico cultural sob risco de continuarmos vivendo económica, política e culturalmente colonizados.

CONCLUSÃO

Algumas escolas do Distrito inscrevem nos planos analíticos os conteúdos do currículo local (20% do currículo nacional) e outras não. Mesmo assim, algumas das que planificam, outras implementam e outras não. Ainda mais, há casos em que implementam e não planificam. Nesta senda, algumas práticas estão em vias de extinção principalmente a gastronomia, canto e dança tradicional e a indumentária, facto provado nas escolas e locais de convívio onde o canto e a dança é por “playback”, a indumentária é moda estrangeira. Outrossim constatou-se que há fraca promoção da cultura local nas escolas devido as restrições impostas pelos factores internos e externos principalmente os humanos, materiais, financeiros, políticos e globalização. Neste contexto, a globalização constitui uma grande ameaça à cultura local quanto haver uma fragilidade nas políticas governamentais, os gestores escolares, a liderança tradicional e religiosa e a sociedade civil mais experientes em transmitir as boas práticas às gerações vindouras. Cabe a escola garantir a promoção da cultura local.

Bibliografia

Albuquerque Júnior, Durval Muniz de. (2009). A invenção do nordeste e outras artes. Cortes Editora. São Paulo.

Bourdieu, Pierre. (2007). Escritos de Educação. Vozes Editora. Petrópolis.

Haydt, Regina Célia Cazaux. (2011). Curso de Didáctica Geral. (1ª edição). Ática Editora. São Paulo;

Informação disponível em https://pt.m.wikipedia.org/wiki/cultura e explorada no dia 9 de Junho de 2022, pelas 23:47 horas.

Libâneo, José Carlos. (2013). Didáctica. (2ª ed.). Cortez editora, São Paulo;

Manhiça, Carlos, Tumbo, Luís e Jorge, Rosalina. (2012) Módulo de Psicopedagogia Formação de Professores do Ensino Primário. Maputo Martinez, F. L. (2009). O Povo Macua e a sua Cultura. (3ª Edição): Paulinas Editorial. Maputo.

Medeiros, E. (2007). Os senhores das Florestas: Ritos de Iniciação dos rapazes macuas e Lomues. (1ª edição). Centro de estudos Africanos. Maputo.

Moçambique, Assembleia da República (2018) Constituição da República de Moçambique. (I Série nº 115) Imprensa Nacional. Maputo.

Moçambique, Assembleia da República (2020) Programa Quinquenal do Governo 2020 – 2024. (I Série nº 70) Imprensa Nacional. Maputo.

Varela, Bartolomeu. (2011) Manual de Administração Educativa (2ª edição) Praia: Universidade de Cabo Verde

 

1 Licenciado em Informática com habilidades de manutenção de equipamento e sistema informático, professor, exercendo as funções de planificador no SDPI. Muecate. Email: sempre@sapo.mz.

2 Licenciado em pedagogia com especialização em Psicopedagogia e Planificação Coordenação e Administração Escolar, professor, exercendo as funções de planificador Distrital na RPDL- Muecate. Email: terequela5@gmail.com.

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